Artigos
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Dinâmicas imobiliárias e a produção de espaços residenciais fechados em Araçatuba (SP)
Augusto Marques da Silva e Maria Encarnação Beltrão Sposito
Revista Formação. Data de publicação: 28-06-2024.
Neste artigo, apresentamos os resultados da investigação efetuada sobre as dinâmicas imobiliárias na cidade de Araçatuba -SP. Por meio da análise da oferta de terrenos e de entrevistas realizadas com representantes do poder público municipal, tendo como pano de fundo a tendência à produção de espaços que favorecem a autossegregação, buscamos identificar os principais setores de valorização de Araçatuba e compreender como e se a implantação de espaços residenciais fechados promove alterações nestas dinâmicas. A área central de Araçatuba é a mais valorizada da cidade, enquanto o setor norte apresenta potencial de valorização. A implantação de espaços residenciais fechados em áreas distantes e em contiguidade a bairros populares aponta para redefinição da estrutura espacial centro-periférica, o que altera os conteúdos socioespaciais da periferia, compondo uma estrutura espacial mais complexa.
O cadastro nacional de pessoa jurídica com recurso metodológico para as pesquisas socioespaciais
Késia Anatácio Alves da Silva e Natália Daniela Soares Sá Britto
Revista Caminhos da Geografia. Data de publicação: 04-06-2024.
O objetivo deste trabalho é apresentar a base de dados do Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), disponibilizada para acesso público pela Receita Federal, como fonte e recurso metodológico para a produção de estudos espaciais, especialmente no âmbito da Geografia Urbana, Econômica e Regional. Para tanto, o artigo retoma alguns postulados sobre os aportes metodológicos na pesquisa socioespacial e, através de diversos exemplos, destaca as potencialidades de uso da base de dados do CNPJ, com seus desdobramentos escalares, setoriais e temporais. Além disso, o trabalho avalia alguns limites e cuidados metodológicos que devem ser considerados pelos pesquisadores ao utilizar e aplicar esta fonte.
Maria Encarnação Beltrão Sposito e Igor Catalão
Revista Latinoamericana de Metodología de la Investigación Social. Data de publicação: 12-04-2024.
A realização de pesquisas em ciências sociais supõe muitos desafios aos pesquisadores, especialmente no que tange às definições de natureza metodológica. Isso se revela particularmente desafiador quando se trata de trabalhar com material produzido a partir de procedimentos qualitativos. Além de delinear os aspectos que dizem respeito ao modo como a pesquisa é feita –por exemplo, quem entrevistar e onde, que roteiro usar, quais os contextos de realização de uma entrevista, que precauções tomar etc.–, deve-se também precisar os modos de interpretar os conteúdos produzidos visando a perspectiva analítica eleita. A partir de uma pesquisa feita em dez áreas urbanas brasileiras sobre o tema da fragmentação socioespacial, propõe-se, neste artigo, uma forma de analisar conteúdos de entrevistas feitas com citadinos. Para isso, apresenta-se o quadro geral de realização da pesquisa – incluindo objetivos, enquadramentos de método e procedimentos metodológicos – para, então, desenvolver uma proposta de pautada em três categorias originalmente desenvolvidas pelo pesquisador francês Hervé Breton para proceder à interpretação de narrativas: espaciotemporal, experiencial e inferencial. Embora a proposta de metodologia para interpretar narrativas registradas esteja apoiada em entrevistas realizadas em dez áreas urbanas brasileiras, neste artigo, apresenta-se apenas um exemplo, relativo à análise de uma delas feita em Chapecó, uma cidade do estado de Santa Catarina. O texto é concluído com alguns apontamentos de síntese.
Marlon Altavini de Abreu, Bruno Barcella e Everaldo Santos Melazzo
Novos Estudos CEBRAP. Data de publicação: 04-2024.
O texto examina a trajetória do processo de financeirização imobiliária habitacional no Brasil, com ênfase no papel central desempenhado pela Caixa Econômica Federal (CEF), que atua como principal provedora de financiamentos para a produção e consumo de habitações. Ao sistematizar detalhadamente os dados das emissões de títulos securitizados, o artigo procura dar conta das complexas interações entre Estado e mercado, problematizando como o primeiro emprega mecanismos e instrumentos financeiros para atingir seus objetivos na política habitacional.
Cleiton Ferreira da Silva
Revista GEOUERJ. Data de publicação: 05-03-2024.
Ao analisar o impacto do neoliberalismo, da globalização e do Pós-fordismo nas cidades da América Latina, estudos têm evidenciado transformações significativas nas formas e conteúdo dos espaços urbanos, cujos trabalhos têm denominado tais fenômenos de fragmentação socioespacial. No Brasil, a fragmentação socioespacial tem-se manifestado por meio de múltiplos fenômenos que têm sido objeto de análise de vários estudos. À luz deste debate, este trabalho propõe-se em analisar os seguintes aspectos: o surgimento de novas centralidades nas áreas periféricas das cidades, a expansão de “fortificações” residenciais nas periferias, destinadas aos moradores das classes média e alta, ao lado de habitações populares como as do PMCMV e, novas práticas voltadas ao consumo segmentado e seletivo no espaço urbano, como shoppings centers. A ideia, portanto, é caracterizar estas mudanças em cidades médias brasileiras, aqui representadas pelas cidades de Marabá-PA e Mossoró-RN.
Maria José Martinelli Silva Calixto
Revista Confins. Data de publicação: 31-12-2023.
O texto objetiva discutir o papel do aparato jurídico e institucional (legislação urbana) no processo de reconfiguração da periferia e, por decorrência, no reforço do distanciamento socioespacial em duas cidades médias brasileiras, de formação distintas: Dourados, no estado de Mato Grosso do Sul, e Marabá, no estado do Pará. Para tal, toma como referência as recentes ampliações do perímetro urbano. Adotam-se como procedimentos metodológicos: levantamento bibliográfico; informações coletadas in loco; levantamento de dados e/ou informações nas prefeituras municipais; pesquisa de dados secundários, tendo como fontes legislação municipal, Sistema Integrado de Seleção Habitacional-Sishab/Ministério do Desenvolvimento Regional/Programa Minha Casa Minha Vida. Sobretudo após o ano 2000, por intermédio da ampliação do perímetro urbano, vai se revelando e se conformando a articulação de interesses entre o poder público local e o capital fundiário-imobiliário-incorporador, reconfigurando a periferia, que assume novos conteúdos.
Alejandro Morcuende e Jean Legroux
Revista Cidades. Data de publicação: 28-11-2023.
A fragmentação socioespacial é, há umas décadas, um processo presente nas cidades latino-americanas. Numerosos propostas giram ao seu redor, fazendo referência, majoritariamente, a uma organização urbana nova, em forma de fragmentos cada vez menos relacionados entre eles. Apesar de ser um debate de grande alcance, tanto a sua definição conceitual quanto a sua empirização, ainda apresentam certas dificuldades. Com o objetivo de contribuir a uma maior precisão explicativa da fragmentação socioespacial, a proposta, aqui, consiste em abordá-la através da vida cotidiana. A hipótese inicial postula que é a partir da cotidianidade que a fragmentação se expressa em toda a sua complexidade. Trata-se, assim, de ir para além dos seus aspectos formais e visíveis. Em termos metodológico, esta proposta toma como caso de estudo a cidade de Marabá (Brasil), em que foi realizado trabalho de campo e diversas entrevistas em profundidade. Analisada através da vida cotidiana, a fragmentação socioespacial emerge, finalmente, em diferentes escalas, em contradições entre as representações e as práticas espaciais, e em relações sociais que contribuem na costura da vida, adicionando detalhes e matizes às suas rupturas.
Pablo Martin Bender e Eda Maria Góes
Caderno Prudentino de Geografia. Data de publicação: 19-10-2023.
Se exponen las dialécticas y conflictivas relaciones existentes entre la producción de espacio público y el proceso de fragmentación socioespacial en Chapecó, lo que hacemos investigando la dinámica de sus parques urbanos y áreas verdes, y sus interrelaciones con el capital inmobiliario y la renta diferencial. Analizando las modificaciones introducidas por el Partido del Frente Liberal al Plan Director de 2004, corroboramos la emergencia de nuevos marcos legales, que favorecen la oferta, apropiación y gestión privada de áreas verdes e infraestructura de recreación. Las prácticas de ocio y esparcimiento observadas en el Ecoparque, se realizan a través de una lógica espacio-temporal que hemos denominado “temporalidades diferenciadas”. Actividades como las desarrolladas por la “Asociación de amigos del Parque Alberto Fin”, quienes se organizan para llevar a cabo la manutención y otras tareas comunitarias, pueden ser consideradas una forma de resistencia al proceso de fragmentación socioespacial. La dimensión jurídica del espacio público y las prácticas en él realizadas, continúan siendo un obstáculo para el avance de su privatización total.
Gustavo Nagib e Katia Atsumi Nakayama
Revista PerCursos. Data de publicação: 17-10-2023.
Aborda-se, neste artigo, a (re)produção do espaço popular sob a lógica socioespacial fragmentária, que se sobrepõe e ressignifica a anterior lógica dual centro-periférica. Foca-se na questão da habitação popular no Brasil para além da materialização de bairros-dormitório nas periferias urbanas, vislumbrando-se ampliar e atualizar a compreensão sobre a proliferação de condomínios fechados verticais. Enfatiza-se, na análise, o caso de Presidente Prudente, cidade média localizada no estado de São Paulo. A pesquisa, em que se apoia este artigo, embasou-se em extensa revisão bibliográfica e em entrevistas com moradores de condomínios verticais populares, financiados pelo Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV). Tais entrevistas compõem um conjunto maior de registros produzidos por uma pesquisa mais ampla sobre o processo de fragmentação socioespacial, por este motivo, efetuou-se, aqui, um recorte que pudesse embasar notadamente a análise sobre a (re)produção do espaço popular prudentino, identificando a valorização da tipologia de condomínios fechados, enquanto empreendimento habitacional para as faixas de renda do PMCMV, e as mudanças relacionadas às práticas cotidianas dos citadinos.
Anderson Gomes Franco e Vítor Koiti Miyazaki
Observatorium. Data de publicação: 12-10-2023.
Ao longo das últimas décadas, muitas cidades brasileiras passaram por inúmeras transformações frente à intensificação da urbanização e, dessa forma, os problemas urbanos também foram se ampliando cada vez mais. A expansão territorial e as modificações no conteúdo das periferias têm aprofundado ainda mais as desigualdades socioespaciais. Tal cenário tem caracterizado diversas cidades, independentemente do porte e do contexto local e regional no qual elas se inserem. É neste contexto que este trabalho tem como objetivo a caracterização das desigualdades socioespaciais na cidade de Ituiutaba-MG, com um olhar para a produção da periferia urbana e de seus conteúdos. Para tanto, foram realizadas pesquisas bibliográficas, levantamento de dados, mapeamento e análise dos resultados. Em Ituiutaba, considerando-se as modificações ocorridas ao longo dos últimos anos, ficam evidentes as transformações no que se refere à expansão territorial da cidade e aos conteúdos da periferia, com repercussões como o aprofundamento das desigualdades socioespaciais. Esta situação lança desafios para a realização de pesquisas científicas que contribuam para o estudo e o diagnóstico das cidades brasileiras, inclusive no sentido de contribuir para a proposição de políticas públicas para o enfrentamento dos problemas urbanos.
Qual o lugar da natureza na teoria da produção do espaço de Henri Lefebvre? Algumas reflexões
Claudio Smalley Soares Pereira
Estudos Urbanos e Regionais. Data de publicação: 12-10-2023.
É notório como a teoria da produção do espaço elaborada na década de 1970 por Henri Lefebvre se tornou uma das principais abordagens sobre os estudos urbanos nas últimas décadas. Embora as contribuições dadas por ele vigorem até hoje em múltiplas interpretações no Norte e no Sul global, há uma miríade de temas inter-relacionados à teorização lefebvriana que merecem atenção maior. A proposta deste artigo é problematizar a relação entre a teoria da produção do espaço e a ecologia, com base na hipótese de que há na referida teoria um conceito de natureza que é fundamental para a compreensão da política do espaço e que, portanto, possibilita a apreensão de uma politização da natureza e da ecologia. Este artigo consiste em uma primeira aproximação do tema da natureza na obra de Lefebvre, buscando tecer os fios que ligam a discussão da teoria da produção do espaço e a conceituação de natureza.
Mobilidade cotidiana fragmentada: análises a partir dos percursos urbanos em Ribeirão Preto/SP
Felipe César Augusto Silgueiro dos Santos
OBSERVATORIUM. Data de publicação: 12-10-2023.
As cidades contemporâneas demandam uma série de reflexões, instrumentos e indagações a partir do espaço urbano que vem sendo produzido. Tal reflexão se baseia na perspectiva de que o processo de fragmentação socioespacial é condicionante neste processo indicado. Observamos que as cidades médias possuem elementos estruturais de uma base analítica que demanda pensamento constante, isso por conta da pluralidade de interações socioeconômicas que estão sendo observadas nelas. A partir disso, propomos entender a mobilidade, aqui na sua dimensão cotidiana, como dimensão para observar que cidade média está sendo produzida e de que forma ela tem afetado o dia a dia da população, neste caso a periférica. Para isso, nos valeremos de uma metodologia denominada de “percurso urbano” para entender como o “ir e vir” desta população tem sido afetada pelas dinâmicas intraurbanas. De antemão, indicamos observar e perceber que a fragmentação socioespacial tem sido elemento fundante e estruturante dos apontamentos realizados e que é preciso criar políticas públicas que tragam a população citadina para o centro do debate.
Marcus Vinicius Mariano de Souza e Elna Nasario de Sousa
OBSERVATORIUM. Data de publicação: 12-10-2023.
Este trabalho tem por objetivo geral, compreender como que continuou a se comportar a produção do espaço urbano da cidade de Marabá-PA após a influência que exerceu o anúncio de instalação do projeto siderúrgico da ALPA no ano de 2008. Através disso, foi buscado analisar como que comportou a dinâmica imobiliária de Marabá a partir de 2014 (pós-ALPA), correlacionando agentes hegemônicos, preço da terra e expansão urbana, para assim avaliar como a dinâmica imobiliária tem influenciado na produção do espaço urbano. A partir da elaboração de um banco de dados sobre os preços da terra urbana, cuja principal fonte foram os anúncios disponibilizados na plataforma OLX no ano de 2019, analisamos a distribuição espacial dos anúncios e elaboramos o mapeamento dos preços, além de correlacionar tais dados com a expansão urbana ocorrida entre 2014 e 2019, bem como com a dinâmica de criação de novos empreendimentos imobiliários. A Com tais informações produzidas, conseguimos observar que há uma tendência de valorização da terra urbana nas áreas já consolidadas da cidade e que os condomínios fechados se destacam como áreas construídas de maior valor, mesmo em área de expansão urbana, produzindo uma periferia com novos conteúdos na cidade, marcada pela seletividade espacial.
Vitor Koiti Miyazaki e Jussara dos Santos Rosendo
Revista Anpege. Data de publicação: 05-10-2023.
O Programa de Pós-graduação em Geografia do Pontal (PPGEP) iniciou suas atividades em 2015. Está localizado no Campus Pontal, na cidade de Ituiutaba, a cerca de 140 quilômetros da sede da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Por ter sido criado no contexto da recente expansão e interiorização dos programas de pós-graduação em Geografia no Brasil (2010-2019), em seus oito anos de existência o PPGEP enfrentou uma série de desafios que extrapolam as barreiras institucionais e se correlacionam com as dificuldades vivenciadas, também em termos de Brasil. Mesmo diante de inúmeros desafios, o PPGEP tem alcançado êxito por meio da formação de recursos humanos e contribuições para o desenvolvimento local e regional, principalmente no âmbito do município de Ituiutaba e da região do Pontal do Triângulo Mineiro. Assim, o principal objetivo do presente texto consiste em oferecer contribuições e subsídios para o debate a respeito da expansão e interiorização da pós-graduação no país, tendo em vista as experiências vivenciadas no âmbito do PPGEP/UFU.
Alexandre Antônio Abate
Revista Formação. Data de publicação: 26-09-2023.
O objetivo deste artigo é apresentar uma discussão metodológica sobre a Netnografia, a partir da nossa experiência de pesquisa no Mestrado Acadêmico em Geografia, além dos resultados provenientes da utilização dessa ferramenta metodológica para o estudo da mobilidade e da acessibilidade urbanas de citadinos que habitam o Conjunto Habitacional "Cristo Redentor", situado na periferia de Ribeirão Preto - SP. Dentre os resultados obtidos, destacamos que os problemas concernentes aos deslocamentos cotidianos estão presentes para todos os citadinos que se envolveram na investigação, independentemente do modal de deslocamento utilizado - automóvel, motocicleta ou transporte público. Além disso, a pesquisa revelou que há indicativos claros de problemas de mobilidade e de acessibilidade urbanas para a parcela dos citadinos residente nesse conjunto habitacional que necessita da utilização do transporte público, o que nos leva à ideia de mobilidade urbana excludente e precária.
Taís Souza da Cruz e Jean Legroux
Revista Terra Livre. Data de publicação: 02-08-2023.
No urbano, as periferias passam por processos de estigma territorial, associados a outros mecanismos de diferenciação socioespacial. Nesse artigo, trata-se, por um lado, de analisar a construção do estigma territorial do distrito do Pimentas em Guarulhos, através de matérias de jornais e de memes nas redes sociais. Por outro lado, a reflexão consiste em analisar diversos discursos e representações de habitantes de Guarulhos, primeiramente de habitantes que não moram e não conhecem o Pimentas, e que perpetuam o estigma territorial através de uma imagem negativa. No entanto, os habitantes do bairro entrevistados fornecem uma outra visão e desmentem em parte os adjetivos associados ao estigma dos Pimentas: violento, inseguro, pobre. No mesmo sentido, apresentamos os resultados de um Grupo Focal realizado com mulheres moradoras de um conjunto Minha Casa Minha Vida (MCMV) situado no Pimentas, com o objetivo de enfatizar que a diferenciação socioespacial se exerce em todas as escalas.
Cláudio Smalley Soares Pereira
Revista ANPEGE. Data de publicação: 27-07-2023.
O presente artigo analisa o conceito de formação socioespacial na formulação do geógrafo brasileiro Milton Santos na década de 1970 e seus desdobramentos analíticos na Geografia brasileira contemporânea. Busca-se compreender os fundamentos e a elaboração teórica e metodológica da formação socioespacial como um aspecto central para a compreensão do espaço geográfico. Inicialmente, apresenta-se o conceito, mostrando os alicerces epistemológicos que sustentam a formulação original de Milton Santos. Em uma segunda parte, o texto aborda os desdobramentos do conceito de formação socioespacial na Geografia brasileira e distingue de três desdobramentos e interpretações particulares em torno do uso conceito: i) a compreensão miltoniana e os seus discípulos; ii) uma interpretação multiescalar; iii) uma interpretação com base na estrutura fundiária. O artigo conclui sobre a importância do conceito de formação socioespacial para o pensamento geográfico e para os estudos empíricos que operacionalizam a dimensão espacial dos processos sociais.
André Felix de Souza
GeoGraphia. Data de publicação: 19-07-2023.
Até a última década do milênio passado, o tema dos espaços públicos era relativamente pouco estudado. Ao revisitar as obras de alguns autores pioneiros que, segundo a bibliografia especializada, foram os maiores responsáveis pela consolidação desse objeto de investigação científica, é possível perceber que, tomadas em conjunto, essas obras compõem uma narrativa: o nascimento, o amadurecimento, a regressão, a decadência e a crise dos espaços públicos. O presente artigo tem o objetivo de reconstruir, à luz do olhar dos seus proponentes, os principais argumentos que corroboram esta narrativa regressiva dos espaços públicos. Trata-se, pois, de uma reflexão sobre a lenta transformação da natureza do conceito e das características e funções dos espaços públicos e privados no mundo ocidental, em diferentes contextos históricos e geográficos.
Turismo: velhas e novas perspectivas para a leitura da distinção social
Alexandre Antônio Abate
Revista GeoTextos. Data de publicação: 17-07-2023.
Este artigo está estruturado a partir de associações entre o turismo, o turismo de luxo, a produção e a (re)estruturação do espaço, as redes sociais virtuais e a distinção social. O procedimento metodológico que conduziu as nossas reflexões foi a revisão bibliográfica. Assim, este artigo é, além de um ensaio teórico, uma análise alicerçada em algumas pesquisas. Dentre as discussões tecidas, enfatizamos que o turismo – para além do turismo de luxo – pode ser interpretado pela lente da distinção social. Enquanto os estratos socioeconômicos não privilegiados buscam, mesmo que de forma efêmera, a distinção social por meio do turismo, os estratos socioeconômicos privilegiados encontram na atividade turística um instrumento potente para atestar a distinção. Destacamos, a partir de Taveira (2016) e de Pimentel (2020), que o turismo está associado à ampliação do capital simbólico, sendo este conceito proposto por Pierre Bourdieu. Discorremos sobre como o espaço é produzido e (re)estruturado pelo e para o turismo, com o objetivo de atender às novas necessidades impostas pela atividade. Defendemos, ainda, que, no período contemporâneo, a exposição das práticas de turismo no âmbito das diversas redes sociais virtuais assume relevância como mecanismo para buscar ou atestar a distinção social.
Medium-sized cities and the expressions of hierarchy-hetararchy in the brazilian urban system
Jeffersan Santos Fernandes e Márcio José Veríssimo Catelan
Mercartor. Data de publicação: 10-07-2023.
Amid the complex web of contemporary interurban relations, there is an urgent need for analytical perspectives that advance the understanding of spatial interactions beyond the traditional hierarchical pattern. To this end, the proposal of urban heterarchy contributes to a reading of the movement and the leap of scales in the urban network's structure within a context of strong spatial restructuring promoted by capitalism in the light of globalization. In this work, the roles and functions of medium-sized cities are favored, to recognize the expressions of urban heterarchy in the territory. Namely, the economic sectors through which these cities establish flows and interact with other urban centers at multiple spatial scales. To this end, the trade balance (exports and imports), air network, and shopping malls were selected as analytical dimensions, whose economic logic reveals the changes in the ongoing urban structuring.
Matthew Aaron Richmond e Elizabeth McKenna
Environment and Planning C: Politics and Space. Data de publicação: 04-07-2023.
In 2018, far right candidate Jair Bolsonaro came to power in Brazil by building a socially and geographically heterogeneous electoral coalition. A crucial and largely overlooked part of this coalition were the inhabitants of low-income peripheries in large cities in the Southeast of the country. Throughout the 2000s, these voters tended to vote for the left-leaning Workers’ Party in presidential elections, but over the 2010s they shifted electorally to the right. This article maps these shifts and analyses them in relation to major urban, social and institutional transformations. We first present longitudinal electoral data at the scale of electoral zones for the metropolitan areas of São Paulo and Rio de Janeiro. We then present case studies of two peripheral districts, analysing these in relation to a range of key socio-economic and institutional variables. We argue that the peripheries of both metropolises have been subject to common transformations that influenced electoral behaviour, but that there are important differences between peripheral areas that help to explain the varying strength and durability of the rightward turn at the local scale. In dialogue with the theme of this special issue, we argue that that this kind of sensitive socio-spatial analysis helps to situate and add nuance to theories of ‘revanchist populism’.
La population urbaine au Brésil : statistiques surestimées, géographie occultée
Cathy Chatel
Brésil (s). Sciences humaines et sociales. Data de publicação: 02-07-2023.
Cet article propose une critique des catégories territoriales utilisées dans les recensements brésiliens par l’Institut brésilien de géographie et statistique (IBGE). Les études de cas présentées illustrent la difficile compatibilité entre des données localisées de population et une approche géographique du peuplement. De nombreux écarts apparaissent lorsque l’on confronte des images de terrain (photographies) et satellitaires rendant compte des formes réelles d’occupation du sol aux découpages officiels distinguant les territoires urbains et ruraux. Ces décalages sont liés à plusieurs facteurs : la définition légale de l’urbain, l’agrégation des données, ainsi qu’une confusion entre population de la ville (ceux concentrés au chef-lieu du município) et population urbaine totale municipale. De tels écarts sont également la conséquence de processus historiques et d’enjeux politiques, économiques et fonciers. Ils affectent les résultats agrégés des données de recensements (population urbaine, taux d’urbanisation…), ainsi que les résultats locaux, pour chaque município. Les exemples analysés dans cet article montrent que la richesse statistique et cartographique diffusée par l’IBGE pourrait être mieux utilisée notamment pour obtenir des mesures plus cohérentes des « degrés d’urbanité » ainsi qu’une meilleure connaissance des différentes formes et densités du peuplement dans le pays.
Augusto Marques da Silva
GeoGrapho. Data de publicação: 01-07-2023.
Este artigo tem como proposta apresentar alguns dos resultados obtidos por meio da investigação acerca da produção de espaços para autossegregação na Aglomeração Urbana de Araçatuba, composta pelos municípios de Araçatuba, Birigui e Guararapes. O objetivo aqui proposto é promover um recorte de análise, enfocando o caso de Birigui e buscando compreender como ocorre o processo de autossegregação na cidade, bem como apresentar as empresas incorporadoras atuantes no mercado imobiliário local, suas articulações com o poder público municipal e seu papel na produção do espaço urbano. São empresas majoritariamente locais, sediadas na própria cidade e que estabelecem parcerias com proprietários fundiários e empresas de outros ramos da economia. A atuação do capital incorporador se intensificou principalmente a partir da década de 2000, ampliando de forma significativa o número de espaços residenciais fechados e intensificando o processo de autossegregação. Os interesses que orientam suas ações são, em grande medida, atendidos pelo poder público local e, portanto, pode-se afirmar que o capital incorporador assume papel de destaque no processo de produção do espaço urbano.
Eduardo de Araujo da Silva e Pedro Gabriel de Paiva Francisco
Revista Cerrados. Data de publicação: segundo semestre de 2023.
A estrutura espacial urbana brasileira é marcada por expressivas diferenciações e desigualdades socioespaciais. As diferenças e injustiças espaciais podem ser vistas na maioria das cidades do território nacional, sendo, em algumas localizações desigualdades expressivas, em outras, mais sutis. Nosso objetivo com este estudo foi analisar a percepção das diferenças e desigualdades de Poços de Caldas (MG), por meio de relatos dos moradores da Zona Sul da cidade. Para tanto, utilizou-se dos seguintes procedimentos metodológicos: (i) levantamento bibliográfico do tema “diferenciação e desigualdades socioespaciais”, a partir de textos de Geografia urbana; (ii) revisão bibliográfica acerca da (re)produção do espaço urbano da Zona Sul de Poços de Caldas; (iii) trabalhos de campo com registro de fotografias e descrições; (iv) entrevistas semiestruturadas com moradores da Zona Sul. Por meio das entrevistas, os citadinos relataram que há diversos fatores que impactam a vida urbana local, como: a distância entre o setor urbano sul e o restante do tecido urbano; a ineficiência do sistema de transporte coletivo; certa insegurança urbana; a ausência de algumas infraestruturas; a falta de conservação de determinados espaços públicos. Em suma, observou-se que a percepção dos próprios moradores traz importantíssimos elementos para entender o espaço urbano local e, com efeito, os respondentes percebem as diferenças e desigualdades socioespaciais da/na cidade.
Crescimento do espaço urbano nos eixos leste e sul de Poços de Caldas, Minas Gerais
Eduardo de Araujo da Silva
Revista Tocantinense de Geografia. Data de publicação: 22-06-2023.
Este trabalho tem como objetivo fomentar a discussão acerca da segregação socioespacial em cidades médias, tendo como recorte analítico a cidade de Poços de Caldas. Esta é uma cidade média localizada na mesorregião Sul/Sudoeste de Minas, no estado de Minas Gerais. Conhecida por suas belezas paisagísticas e por suas atividades turísticas atreladas às águas termais e ao lazer, ela apresenta reconhecimento nacional. Em seu espaço intraurbano são observadas diferenças e desigualdades socioespaciais, tanto no que diz respeito ao espaço físico quanto ao conteúdo social. A partir da década de 50 do século XX, o território urbano e a população local cresceram expressivamente, devido às mudanças ocorridas na economia local. Dessa forma, a cidade se reorganizou, e foram criados novos setores urbanos nos eixos leste e sul, como a Zona Leste (ocupada a partir da década de 40 do século XX) e a Zona Sul (que começa a ser ocupada durante os anos finais da década de 60 do século XX). Ambos os setores trazem índices socioeconômicos inferiores (quando comparados aos outros setores urbanos), apresentam menos ofertas de comércios e serviços, assim como menos instituições e infraestrutura para lazer. A descontinuidade do tecido urbano, as longas distâncias, as menores ofertas de bens de consumo coletivo e os menores índices socioeconômicos das zonas Leste e Sul apontam para a segregação socioespacial.
Rodrigo Sartori Bogo
Boletim de Geografia. Data de publicação: 06-2023.
Resenha crítica que trata do livro "The rise, spread and decline of Brazil’s participatory budgeting: the arc of a democratic innovation", escrito por Brian Wampler e Benjamin Goldfrank e publicado pela Springer Nature em Janeiro de 2022. Na obra, os autores traçam um panorama e o histórico do orçamento participativo no Brasil, levantando análises e interpretações do porque o instrumento de gestão urbana teve um auge de prestígio e depois uma enorme decadência ao longo dos mais de 30 anos de sua existência no país. De maneira conclusiva, os autores apontam para um momento em que o OP atingiu uma policy bubble, ou seja, em que o lento grau de inovação e o pouco capital político resultante de sua implementação levaram à uma perca de prestígio. Ademais, mudanças no arcabouço institucional brasileiro e elementos do próprio desenho institucional do OP trouxeram limitações acerca da capacidade do Estado de manter a ferramenta na maioria das cidades brasileiras. O presente autor considera que o livro tem grande valor e contribuição para a Geografia urbana e estudos correlatos, trazendo elementos relevantes nos campos científico e político, produzindo fundamentos para uma discussão mais ampla do OP enquanto um dos muitos possíveis caminhos para a justiça espacial.
Lógicas econômicas e estratégias espaciais de empresas varejistas: uma análise da lojas Americanas
Flaviane Ramos dos Santos e Felipe César Augusto Silgueiro dos Santos
Caderno Prudentino de Geografia. Data de publicação: 25-05-2023.
As lógicas econômicas e estratégias espaciais ajudam a explicar como as empresas varejistas atuam espacialmente e como elas decidem suas localizações. Esse tipo de estudo é importante porque há, nos últimos anos, uma desconcentração espacial cada vez mais significativa dos grupos empresariais associados ao comércio através da expansão de filiais para cidades de diferentes portes da rede urbana. Entretanto, essa expansão não ocorre de maneira aleatória nem no tempo nem no espaço, sendo fundamental a realização de estudos de viabilidade econômica que levam em consideração diversas premissas macroeconômicas e operacionais, como renda per capita, evolução da economia local, capacidade logística, aluguel e retorno esperado. Deste modo, o presente artigo teve como objetivo analisar as lógicas econômicas e estratégias espaciais de uma das maiores empresas varejistas do Brasil, em termos de porte, capital e número de lojas, as Lojas Americanas. Para tanto, trazemos um conjunto de dados financeiros e operacionais sistematizados a partir da pesquisa realizada entre os anos de 2015 a 2018 no site da empresa, trabalhos de campo e entrevistas com gerentes de filiais desta rede e com consumidores e, por fim, materializados em gráficos, quadros e mapas.
Magno Ricardo Silva de Carvalho
Revista Sociedade e Território. Data de publicação: 20-04-2023.
Empresas comerciais buscam ampliar seus lucros, sobretudo, expandindo suas operações no território. No Brasil isso tem ocorrido intensamente nas últimas décadas, alcançando cidades médias e de porte médio. Este artigo objetiva discutir estratégias espaciais de empresas supermercadistas nesse processo de desconcentração espacial. Para tal, além de contribuições teóricas, elegemos para aproximação empírica, o sudeste paraense, especificamente a Região Geográfica Intermediária de Marabá (IBGE, 2017). Realizamos entrevistas com gerentes de supermercados, o que robora o caráter qualitativo da pesquisa. Compreendemos o que os grupos pesaram nas escolhas locacionais, na escala da rede urbana e na escala da cidade. Optam pelas cidades com maior centralidade e influência regional, enquanto no intraurbano, vários fatores são cruciais, estando a maioria relacionados com a acessibilidade.
The urban system, centralities and the use of urban space in middle cities
Eliseu Savério Sposito
Revista Formação. Data de publicação: 14-04-2023.
Este texto está estruturado em três partes. Na primeira, apresentamos uma discussão sobre o conceito de centro e seu papel para o comércio varejista. A seguir, discutimos aformação de subcentros definindo novas centralidades para mostrar como a cidade se reestrutura em resposta às mudanças em diferentes escalas. A redefinição na localização do commercial e a atuação em outras áreas que não o centro da cidade permite a formação de novos centros e, consequentemente, a projeção de seus papeis como novas centralidades. Por fim, o deslocamento das pessoas em suas ações de consumo mostra como a mobilidade se apresenta no espaço urbano. Escolhemos, como estudos de caso, as cidades de Presidente Prudente, Ribeirão Preto e Marília, cada uma com suas especificidades que condicionam e são produto das novas relações das pessoas nas suas escolhas de consume. Como resultado parcial, demonstramos o seguinte: 1) O consumo é condicionado pela classe social a que o indivíduo pertence; 2) a mobilidade urbana (independente dos meios de transporte) configura as novas centralidades e modifica o papel do centro principal da cidade; 3) a cidade se reestrutura devido às localizações que diferem de acordo com o poder de compra das pessoas. Do ponto de vista metodológico, as informações foram obtidas de forma indireta e direta por meio de observação de campo, questionários e entrevistas com diferentes grupos de pessoas. Como forma de visualizar as características específicas das cidades, utilizamos a represntação cartográfica.
Territórios de mercado e territórios da exclusão em Marabá - PA: tendência à lógica socioespacial fragmentária?
Bruna Rafaella Covre Vieira e Marcus Vinicius Mariano de Souza
Boletim de Geografia. Data de publicação: 03-04-2023.
Este trabalho busca compreender como a dinâmica urbana recente de Marabá - PA, que passou por grandes transformações, em virtude do anúncio da ALPA e do mercado imobiliário impulsionado pelo PMCMV, proporcionou a criação de territórios de mercado e territórios da exclusão, bem como cotejar pontos de ruptura entre estes territórios que levam à fragmentação socioespacial. Os territórios de mercado podem ser entendidos como áreas da cidade que têm um grande interesse mercadológico que atraiam um público de alto poder aquisitivo. Já os territórios da exclusão são espaços desprovidos de infraestrutura básica, comumente desprezados pelo mercado imobiliário. Esses diferentes territórios aumentam as formas de diferenciações na cidade, que culminam na segregação e na fragmentação socioespacial, que pode ser entendida como uma ruptura entre os diversos grupos sociais. A partir do residencial Ipiranga e da Folha 35, áreas escolhidas para representar os territórios de mercado e os territórios da exclusão, respectivamente, analisamos se existe na cidade uma tendência à lógica espacial fragmentaria.
Rent gaps, gentrification and the 'two circuits' of latin american urban economies
Matthew Aaron Richmond e Jeff Garmany
Tijdschrift voor economische en sociale geografie. Data de publicação: 28-03-2023.
Recent research in Latin America, and our own analysis of Brazilian cities, indicate that aspects of rent gap theory – in particular, the assumption that strong links exist between rent gaps and gentrification – do not fully account for observed empirical conditions. Drawing on Milton Santos’ theory of “two circuits” of urban economies in the global South, we seek to develop an expanded framework better suited to explaining the Latin American context. Specifically, we argue that important socio-spatial processes combine to embed what Santos called the “lower circuit” in certain parts of the city. This “territorialisation” of space by the lower circuit impedes the entry of the upper circuit, thus constraining expected rent gap capture and gentrification. We argue that only by taking both circuits into account, and considering how they become territorialised in urban space, can we properly grasp the relationship between rent gaps and gentrification in Latin American cities.
Eduardo de Araujo da Silva e Rodrigo Sartori Bogo
Boletim Alfenense de Geografia. Data de publicação: 27-03-2023.
O presente artigo apresenta, de maneira introdutória, os conceitos de justiça e desigualdades socioespaciais, e uma análise comparativa das políticas habitacionais na América Latina (Brasil e México). Ademais, busca entender se as políticas habitacionais do Brasil e do México contribuíram, ou não, para a redução das desigualdades socioespaciais, investigando como ocorreu a reprodução das moradias no espaço urbano. Para tanto, foram utilizadas como ferramentas metodológicas as revisões bibliográfica e documental. Durante as revisões, foram coletadas informações acerca dos conceitos abordados e das políticas habitacionais, em livros acadêmicos, dissertações, teses e artigos científicos. Também foram analisados os textos da Constituição Federal de 1988 e do Estatuto da Cidade (2001). A partir da comparação entre Brasil e México, pode-se perceber a relação entre processos globais que reverberam em países que se encontram na semiperiferia do capitalismo, assim como outras dinâmicas que evidenciam as particularidades dos países latino-americanos. Considera-se que não só a comparação entre políticas habitacionais de diferentes países (especialmente latino-americanos) se apresenta como objeto de pesquisa relevante para os estudos urbanos, mas se soma ao debate essencial em torno das proposições para mudanças no meio urbano brasileiro. Propor e se comprometer com mudanças socioespaciais transformadoras é um dos papéis possíveis para os profissionais das Ciências Humanas e Sociais, dos quais estão inclusos os geógrafos.
Práticas espaciais de consumo nas cidades: conteúdos e desigualdade socioespacial
Guilherme Pereira Cocato
Estudos Geográficos. Data de publicação: 27-03-2023.
É inegável a importância das práticas relacionadas ao consumo nas cidades e para o modo de vida urbano. Especialmente o consumo consuntivo, envolvendo o comércio final e os serviços de necessidade corriqueira para a reprodução social. Nas últimas décadas, os deslocamentos orientados para o consumo se tornam mais complexos, especialmente na realidade de contradições que compõem o processo de urbanização brasileiro. Dentre outros fatores, isso se deve por reestruturações econômicas e urbanas, como mudanças no padrão de distribuição dos estabelecimentos, precarização das formas de mobilidade, alterações no modelo de expansão das cidades e manutenção de desigualdades socioeconômicas estruturais. Este artigo tem como objetivo apreender os conteúdos das práticas espaciais de consumo consuntivo em um recorte de estudo singular: a aglomeração urbana de Londrina, no estado do Paraná, composta por sete cidades em continuidade espacial, continuidade e proximidade territorial. Para isso, foram entrevistados 20 citadinos, de diferentes perfis. Em conjunto com as respostas obtidas, os resultados foram compostos por materiais cartográficos, visando o melhor entendimento das especificidades e dificuldades de tais práticas, em diferentes escalas da área de estudo. Como principal resultado, identificamos a desigualdade socioespacial em curso, materializada por díspares possibilidades de deslocamento e de consumo.
Laércio Yudi Watanabe Silva
Geografia em Questão. Data de publicação: 24-03-2023.
Estimular o envolvimento da sociedade nas ações de planejamento urbano e gestão urbana é um dos grandes desafios contemporâneos ao se pensar a produção do espaço urbano. As constantes revisões dos planos diretores possibilitam a participação coletiva. No entanto, o envolvimento popular pouco acontece na prática, resultando na conformação de planos diretores negligentes em relação às demandas coletivas. O Orçamento Participativo é uma alternativa para estimular o envolvimento popular nos processos de planejamento urbano e gestão urbana. Este trabalho objetiva propor o planejamento, implantação e execução do Orçamento Participativo na cidade de Presidente Prudente/SP. Para isso, foram realizadas adaptações referentes ao modus operandi dos três casos utilizados como referência, Porto Alegre-RS e Olinda-PE. A divisão de Presidente Prudente em setores administrativos baseou-se na variável social renda como critério principal, uma vez que as condições socioeconômicas são aquelas que mais aproximam os citadinos com demandas semelhantes, aglutinando-os em seus respectivos setores. Em nossa proposta, a divisão da cidade em SPA’s deu origem a conformação de 12 setores com características semelhantes entre si. O planejamento e execução da proposta foram detalhados, com destaque para a realização de audiências itinerantes para a definição das demandas prioritárias de cada setor.
Willyam Batista Martins Fidelis e Vitor Koiti Miyazaki
Revista Cerrados. Data de publicação: 01-03-2023.
Vivenciamos um cenário de significativa defasagem em relação aos dados censitários disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, uma vez que o último Censo Demográfico foi realizado em 2010. O adiamento do levantamento, inicialmente previsto para 2020, levou ao desconhecimento de muitas transformações ocorridas ao longo dos anos, sobretudo considerando-se a produção habitacional expressiva por meio do Programa Minha Casa Minha Vida – PMCMV, iniciado em 2009. A cidade de Ituiutaba-MG enquadra-se nesta conjuntura, uma vez que recebeu quase cinco mil unidades habitacionais por meio da implantação de doze conjuntos habitacionais a partir de 2010. Tal contexto gerou impactos relevantes, já que a cidade possuía, em 2010, pouco mais de 93 mil habitantes. Sendo assim, procuramos levantar informações que pudessem contribuir para a análise destas transformações e, neste caso, encontramos na base de dados do Centro de Controle de Zoonoses do município uma solução alternativa. A partir destas informações, foram produzidos mapas e tabelas que compatibilizaram os recortes territoriais dos setores censitários e bairros. Os resultados contribuem para elucidar as expressivas transformações ocorridas no âmbito da produção do espaço urbano em Ituiutaba no período 2010-2019, principalmente no que se refere à expansão territorial e a distribuição populacional, mesmo diante da ausência de dados censitários atualizados.
Eduardo de Araujo da Silva e Alexandre Carvalho de Andrade
Caminhos da Geografia. Data de publicação: 22-02-2023.
O objetivo central deste trabalho foi compreender a (re)produção do espaço urbano e o processo de segregação socioespacial em Poços de Caldas (MG). Ao longo do tempo, Poços de Caldas alterou suas formas, funções e estrutura urbana. A partir do duplo processo de urbanização-industrialização, seu espaço intra-urbano passou por diversas transformações. Essa reestruturação da cidade ocorrida após a década de 1970 intensificou o processo de segregação socioespacial. A cidade tornou-se fortemente dispersa e fragmentada devido às implantações de programas de habitação em áreas distantes do centro e descontínuas do tecido urbano geral, e pelas implantações de espaços residenciais fechados nas periferias.
Centralidade intraurbana em Ribeirão Preto – SP
Victor Hugo Quissi Cordeiro da Silva
Geografia em Atos. Data de publicação: 20-02-2023.
Neste artigo analisamos a densidade e concentração de atividades comerciais e de serviços em Ribeirão Preto – SP como indicador da centralidade intraurbana desta cidade. Demonstramos que a cidade apresenta múltiplas áreas centrais ao longo da malha urbana, sem que com isso o centro principal perca a capacidade de exercer importante papel na estruturação do espaço urbano. O par desconcentração – reconcentração é central para a compreensão deste tema, porque a partir dele podemos interpretar as novas concentrações como parte de processos socioespaciais. O papel desempenhado pelos shopping centers é destacado neste texto e, a partir dos resultados alcançados, estabelecemos hipóteses sobre o papel desempenhado por essas grandes empreendimentos comerciais. Em relação a centralidade urbana, ora os shopping centers reforçam a centralidade exercida pelo centro principal, ora observamos a tendência de localização fora do centro principal, o que podemos inferir como parte do processo de redefinição da centralidade urbana. Reservamos especial atenção aos aspectos metodológicos desenvolvidos durante nossa pesquisa, sobretudo na formação do banco de dados, construído a partir do Cadastro Nacional de Endereços para Fins Estatísticos (CNEFE) e da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE).
A natureza reticulada das cidades e do urbano
Luciano Antonio Furini
INTER-LEGERE. Data de publicação: 09-02-2023.
A urbanização é um fenômeno mundial que se constitui a partir de inúmeros vetores em que as cidades são os principais nós das redes interurbanas, mas que guardam inúmeras redes intraurbanas. É no contexto de uma crescente complexidade tecnológica que tais vetores diferenciam o território e produzem cidades com papéis diferenciados, gerando padrões bastante diversos de redes urbanas, mas que guardam a potencialidade de redefinição espacial segundo as tendências contidas na lógica do mercado e nos diferentes formatos de atuação dos governos e instituições. A remodelação dos territórios é acionada a partir de diferentes escalas geográficas em que as escalas de comando e de impacto polarizam os fluxos das redes em ritmos ditados de acordo com os setores que desencadeiam a estruturação e as práticas espaciais. Neste texto, será apresentado o caráter reticulado da cidade e do urbano e seus desdobramentos no processo de fragmentação socioespacial urbana. Os resultados são oriundos das pesquisas sobre redes socioespaciais em cidades brasileiras e mostram que na análise espaço-temporal da cidade e do urbano as redes constituem um elemento central e seu estudo permite compreender tendências centrais de temas tão caros ao conhecimento geográfico.
A lógica de financeirização da habitação em ação: provocando o debate sobre o caso brasileiro
Everaldo Santos Melazzo
InterEspaço. Data de publicação: 26-01-2023.
O texto apresenta uma síntese da palestra de abertura proferida pelo autor no 1° Seminário Nacional sobre os “Desafios dos territórios do habitar e do morar nas cidades brasileiras – da financeirização do território ao direito à moradia”. Após uma breve contextualização do debate da financeirização em geral, e do imobiliário em particular, apresenta e propõem algumas linhas investigativas para a correta apreensão dos processos de endividamento e fragilização da relação de propriedade habitacional e também sobre as engrenagens da disseminação da securitização imobiliária habitacional. O argumento central refere-se a uma nova conjuntura produzida no Brasil para fragilizar o direito ao acesso e permanência de amplas parcelas da população à moradia e, por consequência à cidade. O texto finaliza pontuando alguns desafios para a necessária continuidade das análises e, fundamentalmente, para embasar a construção de novas políticas públicas habitacionais.
Novos territórios do morar em cidades pequenas: a autossegregação espacial em Casa Nova – BA
Joanna Célia Rodrigues Oliveira e Cláudio Smalley Soares Pereira
InterEspaço. Data de publicação: 26-01-2023.
O presente artigo analisa os novos territórios do morar em cidades pequenas. Parte-se do pressuposto de que as transformações contemporâneas do capitalismo redefiniram o papel das cidades e suas estruturas urbanas. Nesse bojo, os espaços de moradia foram transformados e as dinâmicas econômicas, sociais e espaciais da reestruturação do capital pavimentaram a expansão de novas formas do morar para cidades de distintos tamanhos e complexidades. Casa Nova, na Bahia, é o centro urbano que será o foco deste trabalho. Busca-se revelar as transformações do espaço urbano e o modo como a estruturação espacial, associada aos imperativos do capital em termos de novos espaços de moradia, se expressa nesta cidade em termos de processos de autossegregação. Os espaços residenciais fechados, atualmente, configuram, assim, uma nova forma-conteúdo da moradia presente, também, em cidades pequenas.
Laércio Yudi Watanabe Silva
Boletim de Geografia. Data de publicação: 25-01-2023.
Nas cidades médias brasileiras haveria, pelo menos, dois tipos de espraiamento do tecido urbano: um deles é atinente a escala da própria cidade, enquanto o segundo compreende aglomerações urbanas polarizadas por cidades médias. Este segundo, chamando de dispersão da Cidade, pode ser observado na aglomeração urbana formada entre Presidente Prudente e Álvares Machado. A expansão territorial de cada núcleo urbano acirrou as relações e interações entre os municípios, tanto do ponto de vista físico-territorial quanto em relação aos deslocamentos pendulares. O âmbito de vida ou o espaço de vivência cotidiana dos citadinos passa, cada vez mais, a se efetivar nessa escala mais alargada. Na aglomeração investigada, os espaços residenciais fechados de alto padrão vêm se constituindo, mais recentemente, como um importante vetor de intensificação dos fluxos e das interações intermunicipais, sobretudo ao longo de importantes vias que alcançam ambos os municípios, como as rodovias Raposo Tavares e Arthur Boigues Filho. Ao final, novas questões são apresentadas como o objetivo de contribuir para futuras investigações concernentes a possível relação existente entre os espaços residenciais fechados e o processo de aglomeração urbana.
Guilherme Pereira Cocato
Revista Anpege. Data de publicação: 19-01-2023.
Este estudo propõe uma abordagem analítica sobre as formas espaciais do comércio nas cidades, que podem ser consideradas como representantes dos dois circuitos da economia urbana. Foram escolhidos dois tipos de estabelecimentos: as revendas de produtos usados, do circuito inferior, e os shoppings centers, do circuito superior. Como recorte espacial, foi selecionada a cidade de Londrina-PR, pela relevância histórica e contemporânea da presença diversa de atividades terciárias e, mais especificamente, comerciais. Nos procedimentos metodológicos, uniram-se a discussão teórico-conceitual e fontes de dados heterogêneas, como o CNEFE e a RAIS, amparados pelas definições da CNAE, à representação cartográfica. Busca-se evidenciar a distribuição dos estabelecimentos comerciais, os processos espaciais dos quais fazem parte e as dinâmicas socioeconômicas que os envolvem no exercício de suas atividades. Entende-se que o trabalho pode contribuir com a Geografia pela amálgama de elementos teórico-metodológicos indispensáveis a qualquer análise que se preze como significativa ao cotidiano urbano.
Cláudio Smalley Soares Pereira
Dialogues in Human Geography. Data de publicação: 18-01-2023.
This commentary engages with Napoletano et al.'s analysis of the relationship between society and nature in the work of Henri Lefebvre. I present some reflections on the nexuses between the production of space, autogestion, and the appropriation of nature. I maintain that the politics of space is not separate from the politics of nature. Autogestion is fundamental to construct a revolutionary project to ‘change life’ that includes a new society–nature relationship in the context of the ‘revolution of space’.
Estudo e caracterização do ramo supermercadista em Ituiutaba-MG
Vitor Koiti Miyazaki e Celso de Azevedo Gois Neto
Revista GeoUECE. Data de publicação: 26-12-2022.
Este texto tem como objetivo apresentar uma caracterização do ramo supermercadista na cidade de Ituiutaba, Minas Gerais. Vale lembrar que os supermercados desempenham papel importante no âmbito da vida econômica e cotidiana da população e, dessa maneira, consideramos importante compreender as características relativas ao ramo supermercadista e a sua relação com as cidades, considerando elementos atinentes às lógicas e estratégias das empresas e as práticas cotidianas da população. Sendo assim, para esta análise, foram realizadas pesquisas bibliográficas sobre os temas ligados ao ramo supermercadista, além de pesquisa de campo e levantamentos de informações sobre as empresas, tendo em vista as principais características dos estabelecimentos, como o porte, a origem do capital e a sua localização no espaço intraurbano. Os resultados demonstram características importantes como a chegada recente das empresas de capital externo e a introdução de novos formatos de lojas e lógicas de localização, além de lançar questões para a continuidade e aprofundamento das investigações sobre o tema na cidade.
Mobilidade Cotidiana na cidade fragmentada: o caso de Ribeirão Preto
Eliseu Savério Sposito, Vanessa de Moura Lacerda Teixeira e Késia Anastácio Alves da Silva
Revista Cidades. Data de publicação: 21-12-2022.
Tomando, como espaço urbano, a cidade de Ribeirão Preto, propomos uma análise da mobilidade quotidiana e das características da acessibilidade no que chamamos de cidade fragmentada. Para tanto, articulando o singular e o universal, estabelecemos as bases teóricas para mostrar como se dá a mobilidade na cidade, demonstrando sua estruturação urbana e seu papel na rede urbana brasileira. A base de dados do Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas foi importante para conformar a multicentralidade urbana, elemento metodológico ao qual se somaram outros igualmente importantes, como as entrevistas e as enquetes aplicadas segundo critérios pré-estabelecidos, e dados sobre as características dos entornos dos imóveis e a renda média das famílias, valorizando-se o mapeamento dos elementos estudados. Os resultados, abordados a partir da voz dos entrevistados, mostram a dinâmica da mobilidade urbana em Ribeirão Preto nas diferentes partes que estruturam a cidade. Nas conclusões, mostramos como a combinação entre os diferentes elementos estudados espelham a dinâmica urbana em termos de diferenciação socioespacial.
Redefinições da estrutura(ção) urbana e da cidade média de Caruaru/PE
Anthony de Padua Azevedo Almeida
Revista Formação. Data de publicação: 20-12-2022.
A cidade média de Caruaru/PE vem passando por modificações que alteraram sua composição socioespacial interna e sua interação espacial na escala da rede urbana. Estes processos vêm ganhando importância quando se observa o conjunto das cidades médias no âmbito das redes urbanas enquanto intermediadoras entre cidades maiores e menores. Caruaru desempenha uma função de centro de distribuição de bens e serviços desde suas origens e tais mudanças recentes ocorrem a partir da ação de agentes econômicos e engendra uma consequente redefinição da estruturação espacial. Diante disso, este artigo se propõe a compreendê-la como cidade média em sua dinâmica contemporânea, além de identificar algumas áreas de transformação, advindas destes processos, de 1990 a 2016. A compreensão desta dinâmica espacial se dá pela ideia de que as atividades econômicas terciárias são capazes de promover transformações e redefinições na estrutura(ção) do espaço urbano. Para tal, o trabalho está estruturado em três partes: fundamentação teórico-conceitual e discussão das perspectivas analíticas e dimensões empíricas do objeto de estudo; exposição e análise dos aspectos socioeconômicos da cidade, embasada nos materiais quantitativos; e discussão dos resultados dos trabalhos de campo e das entrevistas, por meio de materiais qualitativos, acerca das significativas transformações socioespaciais e de como estas mudanças têm engendrado novas estruturações urbana e da cidade.
Fragmentação socioespacial e consumo na periferia de São Paulo
Maria Encarnação Beltrão Sposito
Tlalli. Revista De Investigación En Geografía. Data de publicação: 14-12-2022.
A fragmentação socioespacial é um processo multidimensional e complexo. A polissemia que acompanha a palavra fragmentação, desde a escala internacional, no plano geopolítico, até a escala da cidade, valorizando os aspectos sociais, políticos, econômicos ou culturais, mostra a amplitude do processo, mas, ao mesmo tempo, exige atenção conceitual e metodológica. Neste artigo, analisamos o processo de fragmentação socioespacial no espaço urbano, a partir da perspectiva dos habitantes da periferia, que se estabeleceram e permanecem na ordem espacial do período anterior, o centro-periferia, e enfrentam os desafios de integração e convivência na cidade fragmentada. A base empírica da análise assenta-se em entrevistas realizadas com moradores do bairro de Pimentas, na cidade de Guarulhos, Estado de São Paulo, Brasil. Duas escalas urbanas, a da cidade e a da metrópole, são vistas a partir das escolhas espaciais feitas para o consumo de bens e serviços. A análise contempla as relações entre condição periférica e consumo, entre consumo e centralidade e, por fim, sobre a construção da ideia de centro na periferia.
Trajetórias do olhar geográfico: da contemplação do mundo ao trabalho de campo na geografia humana
André Felix de Souza
Terra Brasilis. Data de publicação: 12-2022.
O objetivo central do presente artigo é propor uma reflexão sobre a importância dos trabalhos de campo no processo de constituição da ciência geográfica, em geral, e da geografia humana, em particular. Para tanto, recorrendo à ideia dos “quadros geográficos”, pretendemos demonstrar como a noção de “contemplação” do mundo evoluiu, na geografia científica moderna, para ideia de “observação” do mundo. À luz de uma revisita aos clássicos da geografia, destacaremos o papel exercido por algumas obras e autores pioneiros no processo de incorporação dos trabalhos de campo em nossa ciência, refletindo sobre aquilo que nós geógrafos chamamos usualmente de um “olhar geográfico”, leia-se, uma forma particular de refletir sobre os fenômenos que, conforme argumentaremos, é produto de uma longa evolução na disciplina. Adicionalmente, o artigo trata de alguns debates e perspectivas recentes acerca dos trabalhos de campo na geografia, demonstrando como eles foram diversamente valorizados pelos geógrafos. Finalmente, à guisa de conclusão, fazemos uma crítica ao caráter demasiado “essencialista” muitas vezes atribuído aos trabalhos de campo em nossa disciplina.
Alejandro Morcuende e David Lloberas
Sustainability. Data de publicação: 21-10-2022.
The current health and economic crisis resulting from the COVID-19 pandemic has accentuated some of the trends that began with the counter-reform of capitalism in 1970. This paper deals with one of those trends—the retail apocalypse. The starting hypothesis is that this phenomenon takes part in an implosion (the massive and permanent closing of retail premises in agglomeration) and an explosion (a change of land uses in an urban agglomeration and beyond). In order to determine the reach of those trends, the last two commercial censuses of the City Council (2016 and 2019) are analysed using a one-to-one relation matrix and map representation. This phenomenon, which is not just economic but also urban, is expressed differentially according to the dynamics between the upper and lower circuits of the urban economy. An implosion is detected as a general form for the whole city; in contrast, an explosion is expressed in more dynamic areas.
Maria Jose Martinelli Silva Calixto, Paulo Fernando Jurado da Silva e Mara Lúcia Falconi da Hora Bernardelli
Revista Confins. Data de publicação: 10-2022.
Nas últimas décadas, diversas cidades vêm experimentando expansão do tecido urbano. Não se trata de um fenômeno novo, nem exclusivo do Brasil, mas identificado em diferentes países e realidades urbanas. A periferia urbana, compreendida como a borda geométrica da cidade, apresentou forte expansão, mudando o seu conteúdo. Essa produção do espaço revela-se cada vez mais desigual, com uma acirrada disputa pelas localizações no interior da cidade. Com o objetivo de analisar os vetores responsáveis por tais mudanças (o capital financeiro, o capital incorporador e o poder público), o texto discute como elas vêm ocorrendo na cidade de Dourados, estado de Mato Grosso do Sul, tomando como recorte temporal os últimos 15 anos. Para sua elaboração, foram adotados os seguintes procedimentos metodológicos: revisão bibliográfica referente à temática, levantamento de dados sobre a expansão territorial recente de Dourados, privilegiando os empreendimentos do Programa Minha Casa Minha Vida (Faixa 1) e a instalação de loteamentos fechados, bem como a elaboração cartográfica dessa produção. Ressalta-se como resultado o papel do segmento imobiliário, particularmente o capital incorporador, que apoiado pelo poder público, atua para a valorização do capital a partir do lançamento de novos produtos, impactando o tecido urbano e reconfigurando a periferia.
Atividades comerciais e de serviços e centralidade intraurbana em Chapecó-SC
Victor Hugo Quissi Cordeiro da Silva
Geografia. Data de publicação: 06-10-2022.
A localização das atividades comerciais e de serviços na cidade de Chapecó – SC constitui o tema central deste artigo. Para tanto, empregamos como procedimentos metodológicos a construção de um banco de dados a partir do Cadastro Nacional de Endereços para Fins Estatísticos (CNEFE) e a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE). O CNEFE e o CNAE possibilitaram produzir representações cartográficas que sustentaram nossas análises sobre o centro e a centralidade intraurbana em Chapecó – SC. Tendo em vista os resultados obtidos com os referidos procedimentos metodológicos, podemos observar a presença de uma grande concentração de estabelecimentos comerciais e de serviços no centro principal. Entretanto, novas áreas também apresentaram concentrações, formando subcentros, ainda que com nível de densidade menor.
Mapas mentais e StoryMaps: aprendizagens de Geografias vividas
Hortência de Jesus Rodrigues Alves, Antonio Bernardes e Regina Célia Frigério
Revista Brasileira de Educação em Geografia. Data de publicação: 27-09-2022.
Este artigo tem como objetivo contribuir com novas práticas no ensino de Geografia. Exploramos, por meio de mapas mentais e StoryMaps os modos como alunos interpretam e representam lugares. Como suporte teórico-metodológico, recorremos à pesquisa com o cotidiano e à Geografia Humanista de base fenomenológica. A partir dessa união, concluímos que, quando as experiências de lugar são narradas pelos alunos elas contestam os conceitos científicos estáticos e pré-estabelecidos. Isto, pois, as narrativas dos alunos demonstram sentidos particulares, possibilitados pela experiência vivida cotidianamente.
Bruna Ribeiro Corrêa e Samarane Fonseca de Souza Barros
Revista Geografia em Atos. Data de publicação: 21-09-2022.
As incorporadoras do setor imobiliário brasileiro atuam como agentes na produção de habitação, modificando paisagens de diversas cidades através da incorporação de empreendimentos imobiliários. Assim, este trabalho visa compreender a atuação da incorporadora MRV Engenharia S/A em duas cidades médias brasileiras: Presidente Prudente- SP e Ribeirão Preto-SP. Para a realização do trabalho, utilizamos como base os dados retirados do sítio eletrônico da incorporadora e do Ministério de Desenvolvimento Regional. Deste modo, as informações obtidas foram compiladas e transformadas em dois produtos cartográficos, os quais foram analisados e discutidos, sendo possível a compreensão do uso de estratégias produtivas e econômicas semelhantes, porém com práticas de implantação distintas em cada cidade analisada.
Divisão social do espaço e fragmentação socioespacial
Vanessa Moura de Lacerda Teixeira, Cláudio Smalley Soares Pereira e Cleiton Ferreira da Silva
Mercartor. Data de publicação: 15-09-2022.
O presente trabalho aborda a produção do espaço urbano em Mossoró, no Rio Grande do Norte, sob a perspectiva de análise que articula a divisão social do espaço e a fragmentação socioespacial. A hipótese levantada é que, no contexto da urbanização contemporânea, a lógica urbana fragmentária desempenha um papel significativo na estruturação e reestruturação dos espaços urbanos. A contradição centro-periferia se redefine, associada à produção de novos espaços de consumo e à profusão de formas de habitação popular e espaços residenciais fechados. Para isso, o mapeamento e cruzamento de dados destes mesmos espaços, as formas de habitação e, consequentemente entrevistas com citadinos que os habitam, foram fundamentais para a análise. O artigo problematiza, portanto, o estudo da fragmentação socioespacial como possibilidade expressiva para se compreender a urbanização brasileira contemporânea e conclui sobre as práticas espaciais e a apropriação do espaço como elemento fundamental para a compreensão do processo de fragmentação nas cidades médias brasileiras.
Cidades médias e reestruturação urbana no Nordeste brasileiro
Jefferson Santos Fernandes
Revista Terra Livre. Data de publicação: 14-09-2022.
As transformações estruturais no sistema capitalista após a década de 1970 impuseram novas marcas ao processo de urbanização. A reestruturação econômica/produtiva teve fortes rebatimentos territoriais no sistema urbano, se expressando por meio de processos de reestruturação urbana e reestruturação da cidade. Um olhar para o nordeste brasileiro nos ajuda a identificar elementos empíricos sobre as transformações urbanas a partir das cidades médias de Juazeiro do Norte/CE, Imperatriz/MA, Vitória da Conquista/BA, Mossoró/RN, Caruaru/PE e Arapiraca/AL. Para a consecução do trabalho, realizamos pesquisa bibliográfica e levantamento de dados oficiais. Consideramos que analisar estes processos é uma tarefa importante para a apreensão dos novos conteúdos da urbanização brasileira.
Lígia Helena Hahn Lüchmann e Rodrigo Sartori Bogo
Opinião Pública (Revista do CESOP). Data de publicação: 09-2022.
Com o objetivo de analisar o fenômeno da diminuição de orçamentos participativos (OPs) municipais no Brasil e em Portugal, este artigo apresenta dados inéditos de ocorrência dessas instituições participativas comparando os anos de 2016 e 2019. Os resultados mostram que, embora tenha havido diminuição de casos nos dois países, a ocorrida no Brasil foi de intensidade significativamente maior, apresentando uma queda de mais de 80% de casos de OPs nesse período, enquanto Portugal de aproximadamente 22%. Mobilizando o campo das políticas publicas, este artigo discute a importância das alterações político-partidárias eleitorais e sugere que o abandono de OPs ocorre não apenas em função da troca de governos, mas está relacionado ao crescimento de formatos menos exigentes de participação – em um conjunto de fatores -, como são os casos das audiências públicas, no Brasil, e de modalidades setoriais de OPs, além dos aplicativos digitais, em Portugal.
Do BNH ao PMCMV: O processo de conformação de novas periferias urbanas em cidades médias brasileiras
Maria Jose Martinelli Silva Calixto, Mara Lúcia Falconi da Hora Bernardelli , Doralice Sátyro Maia e Caline Mendes de Araujo
GEOgraphia. Data de publicação: 31-08-2022.
Visando trazer elementos para ampliar o debate sobre o processo de conformação de novas periferias urbanas, o texto toma como referencial duas grandes políticas públicas de habitação, o Banco Nacional da Habitação (BNH) e o Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) - Faixa 1, e sua expressão na reconfiguração da relação centro-periferia, bem como os consequentes desdobramentos socioespaciais, em três cidades médias brasileiras estudadas no âmbito da Rede de Pesquisadores sobre Cidades Médias (ReCiMe): Campina Grande, na Paraíba, Chapecó, em Santa Catarina, e Dourados, em Mato Grosso do Sul. Para desvelar algumas dimensões desse processo que, embora geral, ganha particularidade em cada uma das cidades, tomaram-se como base uma revisão bibliográfica sobre a temática; dados secundários referentes ao período de 2009 a 2020, disponibilizados pelo Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), por meio do Sistema de Gerenciamento da Habitação (SISHAB); pesquisas de campo; informações obtidas em plataformas virtuais (de prefeituras, empresas construtoras e incorporadoras); mapeamentos, levantamentos e análises documentais assim como da legislação urbana local. O estudo permitiu constatar que a implantação dos projetos do BNH demarca a constituição da periferia e a conformação da relação centro-periferia, e o PMCMV, por sua vez, aprofunda essa dinâmica, promovendo maior dispersão do tecido urbano e o surgimento de uma periferia com conteúdo mais plural.
Rita de Cássia de Andrade e Eda Maria Goes
GEOgraphia. Data de publicação: 10-08-2022.
Nesse trabalho, analisamos o Mercado Central de San Pedro, na cidade de Cuzco – Peru e as práticas dos sujeitos sociais não hegemônicos na produção do espaço urbano. Para isto, realizamos revisão bibliográfica, levantamento documental, fizemos entrevistas e aplicamos enquetes com os citadinos. Tivemos por objetivo analisar esse mercado, enquanto espaço de produção dos sujeitos sociais não hegemônicos, os desafios frente ao contexto econômico e à força do turismo nas últimas décadas. Verificamos concorrência com espaços comerciais, como supermercados, conflitos com o poder público e adequação ao turismo, que expressam contradições entre mudança e permanência, local e global.
Espaços públicos e fragmentação socioespacial, reflexão teórico-empírica sobre o Rio de Janeiro
André Felix de Souza
PatryTer. Data de publicação: 26-07-2022.
Qual a importância dos espaços públicos no contexto das cidades fragmentadas? Para responder a essa pergunta, dividiremos o presente artigo em duas partes: na primeira, com base em uma revisão bibliográfica recente, propomos uma reflexão teórica e empírica sobre as possíveis relações entre os temas da fragmentação socioespacial e dos espaços públicos, tomando a cidade do Rio de Janeiro como exemplo; na segunda parte, à luz de nossos dados empíricos de fonte primária, questionários e entrevistas, propomos uma reflexão sobre a opinião dos frequentadores das três maiores e mais icônicas praças do bairro da Tijuca (RJ) sobre questões ligadas ao tema dos espaços públicos. O artigo conclui que, no contexto das cidades fragmentadas, os espaços públicos cumprem um papel fundamental: a reunião de públicos diversos.
João Vitor de Souza Ferreira e Augusto Marques da Silva
Revista GeoTextos. Data de publicação: 20-07-2022.
O presente artigo analisa as transformações e a urbanização em Presidente Prudente – SP, a partir das mudanças ocorridas ao longo do tempo. Analisa, também, a atuação do grupo Encalso Damha e adoção, por parte do grupo, de estratégias e instrumentos de financeirização para produção e financiamento de seus empreendimentos, através do lançamento de ativos lastreados em seus empreendimentos, os Certificados de Recebíveis Imobiliários. Ainda, destaca-se, as transformações ocorridas no município e as redefinições no par centro-periferia resultantes, dentre outros aspectos, da implementação dos espaços residenciais fechados nas periferias geográficas da cidade, e que tem como um dos referenciais da produção desse tipo de empreendimento, o grupo Damha. Tem-se como base da análise desses novos processos dois conceitos fundamentais aos estudos urbanos, os de Urbanização e Reestruturação. Questionando os impactos da implementação desses empreendimentos e da emergência de novos processos na cidade.
Felipe César Augusto Silgueiro dos Santos
Anuario de Historia Regional y de las Fronteras. Data de publicação: 19-07-2022.
Este artículo tiene como objetivo presentar el proceso de expansión y evolución urbana de la ciudad media de Ribeirão Preto/SP ubicada en el Estado de São Paulo, Brasil. A través de un análisis de la historia de formación de esta ciudad, buscamos presentar elementos que puedan demostrar cómo se expandió, se estructuró y se configura como una ciudad importante en la red urbana brasileña. Desde su estructura rural hasta su configuración fragmentaria, es posible indicar que Ribeirão Preto/SP tuvo su estructuración basada en el sector agrícola, el mismo que la benefició en su formación y aún lo hace en su configuración actual, pero actualmente esta ciudad media es más especializada y espacializados.
Nécio Turra Neto e Maria Celina Pedroso
Geografia e Gênero. Data de publicação: 02-07-2022.
O artigo traz resultados do estudo realizado sobre o Coletivo Quilombo de Dandara, de Presidente Prudente, que instituiu um espaço de Poesia Slam no centro da cidade. O objetivo foi compreender os processos educativos do Slam e as relações com os saberes escolares, bem como analisar sua espacialidade em relação aos processos mais amplos de produção do espaço urbano. Pelas entrevistas, acessamos as trajetórias de vida das integrantes do Coletivo, seus cruzamentos e entrelaçamentos, suas práticas espaciais e seu papel educativo. O Coletivo educa, ao discutir temas como racismo e sexismo, ao acolher múltiplas manifestações, ao dar a palavra aos que normalmente não têm voz e ao se conectar com outros contextos educativos que formam um circuito político e cultural alternativo na cidade. Por isso, é possível pensar o Coletivo Quilombo de Dandara como uma prática espacial insurgente.
Bruno Leonardo Silva Barcella
Espaço e Economia. Data de publicação: segundo semestre de 2022.
É a partir da instauração do marco regulatório do Sistema Financeiro Imobiliário (SFI) em 1997 que foram criados os instrumentos de securitização imobiliária no Brasil, em particular, os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), que tem um de seus principais agentes analisado neste texto, que abriu caminhos para o aprofundamento das conexões entre o imobiliário e o financeiro no Brasil. Assim, a análise é focada na atuação de um agente específico, o Estado, que, a partir da articulação e confluência de algumas de suas instituições historicamente vinculadas ao financiamento habitacional e políticas de fomento à habitação popular tais como a Caixa Econômica Federal (CEF) (maior supridor de créditos para o financiamento habitacional no Brasil e fundos parafiscais públicos e semipúblicos), Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), buscou coordenar e direcionar os rumos da estruturação do mercado de títulos de dívidas imobiliárias no Brasil, resultando na criação de um modelo de financeirização e securitização único.
Magno Ricardo Silva de Carvalho e Iara Rafaela Gomes
Revista Cerrado. Data de publicação: segundo semestre de 2022.
A desconcentração espacial de corporações do setor terciário proporcionou a chegada de grandes superfícies comerciais em espaços urbanos não-metropolitanos. Esta dinâmica favoreceu o estabelecimento de novos espaços privados de consumo em Marabá, cidade média paraense. Fruto de pesquisa, este artigo visa contribuir para uma interpretação das práticas existentes nesta cidade, no que tange às centralidades do seu intraurbano diante da implantação, especialmente, dos supermercados. O percurso metodológico, de maneira geral, consistiu em revisão de literatura sobre temas e processos selecionados para investigação relacionados diretamente com o fenômeno urbano-espacial estudado, bem como de levantamento e análise de dados primários obtidos por meio de entrevistas e formulários aplicados nas saídas dos estabelecimentos supermercadistas. A nosso ver, houve mudanças significativas nas centralidades e, consequentemente, na estruturação da cidade de Marabá. Em linhas gerais, os novos espaços de consumo não apenas efetivaram-se, individualmente, enquanto expressões de centralidade, como suas respectivas presença e atuação, em muito contribuíram para a formação e consolidação de uma nova área central na cidade, localizada ao longo de parte considerável do trecho urbano da Rodovia Transamazônica.
Samarane Fonseca de Souza Barros e Bruna Ribeiro Corrêa
Espaço e Economia. Data de publicação: primeiro semestre de 2022.
Os condomínios logísticos surgem, cada vez mais, como empreendimentos imobiliários para atender às novas demandas de um capitalismo marcado pelo imperativo da fluidez. Os investimentos em logística por parte do capital privado convergem com obras públicas de infraestruturas a fim de superar os gargalos espaciais e ampliar a acumulação capitalista. É neste contexto que observamos a articulação entre os capitais incorporadores e o setor logístico para a construção e consolidação de condomínios empresariais que fazem parte dos ambientes voltados à circulação. Para ilustrarmos a relação entre a incorporação e a logística, elencamos a LOG Commercial Poperties, empresa advinda do grupo econômico MRV Engenharia S/A, que combina a expertise de uma das maiores incorporadoras do Brasil com as novas estruturações do setor logístico.
Vanessa de Moura Lacerda Teixeira
Revista Confins. Data de publicação: 06-2022.
L’habitat périphérique de la société contemporaine est le lieu de disparités socio-spatiales dans plusieurs villes moyennes brésiliennes. Beaucoup de lotissements populaires comme des lotissements aisés se situent dans la couronne périphérique, là où les infrastructures sont précaires, avec peu de desserte de transport en commun ou des établissements de commerces et services de proximité pour les habitants. Cet article propose de mettre en évidence les disparités socio-spatiales autant sur la forme que sur le contenu de deux quartiers périphériques d’une ville moyenne brésilienne. On remarque sur le plan spatial que l’éloignement du centre amène un changement dans les habitudes quotidiennes des habitants, notamment dans leur mobilité. Une réflexion à propos d’un processus de fragmentation socio-spatiale en cours à partir d’une analyse préliminaire de deux quartiers périphériques constitue le résultat de l’article.
Exclusão Digital e Desigualdades Socioespaciais em Presidente Prudente / SP
João Pedro Pereira Caetano de Lima, Laércio Yudi Watanabe Silva e Matheus Buttler de Oliveira
Geografia em Atos. Data de publicação: 02-05-2022.
É notório que as novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) vem transformando as relações sociais e promovendo mudanças nos paradigmas filosóficos, sociológicos, políticos e geográficos. Em meio ao protagonismo dessas tecnologias e da comunicação digital, nos propomos a investigar a exclusão digital no município de Presidente Prudente - SP. Abordamos o tema, incialmente, através de revisão bibliográfica, analisamos e organizamos dados secundários disponibilizados nos bancos de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC); TELEBRASIL; Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL); e sítios eletrônicos das principais operadoras de prestadoras de serviços de internet residencial. Como resultados, identificamos a oferta de internet nos bairros em áreas de exclusão social; posteriormente, produzimos uma série de produtos cartográficos referentes a distribuição espacial das praças Wi-Fi e das antenas de internet; o último produto cartográfico sintético condensa todos os resultados levantados. Constatamos que a exclusão digital é mais que o “não acesso”, corresponde a um subproduto da exclusão social e, por sua vez, da segregação socioespacial.
Sofia Anchieta Messias e Eda Maria Góes
Geografia em Atos. Data de publicação: 02-05-2022.
Os espaços residenciais fechados da porção Noroeste de Presidente Prudente e, mais especificamente, as práticas dos seus moradores, são investigadas, a partir da recente introdução de atividades comerciais no seu interior. Tomamos como referência a pesquisa anterior sobre a expansão dos Espaços Residenciais Fechados em três cidades médias paulistas, Presidente Prudente, Marília e São Carlos, que resultou no livro “Espaços Fechados e Cidades: insegurança urbana e fragmentação socioespacial” (SPOSITO; GÓES, 2013), com vistas à atualização de alguns de seus resultados, levando em conta as mudanças internas identificadas e suas implicações, em relação aos processos de produção do espaço que estão em curso, com especial atenção aos impactos sobre os espaços públicos.
Sociabilidade pública: interação social e espaços públicos
André Felix de Souza
GEOUSP. Data de publicação: 28-04-2022.
O presente artigo tem como tema central de reflexão um fenômeno ainda pouco explorado pela geografia, a sociabilidade pública, isto é, as diferentes formas de interação social que ocorrem nos espaços públicos das cidades. Apesar de pouco estudado pelos geógrafos, disciplinas acadêmicas como a sociologia e a antropologia, por exemplo, parecem cada vez mais engajadas na discussão desse importante e relativamente negligenciado tema, cuja problemática evoca, direta ou indiretamente, as dimensões política, social, econômica, cultural, temporal e espacial da vida pública de nossas cidades. Com o presente estudo, buscamos preencher essa lacuna e oferecer, à luz de um ponto de vista geográfico, novas interpretações acerca da dinâmica socioespacial dos espaços públicos nas cidades contemporâneas.
Teorias da justiça social e espacial: diálogos com a Geografia a partir da década de 1970
Jean Legroux
GEOUSP. Data de publicação: 28-04-2022.
O debate em torno da justiça vem ganhando lugar na Geografia, notadamente a partir dos anos 1970, com destaque para A Theory of Justice (Rawls, 1971), na Filosofia Política, e, na Geografia, para Social Justice and the City (Harvey, 1973). A partir desse momento, e sem pretender à exaustividade, propõe-se um recorrido através dos debates entre diversas teorias e/ou grandes princípios de justiça. Na medida em que muitos processos analisados em Geografia – como a segregação, a marginalização, a exclusão e a diferenciação – revelam injustiças de forte expressão espacial, esta reflexão sobre a justiça oferece ferramentas teóricas e analíticas relevantes para as análises geográficas. Em outros termos, trata-se de estabelecer os contornos desse debate, para contribuir ao entendimento da abertura da Geografia a preocupações filosófico-éticas. Nesse sentido, apresenta-se uma visão ampla da justiça, em torno do tripé redistribuição, reconhecimento e espaço, para terminar com considerações sobre o conceito de justiça espacial.
Cosmopolis: public spaces, cosmopolitanism, and democracy
André Felix de Souza
Geojournal. Data de publicação: 20-04-2022.
What is the role of public spaces in contemporary cities? Despite the growing interest in the theme of public spaces in the last decades, a significant number of authors appeal, directly or indirectly, to ideas of the "regression", "decay", and "crisis" of public life, public sphere, and public spaces. Without disregarding this hegemonic point of view, in the present article we would like to consider other perspectives, which recognize the importance of public spaces, public sociability, and cosmopolitanism for the democratic societies in the context of the contemporary city, the cosmopolis. We therefore propose a bibliographic review that deals with the political nature of public spaces, the dimension of contestation within public sociability, the advent of virtual public spaces, and the geography of cosmopolitan encounters. The article concludes that urban public spaces remain essential for the existence and functioning of democratic societies and institutions.
Um porto no capitalismo global: desvendando a acumulação entrelaçada no Rio de Janeiro
Samarane Fonseca de Souza Barros
Revista Geografia em Atos. Data de publicação: 06-04-2022.
Resenha crítica do livro:
GONÇALVES, G. L; COSTA, S. Um porto no capitalismo global: desvendando a acumulação entrelaçada no Rio de Janeiro. São Paulo: Boitempo, 2020.
Victor Hugo Quissi Cordeiro da Silva
Élisée. Data de publicação: 05-04-2022.
A localização das atividades comerciais e de serviços no ano de 2010 na cidade de Presidente Prudente – SP constitui o tema central deste artigo. Para tanto, empregamos como procedimentos metodológicos a construção de um banco de dados a partir do Cadastro Nacional de Endereços para Fins Estatísticos (CNEFE) e a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE). O CNEFE e o CNAE possibilitaram produzir representações cartográficas que sustentaram nossas análises sobre o centro e a centralidade intraurbana em Presidente Prudente – SP. Tendo em vista os resultados obtidos com os referidos procedimentos metodológicos, podemos observar a presença de uma grande concentração de estabelecimentos comerciais e de serviços no centro principal. Entretanto, novas áreas também apresentaram concentrações, sobretudo em função dos shopping centers, que ora reforçam a centralidade exercida pelo centro principal, ora configuram novas áreas centrais.
Cleiton Ferreira da Silva
Caminhos da Geografia. Data de publicação: 01-04-2022.
Este artigo problematiza a política habitacional contemporânea e o impacto na produção e consumo de habitação nas cidades médias, bem como a inexpressividade de movimentos sociais sem-tetos organizados e a ausência de certa combatividade, seja na participação de conselhos municipais, na contraposição a um modelo essencialmente de mercado ou na disputa de locais para moradias com melhor localização e infraestrutura urbana. O objetivo aqui é tensionar como a política pública de habitação e as tramas políticas locais, tem rebatido nas ações e práticas dos movimentos de luta por habitação nas cidades analisadas. Este trabalho é resultante, portanto, das primeiras reflexões a partir de um projeto de pesquisa que está sendo desenvolvido denominado “Fragmentação socioespacial e urbanização brasileira: escalas, vetores, ritmos e formas”.
Marcia Cardim de Carvalho e Everaldo Santos Melazzo
GEOgraphia. Data de publicação: 30-03-2022.
O objetivo deste artigo é compreender como a política habitacional repercute na estruturação do espaço urbano através da mobilidade residencial intraurbana promovida pelo Programa Minha Casa Minha Vida Faixa 1, em duas escalas geográficas: a da cidade como um todo e em áreas específicas com características socioeconômicas homogêneas. A pesquisa foi elaborada no contexto histórico-geográfico da cidade de Presidente Prudente, estado de São Paulo, a partir da análise da trajetória residencial produzida pelo PMCMV Faixa 1, através da verificação das mudanças ocorridas nos domicílios de procedência dos beneficiários. Parte-se do princípio de que a mobilidade residencial não necessariamente modifica a estruturação do espaço, senão que pode fortalecer a divisão social do espaço urbano desigual e hierarquizado. Evidenciou-se, assim, que o PMCMV possui e exerce a capacidade de ratificar o processo já existente de diferenciação socioespacial, em vez de ser um mecanismo que interceda diminuindo tal processo na cidade.
Samarane Fonseca de Souza Barros
Revista Terra Livre. Data de publicação: 30-03-2022.
No bojo de melhorias no sistema logístico e de circulação, os portos secos surgiram no território brasileiro como alternativas a pretensa ineficiência do sistema portuário tradicional. Estes empreendimentos tiveram sua implementação a partir da década de 1990 em um movimento que associa o Estado a outras frações de capital que administram os portos secos. A década de 1990 testemunhou a abertura comercial e o advento da neoliberalização da economia e, por isso, os portos secos podem ser apreendidos nesse esteio. Sendo assim, o presente trabalho a partir do levantamento bibliográfico e de dados secundários, buscou analisar estes empreendimentos à luz dos processos escalares, salientando as rodadas neoliberais e o reescalonamento do Estado brasileiro, assim como o emparelhamento entre o local e o global que tendeu a acirrar, ainda mais, as desigualdades no país.
Trajetórias econômicas e espaciais do grupo MRV: Reescalonamento e produção do espaço
Bruna Ribeiro Corrêa e Samarane Fonseca de Souza Barros
Revista Sociedade e Território. Data de publicação: 18-03-2022.
A produção imobiliária brasileira se transformou, a partir de 2009, com a criação do Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV). Dentre as transformações, destaca-se a participação de grandes incorporadoras no desenvolvimento do programa. Este texto visa discutir a trajetória da MRV Engenharia S.A, abordando sua formação e consolidação como um grupo econômico, suas empresas subsidiárias e, por fim, objetiva-se discutir a partir da noção de reescalonamento as alterações nas estratégias deste Grupo frente ao espaço urbano brasileiro. Utilizamos como fontes relatórios disponibilizados pela B3 (Brasil, Bolsa, Balcão) e dados sobre a produção do PMCMV presentes no site do Ministério de Desenvolvimento Regional. Notamos que ao longo do tempo, a MRV ampliou suas áreas de atuação e passou por mudanças que incorreram das estratégias de reescalonamento do Grupo em conjunto as demais alterações conjunturais e estruturais.
Eixos de expansão urbana em Juiz de Fora/MG: novos empreendimentos e centralidades na BR-040
Samarane Fonseca de Souza Barros
Boletim de Geografia. Data de publicação: 16-03-2022.
A expansão territorial das cidades brasileiras tem sido assunto largamente debatido pela Geografia Urbana, sobremaneira quando este processo se dá pela transformação da terra rural em terra urbana e envolve a articulação de agentes de diferentes naturezas. Nesta direção, o principal objetivo deste trabalho é analisar os processos de expansão urbana e reestruturação da cidade, tendo como recorte empírico o eixo da BR-040 localizado em Juiz de Fora/MG. Esta cidade é um importante nó na rede urbana de Minas Gerais e por isso faz-se relevante estudar os novos agentes e centralidades que ali surgem, pois, além de marcar rupturas na divisão social do espaço da cidade, engendra também alterações no espaço regional. Metodologicamente, o trabalho se apoiou em levantamento de dados secundários e em pesquisa bibliográfica. Constatou-se que a expansão urbana em Juiz de Fora, assim como na maior parte das cidades brasileiras, é oriunda de uma coalizão de forças de diferentes agentes, com foco para o Estado que através da instância municipal amplia o perímetro urbano e, ao transformar terra rural em terra urbana, corrobora com a valorização da área. Dentro deste escopo, foi possível observar que esta expansão pertence ao processo maior de reestruturação da cidade por fazer parte das alterações na divisão social do espaço, assim como por surgir como uma nova centralidade para a cidade e para a região.
Pablo Martin Bender e Eda Maria Góes
Caminhos de Geografia. Data de publicação: 04-02-2022.
Neste artigo são discutidas as novas relações entre espaços públicos e espaços privados estabelecidas a partir da revisão do Plano Diretor de Chapecó, em 2006, e seus impactos. Se verificaram uma série de ações e leis tendentes a afastar os jovens, principalmente os das periferias, do centro de Chapecó, além de normas e programas da prefeitura que promovem e regulamentam a expansão dos interesses comerciais e empresariais sobre a gestão do espaço público. Mas também se observou os limites desses programas e as novas práticas espaciais dos jovens no centro, evidenciando mudanças nas relações entre público e privado. Se conclui que tendências como a privatização estão presentes, dentre outras que configuram o processo de fragmentação socioespacial, mas há disputa.
Produção do espaço e aglomeração urbana: uma análise do caso de Araçatuba (SP) e Birigui (SP)
Augusto Marques da Silva
Espaço em Revista. Data de publicação: 02-02-2022.
O presente artigo tem como principal objetivo compreender como vem ocorrendo o processo de produção do espaço na Aglomeração Urbana não-metropolitana de Araçatuba-Birigui. O trabalho tem como foco principal os eixos rodoviários que interligam as cidades de Araçatuba e Birigui. Propõe-se analisar como o espaço tem sido produzido nestas localidades no decorrer do tempo. São abordados, de forma sucinta, os conceitos de aglomeração urbana e interações espaciais e, posteriormente, as questões referentes ao capital incorporador e à produção do espaço nos eixos rodoviários. A partir da identificação e caracterização dos empreendimentos, constata-se que a produção do espaço nos eixos rodoviários intensificou-se a partir da década de 1990, merecendo destaque o número de estabelecimentos comerciais e de serviços e a força do mercado imobiliário, por meio da presença significativa de espaços residenciais fechados.
Uncertainty Analysis Applied to the Representation of Multidimensional Social Phenomena
Matheus Pereira Libório, Joao Francisco de Abreu, Oséias da Silva Martinuci, Petr Ekel, Renata de Mello Lyrio, Vitor Augusto Luizari Camacho e Everaldo Santos Melazzo
Papers in Applied Geography. Data de publicação: 02-2022.
The representation of social phenomena has been associated with substantial conceptual and operational difficulties. Social phenomena have a complex multidimensional nature that leads to different conceptualizations and measurements. This problem makes it difficult to choose the sub-indicators to be considered in the composite indicator of the phenomenon. In addition, sub-indicators can be normalized, weighted, and aggregated in different ways. There is no answer in the literature about which combination of methods is most appropriate to represent a given phenomenon. This research aims to answer which normalization and aggregation methods combination offers the best representation of the social exclusion process considering its multidimensionality. Fifteen sub-indicators of social exclusion were aggregated and normalized by different methods, generating thirty-one composite indicators. Three criteria measured the performance of the composite indicators: External Validity with the average household income indicator, the actual conditions of the environment observed by the Urban Landscape analysis, and the Prediction Errors of the composite indicator. The results show significant differences in the capacity of a composite indicator to represent situations of social exclusion. However, it is possible to represent social exclusion more consistently from sub-indicators normalized by the min-max technique and aggregated by the geometric mean.
Redes pessoais e fragmentação socioespacial urbana: as hipóteses da fragmentação
Luciano Antonio Furini e Afonso Muzzo Alves
Revista Confins. Data de publicação: 12-2021.
A especificidade do processo fragmentação socioespacial urbana se configura por abarcar outros processos já existentes em nossas cidades, caracterizando uma dinâmica própria. Neste estudo busca-se debater este tema a partir da análise das categorias forma, função, estrutura e processo com os resultados do estudo de caso de Maringá, cidade situada no estado do Paraná, Brasil. A metodologia, a partir da análise de redes sociais, pessoais, permitiu caracterizar os padrões das práticas urbanas e os resultados possibilitaram identificar a hipótese das redes socioespaciais, no contexto da lógica fragmentária.
Laércio Yudi Watanabe Silva e Arthur Magon Whitacker
Estudos Geográficos. Data de publicação: 22-11-2021.
Uma das tendências da urbanização contemporânea é a subversão da estrutura urbana pautada no par centro-periferia, por meio da passagem de uma estrutura monocêntrica para uma estrutura multicêntrica ou, até mesmo, policêntrica. Este trabalho investiga a estrutura urbana de Presidente Prudente/SP sob égide do par centro-periferia, encetando debates e contribuições para os conceitos de centro e centralidade. Para isso, estabelece-se no corpo do trabalho correlações entre a distribuição espacial dos estabelecimentos de ensino e dos estabelecimentos de saúde. A metodologia se baseia na coleta de endereços de estabelecimentos de ensino e estabelecimentos de saúde, retirados do CNEFE. Esses dados possibilitaram a elaboração dos produtos cartográficos analíticos. Conclui-se o par centro-periferia na estrutura urbana de Presidente Prudente/SP é, ainda, bastante representativo ao examinar a distribuição espacial dos estabelecimentos averiguados; as maiores concentrações se situam no centro principal e nas áreas pericentrais. A periferia, por outro lado, possui um rareamento de concentrações.
Securitization of housing and financialization of the city in Brazil
Everaldo Santos Melazzo, Marlon Alatavani de Abreu, Bruno Leonardo da Silva Barcella e João Vitor de Souza Ferreira
Mercartor. Data de publicação: 27-10-2021.
With the promulgation of the Real Estate Finance System (REFS) in 1997, the sociotechnical mechanisms needed to develop real estate securitization in Brazil started to be created, particularly the Certificates of Real Estate Receivables (RERCs). Their use, dissemination, and main agents are analyzed in this text, searching for a deeper understanding of the connections between real estate and finance in Brazil. Thus, the objectives of this work are on the one hand to analyze the trajectory and specificities of the financialization process of housing in particular and cities in Brazil and to understand the RERCs' contribution to the expansion and intensification of housing financialization processes on the other. The analysis focuses, in a critical perspective, on two specific agents presenting their shares on the securitization market: the Caixa Econômica Federal (CEF), the largest supplier of credit for housing in Brazil, and MRV Engenharia S/A, one of the largest Brazilian construction companies and real estate developers. The transformations emerging from their actions have resulted in the creation of a unique financialization and securitization model, which involves the expansion of the process to cities of different sizes and residential properties of different values and the strong presence of the State, sharply underscoring residential real estate financialization trends and the production of urban space in Brazil.
Da lógica centro periferia à lógica socioespacial fragmentária em uma cidade média
Maria José Martinelli da Silva Calixto
Mercartor. Data de publicação: 27-10-2021.
Por meio de uma abordagem processual e com aporte de elementos empíricos, o texto analisa as dinâmicas de segmentação que conformam a lógica centro-periférica e caminham para o delineamento de formas mais complexas de estruturação de uma cidade média. Toma como recorte analítico o papel do poder público municipal que, articulado ao capital fundiário-imobiliário-incorporador, reconfigura o tecido urbano e favorece o surgimento de novas relações socioespaciais em Dourados-MS. Para dimensionar esse processo, além da elaboração de um mapa síntese, foram adotados os seguintes procedimentos metodológicos: levantamento bibliográfico; informações coletadas in loco; registros fotográficos, entrevistas e levantamento junto à Agência Municipal de Habitação de Interesse Social. Pesquisa de dados secundários teve como fontes censos demográficos, legislação municipal, plataformas virtuais das incorporadoras atuantes na cidade, assim como o Sistema Integrado de Seleção Habitacional/Ministério do Desenvolvimento Regional/Programa Minha Casa Minha Vida. Em Dourados, dinâmicas em curso revelam complexidade na conformação da segregação, e os elementos nelas presentes indicam que a noção conceitual de fragmentação assume força como referencial analítico. A partir do ano 2000, esse processo se reforça, promovendo o aprofundamento das diferenças e conformando lógicas socieoespaciais que, embora tenham ocorrido primeiro e com mais intensidade nas metrópoles, têm ganhado expressão em cidades médias.
Fragmentação socioespacial, espaço público e hip hop: as batalhas de MCs em Ribeirão Preto/SP
Rafael Roxo dos Santos e Eda Maria Góes
Caderno de Geografia. Data de publicação: 17-10-2021.
O presente artigo busca analisar a produção e a apropriação de espaços públicos a partir das práticas espaciais de jovens associados ao hip-hop, na cidade de Ribeirão Preto, SP. No contexto de aumento das desigualdades e da diferenciação socioespacial, que implicam novas segmentações e o crescimento das fronteiras materiais e simbólicas no espaço urbano, o uso combinado de espaços públicos centrais e periféricos associado às redes sociais virtuais, relativos às práticas espaciais dos coletivos hip-hop, aparecem como resposta à fragmentação socioespacial no sentido do restabelecimento do direito à cidade. A produção de novas centralidades e a reapropriação da cidade pelo hip-hop indica a formação de microordens no espaço urbano que atribuem novos significados e disputas acerca da relação centro-periférica e ao processo de fragmentação socioespacial em curso nas cidades.
Bruno Vicente dos Passos e Nayara Leva Batista
PIXO: Revista de Arquitetura, Cidade e Contemporaneidade. Data de publicação: 10-09-2021.
Este estudo busca a construção de uma avaliação geográfica que denote a ocorrência ou não dos processos de diferenciação e (auto)segregação socioespacial, na escala da pequena cidade e das cidades locais. Reconhecemos a necessidade de uma análise multidimensional, tentando compreender suas particularidades e sua inserção nas redes regionais, sendo fundamental não desprezar as relações entre os citadinos e o espaço em suas práticas cotidianas, para compreender a produção do espaço urbano e as manifestações desses fenômenos, nesses centros. Trazemos assim, um estudo de caso para o município de Paulicéia/SP, com uma população de 6.339 habitantes (IBGE, 2010). Por meio da aplicação de metodologias quanti-qualitativas, evidenciamos nas análises a manifestações dos processos de diferenciação e segregação socioespacial na cidade.
Diferenciação e fragmentação socioespacial: a contradição campo-cidade como teoria e como método
Alejandro Morcuende
GEOUSP. Data de publicação: 12-08-2021.
É analisada aqui a possível superação da contradição campo-cidade como uma tendência à diferenciação espacial, fruto da geografia do capitalismo em crise, e como elemento novo nas atuais relações entre espaço e sociedade, mediadas pela fragmentação socioespacial. São exploradas, em primeiro lugar, às principais colocações que tiveram essa contradição como objeto, para estabelecer assim os seus limites conceptuais. Em segundo lugar, propõe-se a urbanização planetária enquanto o desenvolvimento teórico da contradição campo-cidade, e a urbanização diferencial a modo de método, para depois traduzi-la empiricamente. Por fim, definem-se, em forma de considerações, as relações entre diferenciação espacial, fragmentação socioespacial e contradição campo-cidade, como variáveis ascendentes das atuais mudanças sociais.
O sujeito na geografia: uma proposta para se pensar o espaço por meio de diferentes prismas
Eliseu Savério Sposito e Késia Anastácio Alves da Silva
Caminhos de Geografia. Data de publicação: 02-08-2021.
Pensar o sujeito, na Geografia, é uma possibilidade que apresentamos, por meio de sua relação com o objeto, o espaço e em sua potência conceitual com o território e lugar. A partir dessas referências, os conceitos de horizonte geográfico e geograficidade surgem como meio e condição para leitura do sujeito. O texto, esboçado como uma proposta interpretativa, tem análise do percurso do sujeito sociológico ao sujeito geográfico, passando por sua relação com o espaço, o território e o lugar, indo na direção de uma interdisciplinaridade em busca de argumentos na Sociologia e na Antropologia, principalmente, como forma de diálogo para trazer, para a Geografia, diferentes leituras do espaço e do território.
Uma análise da expansão territorial urbana recente em Dourados-MS
Caio Filipe Esteves Santiago, Mara Lúcia Falconi da Hora Bernardelli e Maria José Martinelli Silva Calixto
Revista Formação. Data de publicação: 28-07-2021.
O foco central da discussão da pesquisa considerou o processo de expansão territorial urbana de Dourados-MS no período recente, especificamente a partir dos anos 2000. Dourados, município de Mato Grosso do Sul, constitui-se como a segunda maior cidade, sobressaindo-se por exercer centralidade na porção meridional como uma cidade média, tendo em vista as funções de intermediação que desempenha. Na análise do processo de expansão territorial urbana mais recente, especialmente marcada pela criação de novos produtos imobiliários, sobretudo os loteamentos fechados, identificamos um reforço no padrão que já vinha se manifestando desde a década de 1970, qual seja, a constituição de uma cidade segmentada socioespacialmente, a partir de suas porções norte e sul. Os loteamentos fechados de alto padrão se fazem presentes principalmente na porção norte e, seguindo as tendências imobiliárias, se concentram em área distante do centro urbano da cidade. No caso específico, fazem limite com a Reserva Indígena de Dourados, gerando contradições e conflitos. A metodologia envolveu a pesquisa bibliográfica de temáticas correlacionadas à questão central, trabalho de campo realizado na cidade, dados econômicos do IBGE e informações sobre a criação de loteamentos em Dourados. A partir desses levantamentos, se produziu um mapa da localização dos loteamentos fechados, sendo possível verificar o reforço da diferenciação socioespacial, a exemplo dos grandes centros urbanos.
Jean Legroux
GEOgraphia. Data de publicação: 19-07-2021.
O presente artigo pretende demostrar a relevância de um conceito amplo de mobilidade cotidiana para o estudo dos processos de fragmentação socioespacial no contexto urbano. Para este propósito, a ideia lefebvriana de triplicidade do espaço permite propor uma visão ampla da mobilidade cotidiana, desde as estruturas e infraestruturas e modelos de mobilidade, até as práticas individuais, que se articulam com a análise dos processos de fragmentação socioespacial. A mobilidade, instrumento de fragmentação, de alienação e de exclusão, pode também revelar seu potencial de resistência contra o poder hegemônico. A partir de um conjunto de dados coletados, de experiências e pesquisas realizadas ao longo de dez anos no tema da mobilidade, a presente proposta trará principalmente o contexto brasileiro para sustentar o argumento principal.
Behind the origins of socio-spatial fragmentation
Alejandro Morcuende
Mercartor. Data de publicação: 15-07-2021.
The concept of socio-spatial fragmentation has been debated for several decades, especially in Latin America. As other concepts, it has been approached from very different perspectives and themes. This has led to the socio-spatial fragmentation to be presented as a concept that is polysemic and confusing at the same time. With the double aim of making it explanatory of the current developments and continuing to delimit it, the times, spaces and geographies that have given rise to socio-spatial fragmentation are analyzed. This analysis is based on three trends: the breakdown of the modern project, the chronification of the capitalist crisis, and the differential urbanization processes. From each of these trends an attribute emerges with which to explain the origins of socio-spatial fragmentation: Separation, contradiction and homogenization offer an expanded vision of the concept, allowing the establishment of a network of processes that clarify how and why a transition has been consolidated in the relations between space and society, which can be called the differential moment.
Como pesquisar as redes sociais virtuais em geografia?
Antonio Bernardes
Estudos Geográficos. Data de publicação: 25-05-2021.
Realizamos um breve excurso para apresentar e discutir um instrumental metodológico devidamente adequado para o desenvolvimento de investigações científicas quanto as formas de sociabilização que ocorrem na rede de Internet, sobretudo, nas redes sociais virtuais, ou seja, a netnografia. Ela se trata de um instrumental metodológico que considera tanto os aspectos qualitativos (análise de discurso, análise de conteúdo e análise das redes sociais) como quantitativos (webmetria) das relações estabelecidas pelas redes sociais virtuais. Metodologia de pesquisa largamente utilizada nos estudos da Comunicação Social, a netnografia deve ser desenvolvida não nos restringindo somente as relações mediadas pela Internet e sim, também, considerando as implicações dessas relações na espacialidade e inversamente.
A lógica urbana fragmentária: delimitar o conceito de fragmentação socioespacial
Jean Legroux
Caminhos de Geografia. Data de publicação: 01-05-2021.
Este artigo visa delimitar o conceito de fragmentação socioespacial, enquanto ferramenta teórico-analítica para estudar as cidades. A partir de uma revisão da literatura, a fragmentação socioespacial é explorada sob diversos aspectos: como processo, como forma urbana, como conceito, como paradigma e como método. Argumenta-se que a ideia de fragmentação socioespacial precisa dialogar com outras vertentes teóricas capazes de explicar as mudanças em curso no urbano. Assim, o conceito de fragmentação, para estudar as mudanças urbanas em curso, precisa ser apreendido junto com a fase crítica (de urbanização planetária) e com a fase atual do capitalismo. A partir daí, o cotidiano urbano e as práticas socioespaciais são indicadas como caminhos para captar a fragmentação socioespacial.
Sociedade do consumo e shopping centers: reflexões a partir dos rolezinhos
Carlos Henrique Costa Silva
Revista Formação. Data de publicação: 10-04-2021.
O presente trabalho tem como objetivo apresentar algumas reflexões sobre a crise do urbano tendo como referência a análise da sociedade de consumo a partir dos “rolezinhos”. O atual momento histórico do capitalismo revela uma sociedade com valores alicerçados no universo consumista. É no interior da sociedade fundamentada na produção que se presenciou a gênese, a expansão e a consolidação da sociedade fundamentada no consumo. Os “rolezinhos” são um exemplo da tentativa de contato e diálogo no espaço urbano entre dois mundos: pobres urbanos em busca de sua inserção social pelo consumo e as classes médias e altas urbanas que têm no consumo sua manifestação de direito à cidade.
Cleiton Ferreira da Silva e Cláudio Smalley Soares Pereira
Caminhos de Geografia. Data de publicação: 05-04-2021.
As problematizações evidenciadas neste trabalho refletem as primeiras reflexões a partir de um projeto de pesquisa de maior envergadura que está sendo desenvolvido a respeito da fragmentação socioespacial e urbanização brasileira por um conjunto de pesquisadores no país, denominado “Fragmentação socioespacial e urbanização brasileira: escalas, vetores, ritmos e formas”. A ideia proposta aqui está centrada em refletir sobre a reestruturação produtiva e suas implicações sociais, econômicas e espaciais no contexto das cidades médias, analisando especialmente a cidade de Mossoró (uma das cidades integrantes do projeto). Buscamos investigar o impacto desta reestruturação, como resultado e condição de transformação do capitalismo e de modificações substanciais no contexto contemporâneo do mundo do trabalho, com características cada vez mais assentadas sob o funcionamento das tecnologias digitais, configurando o que vem sendo chamado de capitalismo de plataformas, que pode ser exemplificado com os serviços de aplicativos da empresa Bee na respectiva cidade. Empresa de capital local que vem se expandindo por diversas cidades do país através da lógica da “plataformização” e da precarização do trabalhador.
A produção do espaço urbano em Marabá – PA: do Caucho à Alpa
Magno Ricardo Silva de Carvalho e Marcus Vinícius Mariano de Souza
InterEspaço. Data de publicação: 04-04-2021.
Este trabalho tem por objetivo analisar o processo de produção do espaço urbano de Marabá, no sudeste paraense, e sua relação com os diferentes processos políticos e, sobretudo, econômicos que a influenciou desde o início da ocupação, final do século XIX, aos mais recentes acontecimentos que contribuíram de forma mais relevante para a expansão da sua mancha urbana. Para tal, foi realizada uma breve reflexão acerca do tema, bem como uma revisão bibliográfica sobre este processo especificamente em Marabá, utilizando do trabalho de autores que dissertaram sobre a referida cidade e sua região. Foi possível compreender como e em que momento foi criado cada núcleo da cidade, bem como sob quais influências políticas e econômicas, assim como, seus respectivos momentos de expansão mais expressivos.
Fragmentação Socioespacial Urbana: tendências em uma cidade de porte médio
Afonso Muzzo Alves e Luciano Antonio Furini
Boletim de Geografia. Data de publicação: 24-03-2021.
As pesquisas sobre fragmentação socioespacial urbana ganharam relevância a partir das novas configurações urbanas, geradas pela lógica econômica vigente e seus diferentes desdobramentos. A cidade passa a apresentar não somente espaços segregados, mas também, processos que fragmentam sua estrutura e revelam novas constituições no espaço social, quando as formas e as funções são redefinidas em descontinuidades que acirram seletividades e formas de negação do outro, apontando para caminhos distintos do direito à cidade. Considerando a importância desta problemática e a complexidade da rede urbana brasileira, é importante analisar em que tipos de cidades esse processo ocorre. Nesse sentido, o objetivo deste estudo é identificar tendências do processo de fragmentação socioespacial no âmbito de uma cidade de porte médio, Ourinhos (SP), que exerce importante papel regional, porém, não apresenta as características de uma cidade média com relevante papel de intermediação na rede urbana. Tendo como base metodológica levantamentos bibliográficos e documentais, trabalho de campo e observações, caracterizamos os padrões socioespaciais da cidade, como a localização de equipamentos urbanos, empresas, instituições e condomínios residenciais fechados, entre outros, buscando identificar a natureza das desigualdades socioespaciais existentes. Os resultados mostram um conjunto de dados que ao serem analisados revelam mudanças como: alterações recentes na estruturação da cidade, mudança do padrão de localização residencial dos citadinos e tendência de ocorrência de novas centralidades e geração de espaços seletivos, elementos característicos na identificação da lógica fragmentária.
La calle y el comercio: transformaciones Del Jirón Cusco (Lima) y de La Calle El Sol (Cusco)
Rita de Cássia Andrade
GEO UERJ. Data de publicação: 11-03-2021.
Introdução: Estudamos duas ruas, a Jirón Cusco (na cidade de Lima, Peru) e a El Sol, (cidade de Cuzco, Peru). Objetivo: Nosso objetivo foi analisar as transformações espaço-temporais, especialmente no uso. Fizemos leitura bibliográfica, de fontes documentais, trabalho de campo (reconhecimento e levantamento fotográfico) e elaboração de mapas. Resultados: Jirón Cusco foi uma rua residencial e comercial, ocupada pelos migrantes chineses no século XIX e integrou a parte pericentral do centro histórico de Lima no século XX, com comércio intenso, várias edificações foram degradadas e gestaram-se conflitos de diversos por sua apropriação. Hoje, predomina o uso comercial, especialmente o informal. El Sol foi uma via, no século XIX, que possuía um rio em seu transcurso, com casas de uso residencial, passando a ser uma artéria moderna no início do século XX. Atualmente é a principal via do centro histórico de Cuzco, com uso financeiro, comercial e turístico. Conclusão: O caráter diverso destas ruas manifesta-se nos usos diferenciados, ora sendo lugares de passagem, ora residencial, comercial, de visita turística, reuniões, encontros e trabalho.
Cleiton Ferreira da Silva
Revista de Geografia. Data de publicação: 24-12-2020.
Este texto analisa a política pública de habitação popular, através do Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) - Faixa 1 na cidade de Mossoró, nordeste brasileiro. A ideia é problematizar o padrão segmentado de expansão urbana para a população mais pobre, as tipologias das habitações, a ausência de equipamentos básicos, o perfil socioeconômico das famílias atendidas e, como isso impacta na habitabilidade e no cotidiano dos moradores do Conjunto Residencial Santa Júlia, objeto de nosso estudo.
Alejandro Morcuende
GEOgraphia. Data de publicação: 27-11-2020.
Similar to many concepts in Social Sciences, the concept of sociospatial fragmentation has been often misused, at times leading to significant confusion. In view of that, this article aims to critically review this concept in Latin America. It brings into discussion that, from a critical perspective and compared with differential urbanization and everyday life, the concept of sociospatial fragmentation contributes to explaining the current relationships between space and society. Based on such an interpretive scheme, the study indicates correspondence to strong social and spatial tendencies: the chronification of the crisis of capitalism, the complete urbanization of society, the bankruptcy of modernity, and the fragmentation of everyday life. All that led to the conclusion that fragmentation is, fundamentally, a battle against the use-value of everyday life, which characterizes the present relationships between space and society.
Ciudades intermedias e integración regional fronteriza
Igor Catalão e João Henrique Zöehler Lemos
Geografia em Questão. Data de publicação: 25-11-2020
Las ciudades son nudos articuladores de la red urbana y la división territorial del trabajo. De manera especial, en los contextos regionales de urbanización reciente, expansión de fronteras agrícolas y potencial para el desarrollo social y económico, las ciudades intermedias desempeñan un rol de articulación y drenaje de la renta regional. Esas ciudades son centros de consumo y producción imprescindibles para el desarrollo regional con potencial para la cooperación internacional en contextos fronterizos. Este desarrollo debe ser comprendido como generador de equidad social en el que juega un rol importante el consumo de bienes, equipamientos y servicios urbanos
Everaldo Santos Melazzo e Marolon Abreu
Revista Confins. Data de publicação: 02-10-2020.
Este artigo analisa a expansão do processo de financeirização do setor imobiliário no Brasil. Pretende-se contribuir com o debate a respeito dos mecanismos que transformam um ativo físico, com baixa liquidez e elevado custo de transação, em um ativo financeiro, com elevada liquidez e sem entraves a sua circulação, enfatizando os tipos de contratos e dívidas securitizadas que subordinam a produção habitacional às métricas e expectativas de ganhos do mercado financeiro e integram distintos mercados imobiliários por meio da padronização e da reunião de dívidas imobiliárias em um único termo de securitização. A escala geográfica aqui considerada é a nacional e o foco recai sobre um instrumento financeiro específico, os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI), que articulam as engrenagens do conjunto de transformações que passaram a integrar, estruturar e coordenar o circuito de investimentos em ativos imobiliários no Brasil. São utilizados os valores totais de CRI emitidos entre os anos de 2011 e 2016, ressaltada a relevância da Caixa Econômica Federal, instituição pública que desempenha a muito o papel de mais importante agente financiador da habitação e são detalhadas as localizações das habitações securitizadas, explorando as dimensões da homogeneização dos produtos, disseminação espacial e seletividade territorial que paulatinamente produzem, comercializam e fazem circular casas de papel.
Fragmentação socioespacial, mobilidade urbana e cotidiano na Bahia, Brasil
Rizia Mendes Mares e Arthur Magon Whitacker
Papeles de Conyutura. Data de publicação: 23-09-2020.
Con el presente texto, reflexionamos sobre la producción de una ciudad fragmentada, basada en dimensiones que nos permitieron analizar cambios en las prácticas espaciales de la ciudad asociadas con la difusión de nuevas formas espaciales de consumo específicas de cada forma. Esta reorientación de las prácticas espaciales expresa una lógica creativa de acciones que limitan el acceso de los sujetos sociales a espacios para la realización de la vida colectiva y producen diferentes modos en su uso, al tiempo que expanden los espacios marcados por una separación espacial y social. Por lo tanto, consideramos que la movilidad urbana asociada con la accesibilidad urbana son claves analíticas para esta diferenciación en usos con una fuerte implicación en la sociabilidad urbana, ya que las distancias espaciales establecen barreras físicas que aseguran el distanciamiento social y la evitación de los otros. Por lo tanto, analizar los procesos socioespaciales a la luz de la movilidad urbana y la accesibilidad puede mostrar matices de un cambio en la propia lógica de producción de la ciudad. Por lo tanto, nos permite pensar en una agenda de investigación que avanza en identificar la fragmentación socioespacial que se evidencia a través de las prácticas espaciales que denuncian la negación del encuentro y la centralidad misma como una condición urbana. La investigación se desarrolló a partir de encuestas realizadas en la ciudad de Bahia da Vitória da Conquista sobre los pares movilidad-accesibilidad. Los principales resultados apuntan a una ciudad rodeada de las prácticas de los habitantes de la ciudad, quienes la usan de forma apropiada, lo que señala una posible imagen de fragmentación socioespacial.
Ensaio sobre a ideia de produção na teoria da produção do espaço: de Marx a Lefebvre
José Sobreiro Filho
Revista Formação. Data de publicação: 25-08-2020.
Na teoria marxista a produção tem múltiplos sentidos e compreende um amplo conjunto de processos imprescindíveis para entender a produção do espaço, sobretudo, aos auspícios das disputas entre os diferentes agentes. Diante desta complexidade que aprestamos releituras e interpretações tomando como base as referências seminais com o objetivo de reinserir discussões complementares para se entender a teoria da produção do espaço. É nesse sentido que trabalhamos com a relação produção-trabalho-natureza enquanto indissociável na produção do espaço social, as múltiplas relações por trás dos processos de produção e consumo, produção-consumo e consumo produção, bem como também a relações mais perversas e contraditórias ainda pouco debatidas: estranhamento e alienação.
El Cosmopolitismo y las geografías de la libertad de David HARVEY
Cláudio Smalley Soares Pereira
Geografares. Data de publicação: 08-07-2020.
Resenha do livro de HARVEY, David. El Cosmopolitismo y las geografías de la libertad. Madrid: Akal, 2017. 346pp.
Nécio Turra Neto
Caderno Prudentino de Geografia. Data de publicação: 01-07-2020.
A mesa redonda, realizada no V Seminário Internacional sobre Microterritorialidades nas Cidades e V Seminário Nacional sobre Múltiplas Territorialidades, intitulada “Mesa de discussão do Grupo de Pesquisadores Microterritorialidades nas Cidades e Múltiplas Territorialidades” deveria ser um espaço para que cada membro do Grupo trouxesse seu ponto de vista sobre o que nos conecta e dá consistência a esta articulação. A opção adotada aqui foi por realizar um trabalho de memória, sobre como entendi e acompanhei os usos do conceito de território na Geografia Brasileira, ou em uma parte dela, passando pelos esforços em elaborar uma definição que fosse apropriada para a leitura que precisava fazer do universo que escolhi estudar, até chegar aos encontros com aqueles que, em seus próprios contextos e a partir de seus próprios universos de pesquisa, também convergiam para o debate em torno dos microterritórios do cotidiano. Procuro chegar ao momento atual, em que minha relação com o conceito passa por um período de arrefecimento, até apontar os caminhos que se abrem para o futuro.
Eliseu Savério Sposito e Maria Encarnação Beltrão Sposito
Mercartor. Data de publicação: 24-06-2020.
O conceito de fragmentação pode ser visto, como analisamos neste artigo, por meio diferentes concepções, seja considerando-o como conceito polissêmico ou multifuncional. A nossa proposta, para ir além disso, é ensaiar base conceitual com maior precisão, partindo de autores que já trabalharam o tema, em recorte urbano no que consideramos a periferia do capitalismo. Levando em consideração as inúmeras possibilidades de diálogo, a partir das ideias de vários autores em diversas áreas do conhecimento (Geografia, Sociologia e Arquitetura), delineamos o diálogo com diferentes escolas desde o ponto de partida para chegarmos, no final, a uma interpretação do conceito, adotando a expressão fragmentação socioespacial.
Airton Batista Costa Neto Nepomuceno e Vitor Koiti Miyazaki
Caminhos de Geografia. Data de publicação: 31-05-2020.
No âmbito do processo de produção do espaço urbano, problemas como déficit de moradias e a existência de ocupações irregulares são característicos em nossas cidades, diante da impossibilidade de parcela significativa da população se inserir no mercado imobiliário. Isto configura uma realidade preocupante nos centros urbanos brasileiros, favorecendo a configuração da denominada “cidade ilegal”. Assim, torna-se necessário que a política de regularização fundiária seja fomentada pelo Poder Público, podendo ela ser definida como o processo de integração dos assentamentos irregulares ao contexto legal das cidades, através da adoção de medidas jurídicas, urbanísticas, ambientais e sociais. Constitui-se objetivo deste texto analisar áreas urbanas informais e compreender o processo de regularização fundiária na cidade de Ituiutaba. A metodologia adotada foi pautada em pesquisa bibliográfica e documental. A coleta de dados foi realizada de forma bibliográfica, documental e por meio de pesquisa de campo. Foram analisadas três áreas de ocupação informal em Ituiutaba: em dois casos conclui-se pela impossibilidade de regularização fundiária nas áreas, devendo, entretanto, haver a realocação das famílias que realmente necessitarem; em relação ao outro, verificou-se a possibilidade de regularização fundiária, podendo ser utilizado, para tanto, o novo instituto jurídico da legitimação fundiária, previsto na Lei Federal nº 13.465/2017.
Matthew Aaron Richmond
Journal of Latin American Studies. Data de publicação: 28-04-2020.
Between 2014 and 2018, a period marked by major political and economic upheaval, Brazilian politics shifted sharply to the Right. Presenting qualitative research conducted over 2016-17, this article examines this process from the perspectives of residents of a peripheral São Paulo neighbourhood. Analysis is presented of three broad groups of respondents, each of which mobilised a distinct narrative framework for interpreting the crisis. Based on this, I argue that the rightward turn in urban peripheries embodies not a significant ideological shift, but rather long-term transformations of place and the largely contingent ways these articulate with electoral politics.
Hamilton Romero e Maria José Martinelli Silva Calixto
Caderno Prudentino de Geografia. Data de publicação: 13-03-2020.
Neste trabalho apresentamos alguns elementos para análise das novas dinâmicas do comércio e do consumo na cidade de Dourados, localizada ao sul do Estado de Mato Grosso do Sul. Tal processo foi desencadeado, sobretudo, após a inauguração de um shopping centerem área próxima ao centro tradicional. Para o desenvolvimento de tal pesquisa, realizamos trabalho de campo envolvendo o mapeamento de algumas unidades do comércio varejista em um trecho de uma das principais avenidas da cidade. Também foram realizadas entrevistas com empresários proprietários de unidades de franquias e de lojas multimarcas voltadas à oferta de mercadorias que expressam distinção social. A centralidade exercida por este comércio, que designamos “especializado”, permitiu compreender que as dinâmicas e as lógicas de localização redefinem a centralidade e asseguram o papel do centro como principal articulador e integrador de fluxos, ideias e está em constante redefinição.
A nova condição urbana: ensaio sobre a vida na cidade na era do “homem endividado”
Claudio Smalley Soares Pereira
Boletim Goiano de Geografia. Data de publicação: 11-03-2020.
O presente artigo analisa o processo de urbanização e de produção do espaço urbano no período contemporâneo. Levantamos a hipótese de que o atual período histórico é marcado por um rápido processo de urbanização, em escala global, que apresenta características particulares. O foco recai sobre a problematização das ligações entre a urbanização, a dinâmica da financeirização e do consumo, com ampliação de uma experiência urbana cada vez mais pobre, seletiva, individualista e segmentada. Em outras palavras, constatamos uma aproximação entre a dinâmica da urbanização e da produção das cidades, de um lado, e a lógica das finanças na produção do homem endividado, de outro, que por sua vez, resulta em experiências urbanas que progressivamente negam a diversidade constitutiva da própria ideia de cidade.
A região do devir e a região do atraso. Uma leitura da região de Presidente Prudente
Eliseu Savério Sposito
Revista Confins. Data de publicação: 03-2020.
A Região de Presidente Prudente pode ser interpretada por meio do território que se transforma em região. Para isso, a recuperação histórica da sua construção (território) e da conformação de um conceito (região) que conforma a compreensão do lugar como espaço do devir e espaço do atraso. A confrontação de diferentes conceitos, importantes para a Geografia, é uma possibilidade de mostrar, em parte por meio da intermediação de pronunciamentos adquiridos em um meio de comunicação (jornal), como se forma o discurso que se consolida e marca, de maneira quase permanente, seu contorno simbólico e os elementos geográficos que o compõem. Nisso se incorporam aspectos da cultura, da economia, da dinâmica populacional e da paisagem que se entrelaçam ao longo do processo histórico de ocupação de parte do oeste do Estado de São Paulo.
Claudio Smalley Soares Pereira
Mercartor. Data de publicação: 22-02-2020.
O propósito deste artigo é analisar as transformações contemporâneas do capital comercial no capitalismo contemporâneo. Compreendemos que à luz das dinâmicas da globalização, o capital comercial varejista modificou suas atuações e estratégias, recorrendo às lógicas preponderantes do funcionamento da economia capitalista no período atual. Analisa-se a expansão global do varejo, bem como suas consequências territoriais e, com uma maior ênfase, indaga-se sobre o papel da financeirização e dos negócios imobiliários nessas dinâmicas. Destacamos, por fim, que as empresas varejistas, de capital estrangeiro e nacional, passaram a vislumbrar no investimento imobiliário uma forma de obtenção de rentabilidade que contribui para a reprodução econômica.
Bruno Leonardo Silva Barcella e Everaldo Santos Melazzo
Sociedade e Natureza. Data de publicação: 21-02-2020.
This article analyzes the recent urban territorial expansion in two medium-sized Brazilian cities (Ribeirão Preto/SP and São Carlos/SP) and discusses the close relationship between the interests and strategies of specific real estate and land agents and the selective direction, rhythm, scope, and magnitude of the cities’ expansion. To this end, data on land transactions (purchase and sale) between 1995 and 2015, are mapped for both cities, showing the prices, information on the production of gated communities, and the main agents involved. Their permanent quest to amplify the reproduction of capital is the backdrop for the debate, through a logic that places the city as the "locus" of the accumulation strategies. This is articulated in the economic dimension by the transformation of land income into incorporated profits and spatially by the differentiated, exclusive housing.
As novas formas de produção habitacional em Dourados-MS: o residencial Estrela do Leste
Lidiane Cristina Lopes Garcia de Souza e Maria José Martinelli Silva Calixto
Revista Eletrônica da AGB - Seção Três Lagoas. Data de publicação: 21-02-2020.
Este trabalho visou contribuir com as preocupações presentes no projeto de pesquisa “Cidades Médias: novos papéis, novas lógicas espaciais”, tomando como referencial a produção habitacional, via Programa Minha Casa Minha Vida −PMCMV. A análise recaiu sobre o residencial denominado Estrela do Leste, localizado na porção sudeste da cidade de Dourados – MS, cuja ocupação atribuiu um novo significado ao local, imprimindo uma nova configuração socioespacial. Desse modo a pesquisa objetivou ainda, contribuir para o entendimento do processo de produção do espaço urbano e seus desdobramentos socioespaciais, assim como fornecer elementos para se pensar a questão da moradia em Dourados.
Situando o sujeito das periferias urbanas
Moisés Kopper e Matthew Aaron Richmond
Novos Estudos. Data de publicação: 01-2020.
As periferias são objeto de estudo privilegiado da sociologia e da antropologia urbanas no Brasil desde a consolidação dessas disciplinas na década de 1970 (Frúgoli Jr., 2005). Temas tão variados quanto pobreza, trabalho, moradia, religião, violência — e diversas formas de mobilização social — caracterizaram as periferias, simultaneamente, como: a) um espaço físico-geográfico em oposição aos centros urbanos; b) uma arena de sociabilidade e expressão cultural; e c) um berço de projetos políticos de emancipação de populações menos favorecidas. Menos problematizada pela literatura urbana brasileira, a noção de subjetividade emergiu apenas recentemente para captar a experiência individual de processos sociais, políticos, econômicos, históricos e geográficos que atravessam a formação de espaços periféricos. Este dossiê apresenta os resultados de pesquisas recentes que tomam por desafio pensar a relação entre periferias e subjetividade, ou, como a denominamos aqui no plural, subjetividades periféricas.
Cláudio Smalley Soares Pereira
Revista de Estudos de Gestão, Informação e Tecnologia. Data de publicação: 11-2019.
O presente artigo analisa o processo de urbanização e de produção do espaço urbano no período contemporâneo. Levantamos a hipótese de que o atual período histórico é marcado por um rápido processo de urbanização, em escala global, que apresenta características particulares. O foco recai sobre a problematização das ligações entre urbanização, mundialização do comércio e do consumo. Tal processo inseriu as cidades médias brasileiras em novas dinâmicas, modificando as estruturas das cidades, as redes urbanas e inserindo-as em um novo mapa do consumo e dos investimentos capitalistas em escala nacional.
Hygienisation, Gentrification, and Urban Displacement in Brazil
Jeff Garmany e Matthew Aaron Richmond
Antipode. Data de publicação: 24-10-2019.
This article engages recent debates over gentrification and urban displacement in the global South. While researchers increasingly suggest that gentrification is becoming widespread in “Southern” cities, others argue that such analyses overlook important differences in empirical context and privilege EuroAmerican theoretical frameworks. To respond to this debate, in this article, we outline the concept of higienização (hygienisation), arguing that it captures important contextual factors missed by gentrification. Hygienisation is a Brazilian term that describes a particular form of urban displacement, and is directly informed by legacies of colonialism, racial and class stigma, informality, and state violence. Our objective is to show how “Southern” concepts like hygienisation help urban researchers gain better insight into processes of urban displacement, while also responding to recent calls to decentre and provincialise urban theory.
Urbanização, dispersão das cidades e aglomeração urbana: um olhar sobre as cidades médias
Cleverson Alexsander Reolon e Vitor Koiti Miyzaki
Terra Plural. Data de publicação: 21-09-2019.
No artigo, analisa-se a conformação de aglomerações urbanas polarizadas por cidades médias, buscando-se compreender em que medida essa configuração ocorre em função do papel regional exercido por essas cidades. Do ponto de vista empírico, as interações espaciais estabelecidas entre as cidades pesquisadas são identificadas pelos deslocamentos pendulares. São analisadas as interações espaciais estabelecidas entre três cidades médias e seus respectivos entornos regionais: Itajaí, Londrina e São José do Rio Preto. Espera-se contribuir com a problematização da discussão que trata da relação entre a continuidade territorial e a continuidade espacial na perspectiva dos processos de dispersão das cidades e de aglomeração urbana.
Análise da morfologia urbana em Itumbiara (GO): dispersão e descontinuidades territoriais
Vitor Koiti Miyazaki
Espaço em Revista. Data de publicação: 18-09-2019.
As constantes transformações verificadas nas cidades ao longo do tempo têm contribuído para que o espaço urbano se torne ainda mais complexo, o que demanda, tanto por parte dos pesquisadores quanto dos gestores, novos olhares e abordagens para a compreensão dessa realidade. Nesse contexto, apresentamos elementos que demonstram a importância da morfologia urbana como uma possibilidade de estudo e análise das cidades, sobretudo em relação às transformações no âmbito das configurações territoriais urbanas. Nota-se, cada vez mais, uma tendência à dispersão territorial das cidades, sem haver necessariamente uma ocupação territorialmente contínua. Tendo em vista estes aspectos, analisamos a cidade de Itumbiara (GO) a partir de alguns elementos que compõe o estudo da morfologia urbana. Os resultados mostram que certas lógicas da produção do espaço urbano se fazem presentes também em cidades de porte médio do interior do país, mesmo em contextos não metropolitanos, evidenciando-se problemas e desafios para o planejamento e gestão urbana.
Um caleidoscópio de categorias territoriais nas estatísticas geográficas brasileiras
Cathy Chatel e Maria Encarnação Beltrão Sposito
Revista Brasileira de Geografia. Data de publicação: 02-09-2019.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Instituto Nacional de Estadística y Geografía (INEGI), no México, são os únicos no mundo a reivindicar a "geografia". Será uma garantia científica para os pesquisadores que implementam dados localizados de censos? A partir de uma análise aprofundada das categorias de territórios produzidos pelo IBGE, nesse artigo, descrevemos essas fontes para entender os critérios que prevalecem na divisão do espaço e na definição do espaço urbano pela instituição. Passando de um modelo europeu pré-estatístico herdado do período colonial, para a racionalidade do Estado, pois ao contexto liberal e pós-moderno que se estendem no mundo globalizado, as categorias do IBGE revelam a paradoxos devido à superposição de pontos de vista diferentes sobre o modo de caracterizar o espaço urbano. Isso se traduz em dificuldades em entender e usar dados populacionais agregados em categorias espaciais e urbanas oficiais. Os avatares da situação atual são sintomáticos do paradigma da complexidade que influencia cada vez mais a abordagem quantitativa nas Ciências Sociais e, de maneira mais geral, reflete uma ruptura que se afirma entre os cidadãos, políticos e a lógica dos peritos.
Edmilson Batista Santana e Maria Jose Martinelli Silva Calixto
Revista Formação. Data de publicação: 23-08-2019.
O presente trabalho apresenta uma discussão acerca das articulações e interações socioespaciais da cidade de Nova Andradina, localizada na porção sul de Mato Grosso do Sul, a partir da presença de Instituições de Ensino Superior, que se constitui como elemento de reforço na sua condição de centralidade regional. Nesse contexto, visamos evidenciar a centralidade que tal cidade exerce na rede urbana regional, por meio da oferta do serviço de ensino superior, considerando a recorrente necessidade de se realizar uma leitura pautada na multiescalaridade, uma vez que a ação dos agentes sociais se refletem no espaço urbano na sua totalidade e a presença de Instituições de Ensino Superior consiste em um elemento de redefinição socioespacial A partir da discussão a respeito da dinâmica socioespacial propiciada pela IES, o texto evidencia também os novos papéis/funções assumidos pelas cidades pequenas, frente as interações da/na rede urbana, na qual passaram a assumir um caráter funcional por meio da articulação intra e interurbana.
Apontamentos para a análise do papel de um subcentro em uma cidade média: Dourados-MS
Renato Massao Shiwa e Maria José Martinelli Silva Calixto
Estudos Geográficos. Data de publicação: 02-08-2019.
Este texto tem como objetivo analisar o processo de formação de novas centralidades intraurbanas em uma cidade média, a partir da análise do subcentro das ruas Fernando Ferrari e Filomeno João Pires, em Dourados-MS. Com base em um aporte teórico sobre o tema, consideramos sete critérios, na tentativa de comprovar a hipótese da pesquisa de que há nas referidas ruas a formação de um subcentro. Para a realização deste estudo, além de pesquisas bibliográficas, realizamos trabalho de campo, com a aplicação de questionários e/ou entrevistas junto aos moradores, comerciantes e prestadores de serviço da área estudada. Realizamos registros fotográficos, coleta de dados junto a Prefeitura Municipal e levantamento do uso do solo com base na tabela CNAE - Classificação Nacional de Atividades Econômicas. Destacamos que ainda há poucos estudos referentes às novas centralidades nas cidades médias. Neste sentido, acreditamos que esta pesquisa possa contribuir com as discussões acerca da temática.
Patrícia Helena Milani
Caminhos de Geografia. Data de publicação: 31-07-2019.
O cotidiano é nossa dimensão de análise, tendo as práticas espaciais dos sujeitos sociais pesquisados – moradores de espaços residenciais fechados de Catanduva e São José do Rio Preto - SP, enquanto plano analítico, o que nos permitiu identificar como o processo de diferenciação socioespacial se expressa na produção do espaço urbano, conferindo sentidos e significados às práticas, que envolvem relações contraditórias entre dentro e fora desses espaços de moradia. Sob o discurso da segurança, os sujeitos pesquisados, produzem estratégias de distinção socioespacial, nas quais o espaço urbano é estratégico; consideramos que os muros exercem tanto um papel de barreira material, quanto de limite simbólico, que influenciam nas práticas dos moradores e na elaboração das representações espaciais, apreendidas por meio das entrevistas, nosso principal instrumento metodológico. Ao valorizarem elementos internos desses espaços em suas narrativas, integrando um “novo estilo de vida”, no qual, a segurança e o controle estão entre os aspectos representados mais positivamente, o que se produz são diferentes estratégias de diferenciação socioespacial. As maneiras como esses sujeitos vivenciam o urbano e aquilo que lhe é inerente são modificadas, sendo a cidade cada vez mais vivida e representada em fragmentos por esses sujeitos sociais.
Wagner Vinícius Amorim
Revista da Anpege. Data de publicação: 09-07-2019.
Neste artigo detemo-nos no estudo do mercado da terra, apreciando a estruturação do preço da terra urbana em duas cidades médias brasileiras em contexto recente. A compreensão da produção da terra urbana perpassa a análise do que orbita em torno a ela, tal como a produção e a valorização imobiliária, seus agentes e suas estruturas. A partir disso, então, estaremos em face dos atributos essenciais para apreendermos a distribuição e o deslocamento espaciais da valorização imobiliária no ambiente construído e, finalmente, analisarmos especificamente a oferta de terrenos urbanos, bem como os agentes que negociam e vendem frações e parcelas da cidade, fazendo dela cada vez mais uma “máquina de crescimento urbano” locomotiva das várias formas de rentismo e especulação imobiliária.
Hostages to both sides: favela pacification as dual security assemblage
Matthew Aaron Richmond
GeoForum. Data de publicação: 11-06-2019.
Research on security and governance in marginalised urban spaces in Latin America has pointed to complex cycles of conflict and negotiation between state and non-state actors. However, many questions remain about the dynamics of such arrangements and how they may be affected by top-down policing reforms. Presenting fieldwork conducted in Tuiuti, a ‘pacified’ favela in Rio de Janeiro, this article proposes that ‘assemblage thinking’ can shed light on these issues. Despite rhetoric of reclaiming territory for the state, I argue that Tuiuti's UPP (Police Pacification Unit) did not produce a new state-led security regime, but rather overlaid and fused with previous security practices enacted by traffickers. This gave rise to a ‘dual security assemblage’ characterised by the co-production of security through an emergent division of policing functions. The consequences for Tuiuti's residents were thus not enhanced social control at the hands of police, but rather greater uncertainty about the rules they were expected to observe and whom was responsible for enforcing them. By identifying the broader power inequalities surrounding this local security assemblage and the ways in which they constrained its (trans)formation, I reject the claim that assemblage thinking offers a depoliticised or merely descriptive view of the social world.
Anne Karolinne Menezes Martins e Marcus Vinicius Mariano de Souza
Revista Cerrados. Data de publicação: 22-05-2019.
Violência e criminalidade estão se tornando elementos fundamentais para discussão acerca do espaço urbano no Brasil. A cidade de Marabá, assim como as demais cidades brasileiras, carrega em seu arcabouço histórico a materialização da violência em suas diversas faces. Este trabalho tem como objetivo analisar e compreender os elevados índices de homicídios no núcleo Cidade Nova, nos anos de 2014 a 2016. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) o município de Marabá está em 11º no ranking das cidades mais violentas do Brasil, e através de dados oficiais fornecidos pelo Comando de Policiamento Regional II (CPR II) foi possível identificar o crescimento demasiado dos índices de homicídios no núcleo Cidade Nova, visto que a cidade de Marabá é polinucleada contendo cinco núcleos (Marabá Pioneira, Cidade Nova, Nova Marabá, São Félix e Morada Nova), sendo que a Cidade Nova é o local que teve maior crescimento do índice de homicídios. A partir das análises foi possível espacializar a localização das ocorrências, o que mostrou a maior presença de homicídios nos bairros mais periféricos, bem como foi possível delimitar um perfil da violência homicida, correlacionando a espacialização com outras questões, como horário, meio utilizado e perfil das vítimas.
The urban system, centralities and the use of urban space in middle cities
Eliseu Savério Sposito
CIRAS. Data de publicação: 04-2019.
The text is structured in three parts. In the first, we present a discussion about the concept of center (downtown) and its role for the retail trade. The center is understood as a place of confluence (as a dialectical and hierarchical pair in relation to the periphery) resulting from the search by the economic agents for the best locations for commercial establishments, making use of the land in the city. Next, we discuss the formation of subcenters defining new centralities in medium-sized cities to show how the city restructures in response to changes at different scales, from the broader process of globalization to the localization of commercial activities, in a geographic articulation of scales. The redefinition in the location of commercial activities in areas other than the city center allows the formation of new centers and, consequently, the projection of their roles as new centralities. Finally, the displacement of people in their consumption actions shows how mobility presents itself in urban space. Urban mobility is here explained from the choices and preferences of consumers in their search for the place of purchases articulating what we call centrality to their individual economic profile. We present, in the end, some partial conclusions of a collective research carried out in several medium-sized cities in the State of São Paulo. We have chosen, as case studies, the cities of Presidente Prudente, Ribeirão Preto and Marília, each one with their specific characteristics that condition and are the product of the new relations of people in their choices of consumption. As it deals with a collective work, some descriptions and conclusions are analyzed and explained in function of the spatial, temporal and thematic clipping presented. Although the definition of average city is taken from the position of the city in the urban network, in this study we will privilege the city in its specific restructuring, that is, in the reconfiguration of its urban design. As partial result, we will demonstrate the following: 1) consumption is conditioned by the social class to which the individual belongs; 2) urban mobility (independent of means of transport) shapes the new centralities and modifies the role of the main center of the city; 3) the city restructures because of the locations that differ according to people's purchasing power. From the methodological viewpoint, the information was obtained indirectly and directly through field observation, questionnaires and interviews with different groups of people. As a way of visualizing the relationship between the dimensions of the city center and the location of retail activities, the conformation of new centralities and how consumers are distributed according to their specific characteristics, we use cartographic representation.
A expansão da securitização imobiliária: uma prospecção a partir da cidade de Ribeirão Preto/SP
Everaldo Santos Melazzo e Marlon Altavini de Abreu
GEOUSP. Data de publicação: 14-03-2019.
Este artigo analisa a disseminação de mecanismos de securitização de ativos de base imobiliária, contextualizando-a no crescente processo de transformação da terra, da habitação e da cidade em ativos financeiros que, a partir da antecipação de rendas futuras (principalmente fundiárias), alimenta circuitos por onde circulam e se valorizam diferentes capitais. O termo disseminação é aqui tratado em três vertentes: a primeira, ao se debruçar sobre o caso da cidade de Ribeirão Preto/SP, amplia o debate para a identificação dos processos analisados em cidades médias e não exclusivamente em realidades metropolitanas como parte da literatura nacional e internacional insiste em focar; a segunda, ao constatar que tais processos, antes restritos a vetores seletivos de valorização imobiliária na cidade, tem se disseminado espacialmente em direção a diferentes áreas e bairros da cidade, capturando para sua lógica aqueles que anteriormente eram considerados como de baixas liquidez e inserção no mercado imobiliário e, a terceira, ao constatar a presença cada mais significativa de imóveis residenciais no conjunto dos bens imobiliários securitizados. Além de reforçar a convicção sobre um paulatino e crescente processo de transformação cada vez mais intenso da terra e da habitação em ativos de valor, distancia-os cada vez mais do significado de direito à cidade que seu acesso pode significar.
Reflexões acerca do consumo verde e sustentável na sociedade contemporânea
Jéssica Silva Souza, Vitor Koiti Miyazaki e Alessandro Gomes Enoque
Cadernos EBAPE.BR. Data de publicação: 22-02-2019.
Este artigo apresenta reflexões acerca das inter-relações entre os conceitos de consumo verde e consumo sustentável. Tendo como pano de fundo um discurso ambiental amplamente disseminado em nossa sociedade, bem como a centralidade do consumo nesse mesmo universo, percebe-se a existência de dois modelos totalmente opostos no que diz respeito às formas de pensar e agir. Enquanto o primeiro se configura como um padrão de consumo imposto pelo próprio capitalismo que, essencialmente, ressignifica suas práticas e adota um discurso até certo ponto conveniente para seus propósitos, o segundo se posiciona de modo crítico e aposta em uma lógica essencialmente transformadora. Nossas reflexões não constituem uma visão abrangente ou definitiva. Trata-se de um exercício que parte de leitura interdisciplinar dos principais pontos indicados na literatura pertinente. Assim, os textos selecionados para a confecção deste estudo não servem como uma revisão sistemática acerca do tema, mas como inspiradores de uma busca para melhor compreender a questão do consumo em nossa sociedade contemporânea. Os pontos de convergência e divergência nos textos selecionados são devidamente apontados, com vistas a traçar um caminho para a compreensão da natureza do consumo, especialmente o sustentável.
Terra urbana e dinâmica imobiliária. Elementos de uma interpretação crítica no Brasil
Everaldo Santos Melazzo
Semestre Económico. Data de publicação: 01-01-2019.
O artigo coloca em debate o funcionamento dos mercados de terras urbanas diante das características e mecanismos da dinâmica imobiliária, condição para apreender os múltiplos papéis que a terra urbana cumpre no Brasil: instrumento de poder político e econômico, forma de detenção da riqueza privada e ativo capaz de alavancar a acumulação do capital. Defende-se a necessária articulação de uma economia política e uma geografia crítica do capitalismo para a apreensão dos processos que produzem hoje as cidades brasileiras, considera-se principalmente as chamadas cidades médias. Do ponto de vista metodológico, argumenta-se sobre a relevância de que múltiplas escalas geográficas e as particularidades históricas do capital incorporador sejam consideradas, e que quaisquer interpretações da espacialidade urbana sejam desnaturalizadas em face das transformações do capitalismo contemporâneo.
Terra urbana e dinâmica imobiliária. Elementos de uma interpretação crítica no Brasil
Everaldo Santos Melazzo
Semestre Económico. Data de publicação: 01-01-2019.
O artigo coloca em debate o funcionamento dos mercados de terras urbanas diante das características e mecanismos da dinâmica imobiliária, condição para apreender os múltiplos papéis que a terra urbana cumpre no Brasil: instrumento de poder político e econômico, forma de detenção da riqueza privada e ativo capaz de alavancar a acumulação do capital. Defende-se a necessária articulação de uma economia política e uma geografia crítica do capitalismo para a apreensão dos processos que produzem hoje as cidades brasileiras, considera-se principalmente as chamadas cidades médias. Do ponto de vista metodológico, argumenta-se sobre a relevância de que múltiplas escalas geográficas e as particularidades históricas do capital incorporador sejam consideradas, e que quaisquer interpretações da espacialidade urbana sejam desnaturalizadas em face das transformações do capitalismo contemporâneo.