Cidade Tiradentes, São Paulo-SP
Cidade Tiradentes, São Paulo-SP
Livros
Metodologia de pesquisa em estudos urbanos: procedimentos, instrumentos e operacionalização (2022)
Eda Maria Góes; Evaraldo Santos Melazzo (Orgs.)
A diferenciação socioespacial em cidades brasileiras vem se aprofundando. Aponta para a constituição do processo de fragmentação socioespacial no plano da cidade e do urbano e redefine os sentidos do direito à cidade. A partir desta problematização foi formulado o Projeto Temático Fragmentação socioespacial e urbanização brasileira: escalas, vetores, ritmos, formas e conteúdos (FragUrb), coordenado pela Profa. Dra. Maria Encarnação Beltrão Sposito, aprovado pela Fapesp em 10/2018. Com foco nas cidades de Mossoró/RN, Marabá/PA, Ituiutaba/MG, Ribeirão Preto/SP, Presidente Prudente/SP, Maringá/PR, Dourados/MS, e Chapecó/SC e duas áreas da metrópole paulista: Cidade Tiradentes/SP e Bairro dos Pimentas em Guarulhos, o Projeto foi organizado articuladamente em quatro planos analíticos (1: Centro, centralidade, policentralidade e mobilidade; 2: Práticas espaciais e cotidianos, 3: Espaços públicos e 4: Produção e consumo da habitação), cinco interdependentes dimensões empíricas (habitar, trabalhar, lazer, consumo e mobilidade) e seis frentes metodológicas (1. Grupos focais, 2. Entrevistas com citadinos e agentes bem-informados, 3. Percursos e suas representações [casa trabalho casa, em espaços públicos e diários registrados], 4. Netnografia e análise de redes sociais, 5. Banco de dados e 6. Cartografia). É com o foco na elaboração do trabalho em cada uma destas frentes metodológicas, de maneira articulada àqueles quatro planos analíticos e às cinco dimensões empíricas, que é estruturado este livro, apresentando o fazer da investigação em relação aos desafios de elaborar as mais adequadas perspectivas operacionais, construir instrumentos, aplicá-los e avaliá-los, validando-os ou adaptando-os.
Trabalhos completos publicados em anais de eventos
XX ENANPUR (2023)
Este artigo apresenta uma introdução à análise das práticas cotidianas de mobilidade e consumo em dois contextos específicos da periferia da Região Metropolitana de São Paulo: Cidade Tiradentes, na capital paulista, e Pimentas, em Guarulhos. Fruto de uma pesquisa em andamento, este trabalho preliminar recorreu especialmente a um conjunto de entrevistas com citadinos para compreender, dos discursos e experiências destes últimos, os indicativos do processo de fragmentação socioespacial. Em decorrência das precárias condições de mobilidade urbana e da lógica dual centro-periférica, que dirigiu a produção do espaço metropolitano, o apartamento material e simbólico das periferias tornou-se, dialeticamente, propulsor de gradativas alterações e complexificações socioespaciais. Neste sentido, constata-se a redefinição do então padrão monofuncional de cidades-dormitório a partir, por exemplo, da (re)produção de shopping centers, da segmentação do consumo e do estabelecimento progressivo de grandes redes de fast-food, supermercados, farmácias etc. também nas periferias. Consequentemente, os lugares e os tipos de consumo, em maior proximidade com o local de moradia dos citadinos, ganham um progressivo protagonismo na transformação dos espaços de circulação e frequentação nos bairros e distritos periféricos, tais como Cidade Tiradentes e Pimentas.
XVII SIMPURB (2022)
A condição de mobilidade no cotidiano periférico na cidade de São Paulo - SP
Karina Malachias Domingos dos Santos
Com este texto temos como objetivo refletir analiticamente sobre a mobilidade como componente da produção do espaço e dimensão do cotidiano. Pela leitura da Cidade, desde o processo de fragmentação socioespacial, compreendemos como múltiplas facetas do cotidiano podem ser desveladas pelo que Mares e Whitacker (2019) definiram como condição de mobilidade. Essa discussão é feita desde a periferia da metrópole de São Paulo, analisando-se a mobilidade urbana, os deslocamentos e os percursos urbanos de sujeitos moradores dos distritos de São Mateus e Cidade Tiradentes, localizados na Zona Leste da Cidade de São Paulo. A metodologia empregada consiste em entrevistas semiestruturadas e em percursos acompanhados de sujeitos-tipo pré-definidos.
XXI Semana de Geografia da FCT - UNESP (2021)
Fragmentação socioespacial e mobilidade: Cidade Tiradentes na Região Metropolitana de São Paulo
Renata Cristina Rizzon e Alejandro Morcuende
TCCs
Considerando a condição periférica, decorrente da localização da habitação dos citadinos no espaço urbano, associada às condições de desigualdade e segregação socioespacial, esta monografia possui o objetivo de verificar a existência do estigma territorial em Cidade Tiradentes, periferia do extremo leste do município de São Paulo, assim como a construção das particularidades de seus conteúdos. Por meio de metodologia qualitativa, realizamos o levantamento e a revisão bibliográfica acerca do estigma, incorporamos a ele a abordagem territorial, considerando a importância da distância da moradia de certos grupos de citadinos em relação a outros, o que rebate negativamente nos usos e apropriações dos espaços da metrópole. A revisão contribuiu para discorrermos acerca das políticas habitacionais que formaram o distrito, e que colaboraram para as desigualdades. Dadas as condições atinentes à condição periférica dos moradores, utilizamos a análise do discurso da mídia, desde a constituição do distrito, para apreender os conteúdos que passaram a atribuir e reforçar o estigma ao lugar e a seus moradores, contribuindo, principalmente, para uma visão parcial e negativa dos moradores de fora do distrito, percebendo Tiradentes como um lugar perigoso, violento e inseguro. A análise das entrevistas possibilitou um agrupamento geracional acerca da construção do estigma territorial e a apreensão de diferentes sentimentos de pertença e identidade, os quais se constituem em constantes contradições. Inferiu-se a existência do estigma territorial em relação ao distrito e aos seus moradores, sujeitos periféricos, que tiveram consequências, principalmente, para os primeiros moradores quanto à inserção social plena em outros espaços e a perda de oportunidades em vista da situação espacial que ocupam na metrópole. Os jovens sentem-no de maneira diferente, verificando menor incidência, em suas narrativas, de graves consequências associadas ao estigma territorial. A conquista da casa própria, para os primeiros moradores e a utilização de equipamentos públicos, para os jovens moradores, estão associadas ao sentimento de identidade e pertença. Por fim, apontamos reflexões sobre a possibilidade de minimização do estigma pela ascensão da cultura periférica e pela evolução da infraestrutura, equipamentos e serviços no distrito, o que leva à superação do estigma associado à cidade dormitório.