Artigos
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Crescimento do espaço urbano nos eixos leste e sul de Poços de Caldas, Minas Gerais
Eduardo de Araujo da Silva
Revista Tocantinense de Geografia. Data de publicação: 22-06-2023.
Este trabalho tem como objetivo fomentar a discussão acerca da segregação socioespacial em cidades médias, tendo como recorte analítico a cidade de Poços de Caldas. Esta é uma cidade média localizada na mesorregião Sul/Sudoeste de Minas, no estado de Minas Gerais. Conhecida por suas belezas paisagísticas e por suas atividades turísticas atreladas às águas termais e ao lazer, ela apresenta reconhecimento nacional. Em seu espaço intraurbano são observadas diferenças e desigualdades socioespaciais, tanto no que diz respeito ao espaço físico quanto ao conteúdo social. A partir da década de 50 do século XX, o território urbano e a população local cresceram expressivamente, devido às mudanças ocorridas na economia local. Dessa forma, a cidade se reorganizou, e foram criados novos setores urbanos nos eixos leste e sul, como a Zona Leste (ocupada a partir da década de 40 do século XX) e a Zona Sul (que começa a ser ocupada durante os anos finais da década de 60 do século XX). Ambos os setores trazem índices socioeconômicos inferiores (quando comparados aos outros setores urbanos), apresentam menos ofertas de comércios e serviços, assim como menos instituições e infraestrutura para lazer. A descontinuidade do tecido urbano, as longas distâncias, as menores ofertas de bens de consumo coletivo e os menores índices socioeconômicos das zonas Leste e Sul apontam para a segregação socioespacial.
Espaços públicos e fragmentação socioespacial, reflexão teórico-empírica sobre o Rio de Janeiro
André Felix de Souza
PatryTer. Data de publicação: 26-07-2022.
Qual a importância dos espaços públicos no contexto das cidades fragmentadas? Para responder a essa pergunta, dividiremos o presente artigo em duas partes: na primeira, com base em uma revisão bibliográfica recente, propomos uma reflexão teórica e empírica sobre as possíveis relações entre os temas da fragmentação socioespacial e dos espaços públicos, tomando a cidade do Rio de Janeiro como exemplo; na segunda parte, à luz de nossos dados empíricos de fonte primária, questionários e entrevistas, propomos uma reflexão sobre a opinião dos frequentadores das três maiores e mais icônicas praças do bairro da Tijuca (RJ) sobre questões ligadas ao tema dos espaços públicos. O artigo conclui que, no contexto das cidades fragmentadas, os espaços públicos cumprem um papel fundamental: a reunião de públicos diversos.
Sociabilidade pública: interação social e espaços públicos
André Felix de Souza
GEOUSP. Data de publicação: 28-04-2022.
O presente artigo tem como tema central de reflexão um fenômeno ainda pouco explorado pela geografia, a sociabilidade pública, isto é, as diferentes formas de interação social que ocorrem nos espaços públicos das cidades. Apesar de pouco estudado pelos geógrafos, disciplinas acadêmicas como a sociologia e a antropologia, por exemplo, parecem cada vez mais engajadas na discussão desse importante e relativamente negligenciado tema, cuja problemática evoca, direta ou indiretamente, as dimensões política, social, econômica, cultural, temporal e espacial da vida pública de nossas cidades. Com o presente estudo, buscamos preencher essa lacuna e oferecer, à luz de um ponto de vista geográfico, novas interpretações acerca da dinâmica socioespacial dos espaços públicos nas cidades contemporâneas.
Fragmentação socioespacial, espaço público e hip hop: as batalhas de MCs em Ribeirão Preto/SP
Rafael Roxo dos Santos e Eda Maria Góes
Caderno de Geografia. Data de publicação: 17-10-2021.
O presente artigo busca analisar a produção e a apropriação de espaços públicos a partir das práticas espaciais de jovens associados ao hip-hop, na cidade de Ribeirão Preto, SP. No contexto de aumento das desigualdades e da diferenciação socioespacial, que implicam novas segmentações e o crescimento das fronteiras materiais e simbólicas no espaço urbano, o uso combinado de espaços públicos centrais e periféricos associado às redes sociais virtuais, relativos às práticas espaciais dos coletivos hip-hop, aparecem como resposta à fragmentação socioespacial no sentido do restabelecimento do direito à cidade. A produção de novas centralidades e a reapropriação da cidade pelo hip-hop indica a formação de microordens no espaço urbano que atribuem novos significados e disputas acerca da relação centro-periférica e ao processo de fragmentação socioespacial em curso nas cidades.
Pablo Martin Bender e Eda Maria Góes
Caderno Prudentino de Geografia. Data de publicação: 19-10-2023.
Se exponen las dialécticas y conflictivas relaciones existentes entre la producción de espacio público y el proceso de fragmentación socioespacial en Chapecó, lo que hacemos investigando la dinámica de sus parques urbanos y áreas verdes, y sus interrelaciones con el capital inmobiliario y la renta diferencial. Analizando las modificaciones introducidas por el Partido del Frente Liberal al Plan Director de 2004, corroboramos la emergencia de nuevos marcos legales, que favorecen la oferta, apropiación y gestión privada de áreas verdes e infraestructura de recreación. Las prácticas de ocio y esparcimiento observadas en el Ecoparque, se realizan a través de una lógica espacio-temporal que hemos denominado “temporalidades diferenciadas”. Actividades como las desarrolladas por la “Asociación de amigos del Parque Alberto Fin”, quienes se organizan para llevar a cabo la manutención y otras tareas comunitarias, pueden ser consideradas una forma de resistencia al proceso de fragmentación socioespacial. La dimensión jurídica del espacio público y las prácticas en él realizadas, continúan siendo un obstáculo para el avance de su privatización total.
Livros
Metodologia de pesquisa em estudos urbanos: procedimentos, instrumentos e operacionalização (2022)
Eda Maria Góes; Evaraldo Santos Melazzo (Orgs.)
A diferenciação socioespacial em cidades brasileiras vem se aprofundando. Aponta para a constituição do processo de fragmentação socioespacial no plano da cidade e do urbano e redefine os sentidos do direito à cidade. A partir desta problematização foi formulado o Projeto Temático Fragmentação socioespacial e urbanização brasileira: escalas, vetores, ritmos, formas e conteúdos (FragUrb), coordenado pela Profa. Dra. Maria Encarnação Beltrão Sposito, aprovado pela Fapesp em 10/2018. Com foco nas cidades de Mossoró/RN, Marabá/PA, Ituiutaba/MG, Ribeirão Preto/SP, Presidente Prudente/SP, Maringá/PR, Dourados/MS, e Chapecó/SC e duas áreas da metrópole paulista: Cidade Tiradentes/SP e Bairro dos Pimentas em Guarulhos, o Projeto foi organizado articuladamente em quatro planos analíticos (1: Centro, centralidade, policentralidade e mobilidade; 2: Práticas espaciais e cotidianos, 3: Espaços públicos e 4: Produção e consumo da habitação), cinco interdependentes dimensões empíricas (habitar, trabalhar, lazer, consumo e mobilidade) e seis frentes metodológicas (1. Grupos focais, 2. Entrevistas com citadinos e agentes bem-informados, 3. Percursos e suas representações [casa trabalho casa, em espaços públicos e diários registrados], 4. Netnografia e análise de redes sociais, 5. Banco de dados e 6. Cartografia). É com o foco na elaboração do trabalho em cada uma destas frentes metodológicas, de maneira articulada àqueles quatro planos analíticos e às cinco dimensões empíricas, que é estruturado este livro, apresentando o fazer da investigação em relação aos desafios de elaborar as mais adequadas perspectivas operacionais, construir instrumentos, aplicá-los e avaliá-los, validando-os ou adaptando-os.
Geografias da noite: exemplos de pesquisas no Brasil (2021)
Nécio Turra Neto (Orgs.)
A noite na cidade ainda é um objeto de estudo em construção para a geografia brasileira. Pesquisas sobre as práticas espaciais que são próprias da vida noturna, das tensões e dos conflitos que à noite se tornam explícitos ou que aparecem de forma latente, podem nos revelar, por um outro viés, os modos como se relacionam (e são constantemente reproduzidas) as desigualdades e as diferenças nas cidades brasileiras, as maneiras como identidades socioculturais são acionadas, performadas, instituídas e negociadas. O conjunto de textos que compõem este livro traz um pequeno panorama das possibilidades de incorporação do tema da noite na cidade ou da cidade à noite. Ao mesmo tempo, evidencia um campo em aberto, seja para considerarmos velhos temas em sua especificidade de acontecer durante a noite, seja para abordarmos aquilo que de fato só ganha condições de possibilidade neste tempo social.
Trabalhos completos publicados em anais de eventos
XXII Semana de Geografia da FCT - UNESP (2022)
Bruno Vicente dos Passos, Bruna Ribeiro Correa, Eduardo Nardez e Renata Cristina Rizzon
O ingresso à universidade é um período de adaptação na vida dos estudantes, um momento de transição para a vida adulta em muitos casos associada às novas responsabilidades da vida acadêmica e/ou autonomia com a saída da casa dos responsáveis. Nisso, surgem novas práticas socioespaciais que são construídas por meio das redes de sociabilidade estruturadas a partir do ambiente e pelos sujeitos. Nesse sentido, o trabalho visa discutir as práticas cotidianas dos estudantes de Geografia da Faculdade de Ciências e Tecnologia de Presidente Prudente (Unesp), buscando compreender as mudanças nas relações socioespaciais decorrentes do isolamento social provocado pela pandemia da Covid-19. Verificamos de que maneira os estudantes estão equilibrando seu tempo e espaço para as práticas de estudos e lazer. Por isso, a pesquisa contou com levantamentos bibliográficos, aplicação de questionários (Google Forms), entrevista com os estudantes, organização e sistematização dos dados e informações em representações cartográficas e infográficas. Os resultados mostram como ocorreram as mudanças entre as práticas espaciais no que compete ao estudo, trabalho e o lazer, especialmente em função da restrição ao ambiente doméstico.
TCCs
Juventude do campo e o direito à cidade
Shara Brunetto
A urbanização no século XX se estendeu pelo Brasil, através da industrialização de grandes centros, porém esse processo não se limitou às cidades, estendendo-se até o campo. O processo de urbanização do campo na região de Chapecó vem desde meados de 1950, passando pela modernização do campo através de máquinas agrícolas, chegando no fim do século XX e início do XXI com mudanças que vão além dos meios de produção, são mudanças no modo de vida dos moradores do campo. Para compreender esse processo, pretende-se analisar o direito à cidade na perspectiva das juventudes do campo especialmente no que tange às relações que ela estabelece com a cidade em termos de lazer, pertencimento/conexão e consumo. Para atingir esse objetivo, para além do debate teórico, foram realizadas entrevistas de forma online com a pretensão de evidenciar aspectos do cotidiano dos jovens do campo, bem como suas práticas espaciais realizadas entre a cidade e o campo. Portanto, a urbanização do campo, aqui em evidência, vai além da modernização dos modos de produção, passa por uma transformação do modo de vida camponês, para uma apropriação do modo de vida urbano e é de extrema relevância para entender o contexto dos jovens no campo atualmente, marcado por uma variedade de práticas e formas de apropriação dos espaços.