Marabá-PA
Marabá-PA
Artigos
Cleiton Ferreira da Silva
Revista GEOUERJ. Data de publicação: 05-03-2024.
Ao analisar o impacto do neoliberalismo, da globalização e do Pós-fordismo nas cidades da América Latina, estudos têm evidenciado transformações significativas nas formas e conteúdo dos espaços urbanos, cujos trabalhos têm denominado tais fenômenos de fragmentação socioespacial. No Brasil, a fragmentação socioespacial tem-se manifestado por meio de múltiplos fenômenos que têm sido objeto de análise de vários estudos. À luz deste debate, este trabalho propõe-se em analisar os seguintes aspectos: o surgimento de novas centralidades nas áreas periféricas das cidades, a expansão de “fortificações” residenciais nas periferias, destinadas aos moradores das classes média e alta, ao lado de habitações populares como as do PMCMV e, novas práticas voltadas ao consumo segmentado e seletivo no espaço urbano, como shoppings centers. A ideia, portanto, é caracterizar estas mudanças em cidades médias brasileiras, aqui representadas pelas cidades de Marabá-PA e Mossoró-RN.
Maria José Martinelli Silva Calixto
Revista Confins. Data de publicação: 31-12-2023.
O texto objetiva discutir o papel do aparato jurídico e institucional (legislação urbana) no processo de reconfiguração da periferia e, por decorrência, no reforço do distanciamento socioespacial em duas cidades médias brasileiras, de formação distintas: Dourados, no estado de Mato Grosso do Sul, e Marabá, no estado do Pará. Para tal, toma como referência as recentes ampliações do perímetro urbano. Adotam-se como procedimentos metodológicos: levantamento bibliográfico; informações coletadas in loco; levantamento de dados e/ou informações nas prefeituras municipais; pesquisa de dados secundários, tendo como fontes legislação municipal, Sistema Integrado de Seleção Habitacional-Sishab/Ministério do Desenvolvimento Regional/Programa Minha Casa Minha Vida. Sobretudo após o ano 2000, por intermédio da ampliação do perímetro urbano, vai se revelando e se conformando a articulação de interesses entre o poder público local e o capital fundiário-imobiliário-incorporador, reconfigurando a periferia, que assume novos conteúdos.
Alejandro Morcuende e Jean Legroux
Revista Cidades. Data de publicação: 28-11-2023.
A fragmentação socioespacial é, há umas décadas, um processo presente nas cidades latino-americanas. Numerosos propostas giram ao seu redor, fazendo referência, majoritariamente, a uma organização urbana nova, em forma de fragmentos cada vez menos relacionados entre eles. Apesar de ser um debate de grande alcance, tanto a sua definição conceitual quanto a sua empirização, ainda apresentam certas dificuldades. Com o objetivo de contribuir a uma maior precisão explicativa da fragmentação socioespacial, a proposta, aqui, consiste em abordá-la através da vida cotidiana. A hipótese inicial postula que é a partir da cotidianidade que a fragmentação se expressa em toda a sua complexidade. Trata-se, assim, de ir para além dos seus aspectos formais e visíveis. Em termos metodológico, esta proposta toma como caso de estudo a cidade de Marabá (Brasil), em que foi realizado trabalho de campo e diversas entrevistas em profundidade. Analisada através da vida cotidiana, a fragmentação socioespacial emerge, finalmente, em diferentes escalas, em contradições entre as representações e as práticas espaciais, e em relações sociais que contribuem na costura da vida, adicionando detalhes e matizes às suas rupturas.
Marcus Vinicius Mariano de Souza e Elna Nasario de Sousa
OBSERVATORIUM. Data de publicação: 12-10-2023.
Este trabalho tem por objetivo geral, compreender como que continuou a se comportar a produção do espaço urbano da cidade de Marabá-PA após a influência que exerceu o anúncio de instalação do projeto siderúrgico da ALPA no ano de 2008. Através disso, foi buscado analisar como que comportou a dinâmica imobiliária de Marabá a partir de 2014 (pós-ALPA), correlacionando agentes hegemônicos, preço da terra e expansão urbana, para assim avaliar como a dinâmica imobiliária tem influenciado na produção do espaço urbano. A partir da elaboração de um banco de dados sobre os preços da terra urbana, cuja principal fonte foram os anúncios disponibilizados na plataforma OLX no ano de 2019, analisamos a distribuição espacial dos anúncios e elaboramos o mapeamento dos preços, além de correlacionar tais dados com a expansão urbana ocorrida entre 2014 e 2019, bem como com a dinâmica de criação de novos empreendimentos imobiliários. A Com tais informações produzidas, conseguimos observar que há uma tendência de valorização da terra urbana nas áreas já consolidadas da cidade e que os condomínios fechados se destacam como áreas construídas de maior valor, mesmo em área de expansão urbana, produzindo uma periferia com novos conteúdos na cidade, marcada pela seletividade espacial.
Magno Ricardo Silva de Carvalho
Revista Sociedade e Território. Data de publicação: 20-04-2023.
Empresas comerciais buscam ampliar seus lucros, sobretudo, expandindo suas operações no território. No Brasil isso tem ocorrido intensamente nas últimas décadas, alcançando cidades médias e de porte médio. Este artigo objetiva discutir estratégias espaciais de empresas supermercadistas nesse processo de desconcentração espacial. Para tal, além de contribuições teóricas, elegemos para aproximação empírica, o sudeste paraense, especificamente a Região Geográfica Intermediária de Marabá (IBGE, 2017). Realizamos entrevistas com gerentes de supermercados, o que robora o caráter qualitativo da pesquisa. Compreendemos o que os grupos pesaram nas escolhas locacionais, na escala da rede urbana e na escala da cidade. Optam pelas cidades com maior centralidade e influência regional, enquanto no intraurbano, vários fatores são cruciais, estando a maioria relacionados com a acessibilidade.
Territórios de mercado e territórios da exclusão em Marabá - PA: tendência à lógica socioespacial fragmentária?
Bruna Rafaella Covre Vieira e Marcus Vinicius Mariano de Souza
Boletim de Geografia. Data de publicação: 03-04-2023.
Este trabalho busca compreender como a dinâmica urbana recente de Marabá - PA, que passou por grandes transformações, em virtude do anúncio da ALPA e do mercado imobiliário impulsionado pelo PMCMV, proporcionou a criação de territórios de mercado e territórios da exclusão, bem como cotejar pontos de ruptura entre estes territórios que levam à fragmentação socioespacial. Os territórios de mercado podem ser entendidos como áreas da cidade que têm um grande interesse mercadológico que atraiam um público de alto poder aquisitivo. Já os territórios da exclusão são espaços desprovidos de infraestrutura básica, comumente desprezados pelo mercado imobiliário. Esses diferentes territórios aumentam as formas de diferenciações na cidade, que culminam na segregação e na fragmentação socioespacial, que pode ser entendida como uma ruptura entre os diversos grupos sociais. A partir do residencial Ipiranga e da Folha 35, áreas escolhidas para representar os territórios de mercado e os territórios da exclusão, respectivamente, analisamos se existe na cidade uma tendência à lógica espacial fragmentaria.
Magno Ricardo Silva de Carvalho e Iara Rafaela Gomes
Revista Cerrado. Data de publicação: segundo semestre de 2022.
A desconcentração espacial de corporações do setor terciário proporcionou a chegada de grandes superfícies comerciais em espaços urbanos não-metropolitanos. Esta dinâmica favoreceu o estabelecimento de novos espaços privados de consumo em Marabá, cidade média paraense. Fruto de pesquisa, este artigo visa contribuir para uma interpretação das práticas existentes nesta cidade, no que tange às centralidades do seu intraurbano diante da implantação, especialmente, dos supermercados. O percurso metodológico, de maneira geral, consistiu em revisão de literatura sobre temas e processos selecionados para investigação relacionados diretamente com o fenômeno urbano-espacial estudado, bem como de levantamento e análise de dados primários obtidos por meio de entrevistas e formulários aplicados nas saídas dos estabelecimentos supermercadistas. A nosso ver, houve mudanças significativas nas centralidades e, consequentemente, na estruturação da cidade de Marabá. Em linhas gerais, os novos espaços de consumo não apenas efetivaram-se, individualmente, enquanto expressões de centralidade, como suas respectivas presença e atuação, em muito contribuíram para a formação e consolidação de uma nova área central na cidade, localizada ao longo de parte considerável do trecho urbano da Rodovia Transamazônica.
A produção do espaço urbano em Marabá – PA: do Caucho à Alpa
Magno Ricardo Silva de Carvalho e Marcus Vinícius Mariano de Souza
InterEspaço. Data de publicação: 04-04-2021.
Este trabalho tem por objetivo analisar o processo de produção do espaço urbano de Marabá, no sudeste paraense, e sua relação com os diferentes processos políticos e, sobretudo, econômicos que a influenciou desde o início da ocupação, final do século XIX, aos mais recentes acontecimentos que contribuíram de forma mais relevante para a expansão da sua mancha urbana. Para tal, foi realizada uma breve reflexão acerca do tema, bem como uma revisão bibliográfica sobre este processo especificamente em Marabá, utilizando do trabalho de autores que dissertaram sobre a referida cidade e sua região. Foi possível compreender como e em que momento foi criado cada núcleo da cidade, bem como sob quais influências políticas e econômicas, assim como, seus respectivos momentos de expansão mais expressivos.
Anne Karolinne Menezes Martins e Marcus Vinicius Mariano de Souza
Revista Cerrados. Data de publicação: 22-05-2019.
Violência e criminalidade estão se tornando elementos fundamentais para discussão acerca do espaço urbano no Brasil. A cidade de Marabá, assim como as demais cidades brasileiras, carrega em seu arcabouço histórico a materialização da violência em suas diversas faces. Este trabalho tem como objetivo analisar e compreender os elevados índices de homicídios no núcleo Cidade Nova, nos anos de 2014 a 2016. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) o município de Marabá está em 11º no ranking das cidades mais violentas do Brasil, e através de dados oficiais fornecidos pelo Comando de Policiamento Regional II (CPR II) foi possível identificar o crescimento demasiado dos índices de homicídios no núcleo Cidade Nova, visto que a cidade de Marabá é polinucleada contendo cinco núcleos (Marabá Pioneira, Cidade Nova, Nova Marabá, São Félix e Morada Nova), sendo que a Cidade Nova é o local que teve maior crescimento do índice de homicídios. A partir das análises foi possível espacializar a localização das ocorrências, o que mostrou a maior presença de homicídios nos bairros mais periféricos, bem como foi possível delimitar um perfil da violência homicida, correlacionando a espacialização com outras questões, como horário, meio utilizado e perfil das vítimas.
Livros
Amazônia: a região de Carajás (2023)
Maurílio de Abreu Monteiro (Orgs.).
Metodologia de pesquisa em estudos urbanos: procedimentos, instrumentos e operacionalização (2022)
Eda Maria Góes; Evaraldo Santos Melazzo (Orgs.)
A diferenciação socioespacial em cidades brasileiras vem se aprofundando. Aponta para a constituição do processo de fragmentação socioespacial no plano da cidade e do urbano e redefine os sentidos do direito à cidade. A partir desta problematização foi formulado o Projeto Temático Fragmentação socioespacial e urbanização brasileira: escalas, vetores, ritmos, formas e conteúdos (FragUrb), coordenado pela Profa. Dra. Maria Encarnação Beltrão Sposito, aprovado pela Fapesp em 10/2018. Com foco nas cidades de Mossoró/RN, Marabá/PA, Ituiutaba/MG, Ribeirão Preto/SP, Presidente Prudente/SP, Maringá/PR, Dourados/MS, e Chapecó/SC e duas áreas da metrópole paulista: Cidade Tiradentes/SP e Bairro dos Pimentas em Guarulhos, o Projeto foi organizado articuladamente em quatro planos analíticos (1: Centro, centralidade, policentralidade e mobilidade; 2: Práticas espaciais e cotidianos, 3: Espaços públicos e 4: Produção e consumo da habitação), cinco interdependentes dimensões empíricas (habitar, trabalhar, lazer, consumo e mobilidade) e seis frentes metodológicas (1. Grupos focais, 2. Entrevistas com citadinos e agentes bem-informados, 3. Percursos e suas representações [casa trabalho casa, em espaços públicos e diários registrados], 4. Netnografia e análise de redes sociais, 5. Banco de dados e 6. Cartografia). É com o foco na elaboração do trabalho em cada uma destas frentes metodológicas, de maneira articulada àqueles quatro planos analíticos e às cinco dimensões empíricas, que é estruturado este livro, apresentando o fazer da investigação em relação aos desafios de elaborar as mais adequadas perspectivas operacionais, construir instrumentos, aplicá-los e avaliá-los, validando-os ou adaptando-os.
Maria José Martinelli Silva Calixto; Doralice Sátyro Maia e Juçara Spinelli (Orgs.)
Este livro resulta da continuidade de um trabalho coletivo realizado pela Rede de Pesquisadores sobre Cidades Médias (ReCiMe). Reúne um conjunto de ideias construídas a partir de níveis diversos de análise, desenvolvida em cidades médias localizadas em distintos contextos espaciais. O conjunto de textos tem em comum o tema das desigualdades socioespaciais e, devido à dimensão que alcançou em diferentes cidades, toma como objeto o Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV). A obra contempla, de modo geral, duas perspectivas de análise: a dinâmica do mercado imobiliário e a inserção dos empreendimentos produzidos pelo PMCMV, destacando o processo de reestruturação urbana, as desigualdades socioespaciais e o direito à cidade.
Maria José Martinelli Silva Calixto; Sérgio Moreno Redón (Orgs.)
As contribuições aqui reunidas apresentam o resultado de um esforço colaborativo em trazer a público as análises desencadeadas a partir do projeto de pesquisa, financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), denominado O Programa Minha Casa Minha Vida e seus desdobramentos socioespaciais: os novos vetores da produção do espaço em cidades médias brasileiras. O objetivo é promover debates e reflexões sobre os novos vetores de expansão urbana e suas determinantes espaciais em cidades médias, centrando a atenção em cidades pertencentes a diferentes formações socioespaciais: Dourados (Região Centro-Oeste), Ribeirão Preto (Região Sudeste), Chapecó (Região Sul), Marabá (Região Norte) e Campina Grande (Região Nordeste). Nessa perspectiva, este livro revela os diferentes conteúdos da urbanização contemporânea, possibilitando novas pesquisas, novos diálogos e novas reflexões sobre o tema.
Trabalhos completos publicados em anais de eventos
XX ENANPUR (2023)
Magno Ricardo Silva de Carvalho e Iara Rafaela Gomes
A desconcentração espacial de corporações do setor terciário proporcionou a chegada de grandes superfícies comerciais em espaços urbanos não-metropolitanos. Esta dinâmica favoreceu o estabelecimento de novos espaços privados de consumo em Marabá, cidade média paraense. Fruto de pesquisa, este artigo visa contribuir para uma interpretação das práticas existentes nesta cidade, no que tange às centralidades do seu intraurbano diante da implantação, especialmente, dos supermercados. O percurso metodológico, de maneira geral, consistiu em revisão de literatura sobre temas e processos selecionados para investigação relacionados diretamente com o fenômeno urbano-espacial estudado, bem como de levantamento e análise de dados primários obtidos por meio de entrevistas e formulários aplicados nas saídas dos estabelecimentos supermercadistas. A nosso ver, houve mudanças significativas nas centralidades e, consequentemente, na estruturação da cidade de Marabá. Em linhas gerais, os novos espaços de consumo não apenas efetivaram-se, individualmente, enquanto expressões de centralidade, como suas respectivas presença e atuação, em muito contribuíram para a formação e consolidação de uma nova área central na cidade, localizada ao longo de parte considerável do trecho urbano da Rodovia Transamazônica.