Pimentas, Guarulhos-SP
Pimentas, Guarulhos-SP
Artigos
Taís Souza da Cruz e Jean Legroux
Revista Terra Livre. Data de publicação: 02-08-2023.
No urbano, as periferias passam por processos de estigma territorial, associados a outros mecanismos de diferenciação socioespacial. Nesse artigo, trata-se, por um lado, de analisar a construção do estigma territorial do distrito do Pimentas em Guarulhos, através de matérias de jornais e de memes nas redes sociais. Por outro lado, a reflexão consiste em analisar diversos discursos e representações de habitantes de Guarulhos, primeiramente de habitantes que não moram e não conhecem o Pimentas, e que perpetuam o estigma territorial através de uma imagem negativa. No entanto, os habitantes do bairro entrevistados fornecem uma outra visão e desmentem em parte os adjetivos associados ao estigma dos Pimentas: violento, inseguro, pobre. No mesmo sentido, apresentamos os resultados de um Grupo Focal realizado com mulheres moradoras de um conjunto Minha Casa Minha Vida (MCMV) situado no Pimentas, com o objetivo de enfatizar que a diferenciação socioespacial se exerce em todas as escalas.
Fragmentação socioespacial e consumo na periferia de São Paulo
Maria Encarnação Beltrão Sposito
Tlalli. Revista De Investigación En Geografía. Data de publicação: 14-12-2022.
A fragmentação socioespacial é um processo multidimensional e complexo. A polissemia que acompanha a palavra fragmentação, desde a escala internacional, no plano geopolítico, até a escala da cidade, valorizando os aspectos sociais, políticos, econômicos ou culturais, mostra a amplitude do processo, mas, ao mesmo tempo, exige atenção conceitual e metodológica. Neste artigo, analisamos o processo de fragmentação socioespacial no espaço urbano, a partir da perspectiva dos habitantes da periferia, que se estabeleceram e permanecem na ordem espacial do período anterior, o centro-periferia, e enfrentam os desafios de integração e convivência na cidade fragmentada. A base empírica da análise assenta-se em entrevistas realizadas com moradores do bairro de Pimentas, na cidade de Guarulhos, Estado de São Paulo, Brasil. Duas escalas urbanas, a da cidade e a da metrópole, são vistas a partir das escolhas espaciais feitas para o consumo de bens e serviços. A análise contempla as relações entre condição periférica e consumo, entre consumo e centralidade e, por fim, sobre a construção da ideia de centro na periferia.
Livros
Metodologia de pesquisa em estudos urbanos: procedimentos, instrumentos e operacionalização (2022)
Eda Maria Góes; Evaraldo Santos Melazzo (Orgs.)
A diferenciação socioespacial em cidades brasileiras vem se aprofundando. Aponta para a constituição do processo de fragmentação socioespacial no plano da cidade e do urbano e redefine os sentidos do direito à cidade. A partir desta problematização foi formulado o Projeto Temático Fragmentação socioespacial e urbanização brasileira: escalas, vetores, ritmos, formas e conteúdos (FragUrb), coordenado pela Profa. Dra. Maria Encarnação Beltrão Sposito, aprovado pela Fapesp em 10/2018. Com foco nas cidades de Mossoró/RN, Marabá/PA, Ituiutaba/MG, Ribeirão Preto/SP, Presidente Prudente/SP, Maringá/PR, Dourados/MS, e Chapecó/SC e duas áreas da metrópole paulista: Cidade Tiradentes/SP e Bairro dos Pimentas em Guarulhos, o Projeto foi organizado articuladamente em quatro planos analíticos (1: Centro, centralidade, policentralidade e mobilidade; 2: Práticas espaciais e cotidianos, 3: Espaços públicos e 4: Produção e consumo da habitação), cinco interdependentes dimensões empíricas (habitar, trabalhar, lazer, consumo e mobilidade) e seis frentes metodológicas (1. Grupos focais, 2. Entrevistas com citadinos e agentes bem-informados, 3. Percursos e suas representações [casa trabalho casa, em espaços públicos e diários registrados], 4. Netnografia e análise de redes sociais, 5. Banco de dados e 6. Cartografia). É com o foco na elaboração do trabalho em cada uma destas frentes metodológicas, de maneira articulada àqueles quatro planos analíticos e às cinco dimensões empíricas, que é estruturado este livro, apresentando o fazer da investigação em relação aos desafios de elaborar as mais adequadas perspectivas operacionais, construir instrumentos, aplicá-los e avaliá-los, validando-os ou adaptando-os.
Trabalhos completos publicados em anais de eventos
XX ENANPUR (2023)
Este artigo apresenta uma introdução à análise das práticas cotidianas de mobilidade e consumo em dois contextos específicos da periferia da Região Metropolitana de São Paulo: Cidade Tiradentes, na capital paulista, e Pimentas, em Guarulhos. Fruto de uma pesquisa em andamento, este trabalho preliminar recorreu especialmente a um conjunto de entrevistas com citadinos para compreender, dos discursos e experiências destes últimos, os indicativos do processo de fragmentação socioespacial. Em decorrência das precárias condições de mobilidade urbana e da lógica dual centro-periférica, que dirigiu a produção do espaço metropolitano, o apartamento material e simbólico das periferias tornou-se, dialeticamente, propulsor de gradativas alterações e complexificações socioespaciais. Neste sentido, constata-se a redefinição do então padrão monofuncional de cidades-dormitório a partir, por exemplo, da (re)produção de shopping centers, da segmentação do consumo e do estabelecimento progressivo de grandes redes de fast-food, supermercados, farmácias etc. também nas periferias. Consequentemente, os lugares e os tipos de consumo, em maior proximidade com o local de moradia dos citadinos, ganham um progressivo protagonismo na transformação dos espaços de circulação e frequentação nos bairros e distritos periféricos, tais como Cidade Tiradentes e Pimentas.
XXI Semana de Geografia da FCT - UNESP (2021)
Taís Souza Cruz e Jean Legroux
TCCs
As formas de produção e apropriação do espaço, sob o capitalismo, pautam-se fortemente nas desigualdades sociais e econômicas, revelando-se como diferenciação socioespacial de múltiplos matizes. Em sociedades como a brasileira, a produção do espaço urbano reflete de modo ainda mais profundo, as dinâmicas de diferenciação e de desigualdades. Esse cenário resulta em processos como o de estigma territorial que, com a pobreza associada ao avanço da ‘marginalidade’, tende a repercutir em territórios isolados e circunscritos. No caso brasileiro, esses territórios estão associados à periferia das grandes metrópoles que são vistas como áreas pobres e, consequentemente, violentas. O estigma territorial é entendido como um conjunto de conteúdos e discursos de descrédito atributos a um determinado território, que por meio do caráter homogeneizador se constitui como uma forma de violência simbólica, degradando a imagem e as representações do território estigmatizado e de seus moradores. O objetivo dessa monografia é discutir e realizar uma leitura acerca da construção de um conjunto de conteúdos atribuídos ao distrito dos Pimentas, no município de Guarulhos, que contribuíram (ou não) para a estigmatização territorial da área e de seus moradores. Com isso, foram adotados procedimentos metodológicos que fundamentaram a análise do estigma territorial, por meio da realização de trabalhos de campo, do levantamento e análise bibliográfica, da seleção e análise de artigos de jornais do “O Estado de S. Paulo” e de memes pelas páginas “GRU MIL GRAU” e do “GUARUTROLLS”. Além disso, a monografia apoia-se na realização e análise de entrevistas com citadinos dos Pimentas e de outras áreas de Guarulhos e de Grupos Focais, com mulheres de dois conjuntos habitacionais do programa Minha Casa Minha Vida no Pimentas.