Artigos
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Mobilidade cotidiana fragmentada: análises a partir dos percursos urbanos em Ribeirão Preto/SP
Felipe César Augusto Silgueiro dos Santos
OBSERVATORIUM. Data de publicação: 12-10-2023.
As cidades contemporâneas demandam uma série de reflexões, instrumentos e indagações a partir do espaço urbano que vem sendo produzido. Tal reflexão se baseia na perspectiva de que o processo de fragmentação socioespacial é condicionante neste processo indicado. Observamos que as cidades médias possuem elementos estruturais de uma base analítica que demanda pensamento constante, isso por conta da pluralidade de interações socioeconômicas que estão sendo observadas nelas. A partir disso, propomos entender a mobilidade, aqui na sua dimensão cotidiana, como dimensão para observar que cidade média está sendo produzida e de que forma ela tem afetado o dia a dia da população, neste caso a periférica. Para isso, nos valeremos de uma metodologia denominada de “percurso urbano” para entender como o “ir e vir” desta população tem sido afetada pelas dinâmicas intraurbanas. De antemão, indicamos observar e perceber que a fragmentação socioespacial tem sido elemento fundante e estruturante dos apontamentos realizados e que é preciso criar políticas públicas que tragam a população citadina para o centro do debate.
Alexandre Antônio Abate
Revista Formação. Data de publicação: 26-09-2023.
O objetivo deste artigo é apresentar uma discussão metodológica sobre a Netnografia, a partir da nossa experiência de pesquisa no Mestrado Acadêmico em Geografia, além dos resultados provenientes da utilização dessa ferramenta metodológica para o estudo da mobilidade e da acessibilidade urbanas de citadinos que habitam o Conjunto Habitacional "Cristo Redentor", situado na periferia de Ribeirão Preto - SP. Dentre os resultados obtidos, destacamos que os problemas concernentes aos deslocamentos cotidianos estão presentes para todos os citadinos que se envolveram na investigação, independentemente do modal de deslocamento utilizado - automóvel, motocicleta ou transporte público. Além disso, a pesquisa revelou que há indicativos claros de problemas de mobilidade e de acessibilidade urbanas para a parcela dos citadinos residente nesse conjunto habitacional que necessita da utilização do transporte público, o que nos leva à ideia de mobilidade urbana excludente e precária.
The urban system, centralities and the use of urban space in middle cities
Eliseu Savério Sposito
Revista Formação. Data de publicação: 14-04-2023.
Este texto está estruturado em três partes. Na primeira, apresentamos uma discussão sobre o conceito de centro e seu papel para o comércio varejista. A seguir, discutimos aformação de subcentros definindo novas centralidades para mostrar como a cidade se reestrutura em resposta às mudanças em diferentes escalas. A redefinição na localização do commercial e a atuação em outras áreas que não o centro da cidade permite a formação de novos centros e, consequentemente, a projeção de seus papeis como novas centralidades. Por fim, o deslocamento das pessoas em suas ações de consumo mostra como a mobilidade se apresenta no espaço urbano. Escolhemos, como estudos de caso, as cidades de Presidente Prudente, Ribeirão Preto e Marília, cada uma com suas especificidades que condicionam e são produto das novas relações das pessoas nas suas escolhas de consume. Como resultado parcial, demonstramos o seguinte: 1) O consumo é condicionado pela classe social a que o indivíduo pertence; 2) a mobilidade urbana (independente dos meios de transporte) configura as novas centralidades e modifica o papel do centro principal da cidade; 3) a cidade se reestrutura devido às localizações que diferem de acordo com o poder de compra das pessoas. Do ponto de vista metodológico, as informações foram obtidas de forma indireta e direta por meio de observação de campo, questionários e entrevistas com diferentes grupos de pessoas. Como forma de visualizar as características específicas das cidades, utilizamos a represntação cartográfica.
Mobilidade Cotidiana na cidade fragmentada: o caso de Ribeirão Preto
Eliseu Savério Sposito, Vanessa de Moura Lacerda Teixeira e Késia Anastácio Alves da Silva
Revista Cidades. Data de publicação: 21-12-2022.
Tomando, como espaço urbano, a cidade de Ribeirão Preto, propomos uma análise da mobilidade quotidiana e das características da acessibilidade no que chamamos de cidade fragmentada. Para tanto, articulando o singular e o universal, estabelecemos as bases teóricas para mostrar como se dá a mobilidade na cidade, demonstrando sua estruturação urbana e seu papel na rede urbana brasileira. A base de dados do Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas foi importante para conformar a multicentralidade urbana, elemento metodológico ao qual se somaram outros igualmente importantes, como as entrevistas e as enquetes aplicadas segundo critérios pré-estabelecidos, e dados sobre as características dos entornos dos imóveis e a renda média das famílias, valorizando-se o mapeamento dos elementos estudados. Os resultados, abordados a partir da voz dos entrevistados, mostram a dinâmica da mobilidade urbana em Ribeirão Preto nas diferentes partes que estruturam a cidade. Nas conclusões, mostramos como a combinação entre os diferentes elementos estudados espelham a dinâmica urbana em termos de diferenciação socioespacial.
Marcia Cardim de Carvalho e Everaldo Santos Melazzo
GEOgraphia. Data de publicação: 30-03-2022.
O objetivo deste artigo é compreender como a política habitacional repercute na estruturação do espaço urbano através da mobilidade residencial intraurbana promovida pelo Programa Minha Casa Minha Vida Faixa 1, em duas escalas geográficas: a da cidade como um todo e em áreas específicas com características socioeconômicas homogêneas. A pesquisa foi elaborada no contexto histórico-geográfico da cidade de Presidente Prudente, estado de São Paulo, a partir da análise da trajetória residencial produzida pelo PMCMV Faixa 1, através da verificação das mudanças ocorridas nos domicílios de procedência dos beneficiários. Parte-se do princípio de que a mobilidade residencial não necessariamente modifica a estruturação do espaço, senão que pode fortalecer a divisão social do espaço urbano desigual e hierarquizado. Evidenciou-se, assim, que o PMCMV possui e exerce a capacidade de ratificar o processo já existente de diferenciação socioespacial, em vez de ser um mecanismo que interceda diminuindo tal processo na cidade.
Jean Legroux
GEOgraphia. Data de publicação: 19-07-2021.
O presente artigo pretende demostrar a relevância de um conceito amplo de mobilidade cotidiana para o estudo dos processos de fragmentação socioespacial no contexto urbano. Para este propósito, a ideia lefebvriana de triplicidade do espaço permite propor uma visão ampla da mobilidade cotidiana, desde as estruturas e infraestruturas e modelos de mobilidade, até as práticas individuais, que se articulam com a análise dos processos de fragmentação socioespacial. A mobilidade, instrumento de fragmentação, de alienação e de exclusão, pode também revelar seu potencial de resistência contra o poder hegemônico. A partir de um conjunto de dados coletados, de experiências e pesquisas realizadas ao longo de dez anos no tema da mobilidade, a presente proposta trará principalmente o contexto brasileiro para sustentar o argumento principal.
Fragmentação socioespacial, mobilidade urbana e cotidiano na Bahia, Brasil
Rizia Mendes Mares e Arthur Magon Whitacker
Papeles de Conyutura. Data de publicação: 23-09-2020.
Con el presente texto, reflexionamos sobre la producción de una ciudad fragmentada, basada en dimensiones que nos permitieron analizar cambios en las prácticas espaciales de la ciudad asociadas con la difusión de nuevas formas espaciales de consumo específicas de cada forma. Esta reorientación de las prácticas espaciales expresa una lógica creativa de acciones que limitan el acceso de los sujetos sociales a espacios para la realización de la vida colectiva y producen diferentes modos en su uso, al tiempo que expanden los espacios marcados por una separación espacial y social. Por lo tanto, consideramos que la movilidad urbana asociada con la accesibilidad urbana son claves analíticas para esta diferenciación en usos con una fuerte implicación en la sociabilidad urbana, ya que las distancias espaciales establecen barreras físicas que aseguran el distanciamiento social y la evitación de los otros. Por lo tanto, analizar los procesos socioespaciales a la luz de la movilidad urbana y la accesibilidad puede mostrar matices de un cambio en la propia lógica de producción de la ciudad. Por lo tanto, nos permite pensar en una agenda de investigación que avanza en identificar la fragmentación socioespacial que se evidencia a través de las prácticas espaciales que denuncian la negación del encuentro y la centralidad misma como una condición urbana. La investigación se desarrolló a partir de encuestas realizadas en la ciudad de Bahia da Vitória da Conquista sobre los pares movilidad-accesibilidad. Los principales resultados apuntan a una ciudad rodeada de las prácticas de los habitantes de la ciudad, quienes la usan de forma apropiada, lo que señala una posible imagen de fragmentación socioespacial.
Livros
Metodologia de pesquisa em estudos urbanos: procedimentos, instrumentos e operacionalização (2022)
Eda Maria Góes; Evaraldo Santos Melazzo (Orgs.)
A diferenciação socioespacial em cidades brasileiras vem se aprofundando. Aponta para a constituição do processo de fragmentação socioespacial no plano da cidade e do urbano e redefine os sentidos do direito à cidade. A partir desta problematização foi formulado o Projeto Temático Fragmentação socioespacial e urbanização brasileira: escalas, vetores, ritmos, formas e conteúdos (FragUrb), coordenado pela Profa. Dra. Maria Encarnação Beltrão Sposito, aprovado pela Fapesp em 10/2018. Com foco nas cidades de Mossoró/RN, Marabá/PA, Ituiutaba/MG, Ribeirão Preto/SP, Presidente Prudente/SP, Maringá/PR, Dourados/MS, e Chapecó/SC e duas áreas da metrópole paulista: Cidade Tiradentes/SP e Bairro dos Pimentas em Guarulhos, o Projeto foi organizado articuladamente em quatro planos analíticos (1: Centro, centralidade, policentralidade e mobilidade; 2: Práticas espaciais e cotidianos, 3: Espaços públicos e 4: Produção e consumo da habitação), cinco interdependentes dimensões empíricas (habitar, trabalhar, lazer, consumo e mobilidade) e seis frentes metodológicas (1. Grupos focais, 2. Entrevistas com citadinos e agentes bem-informados, 3. Percursos e suas representações [casa trabalho casa, em espaços públicos e diários registrados], 4. Netnografia e análise de redes sociais, 5. Banco de dados e 6. Cartografia). É com o foco na elaboração do trabalho em cada uma destas frentes metodológicas, de maneira articulada àqueles quatro planos analíticos e às cinco dimensões empíricas, que é estruturado este livro, apresentando o fazer da investigação em relação aos desafios de elaborar as mais adequadas perspectivas operacionais, construir instrumentos, aplicá-los e avaliá-los, validando-os ou adaptando-os.
Trabalhos completos publicados em anais de eventos
XX ENANPUR (2023)
Este artigo apresenta uma introdução à análise das práticas cotidianas de mobilidade e consumo em dois contextos específicos da periferia da Região Metropolitana de São Paulo: Cidade Tiradentes, na capital paulista, e Pimentas, em Guarulhos. Fruto de uma pesquisa em andamento, este trabalho preliminar recorreu especialmente a um conjunto de entrevistas com citadinos para compreender, dos discursos e experiências destes últimos, os indicativos do processo de fragmentação socioespacial. Em decorrência das precárias condições de mobilidade urbana e da lógica dual centro-periférica, que dirigiu a produção do espaço metropolitano, o apartamento material e simbólico das periferias tornou-se, dialeticamente, propulsor de gradativas alterações e complexificações socioespaciais. Neste sentido, constata-se a redefinição do então padrão monofuncional de cidades-dormitório a partir, por exemplo, da (re)produção de shopping centers, da segmentação do consumo e do estabelecimento progressivo de grandes redes de fast-food, supermercados, farmácias etc. também nas periferias. Consequentemente, os lugares e os tipos de consumo, em maior proximidade com o local de moradia dos citadinos, ganham um progressivo protagonismo na transformação dos espaços de circulação e frequentação nos bairros e distritos periféricos, tais como Cidade Tiradentes e Pimentas.
VI SINAPEQ (2022)
Edmilson Batista Santana, Maria José Martinelli Silva Calixto e Talita Pádua Dias da Silva
XVII SIMPURB (2022)
A desigualdade socioespacial é uma característica da cidade contemporânea. Citadinos são expostos diariamente à realidade urbana marcada pela injustiça espacial, onde, de um lado, observam-se milhares de trabalhadoras e trabalhadores sem acesso à habitação, consumo, mobilidade e lazeres dignos, do outro, vê-se uma quantidade reduzida de sujeitos possuindo elevadas condições de uso, apropriação e dominação da/na cidade. O objetivo deste trabalho é investigar as desigualdades socioespaciais de Poços de Caldas (MG). Evidenciou-se que a cidade foi produzida por diferentes agentes sociais, cada qual com seus interesses, necessidades e condições, conformando numa cidade com notada diferenciação socioespacial, expressa na justaposição de áreas de distintas funções, formas, estruturas e conteúdos. As desigualdades sociais e espaciais são percebidas pelos moradores da cidade.
A condição de mobilidade no cotidiano periférico na cidade de São Paulo - SP
Karina Malachias Domingos dos Santos
Com este texto temos como objetivo refletir analiticamente sobre a mobilidade como componente da produção do espaço e dimensão do cotidiano. Pela leitura da Cidade, desde o processo de fragmentação socioespacial, compreendemos como múltiplas facetas do cotidiano podem ser desveladas pelo que Mares e Whitacker (2019) definiram como condição de mobilidade. Essa discussão é feita desde a periferia da metrópole de São Paulo, analisando-se a mobilidade urbana, os deslocamentos e os percursos urbanos de sujeitos moradores dos distritos de São Mateus e Cidade Tiradentes, localizados na Zona Leste da Cidade de São Paulo. A metodologia empregada consiste em entrevistas semiestruturadas e em percursos acompanhados de sujeitos-tipo pré-definidos.
XXII Semana de Geografia da FCT - UNESP (2022)
Felipe César Augusto Silgueiro dos Santos
Compreender as cidades contemporâneas demanda uma série de reflexões, instrumentos e indagações acerca do espaço urbano que é construído. Temos observado que, nas cidades médias, cada vez mais elementos surgem como constitutivos de uma base analítica que demanda pensamento constante, isso por conta da pluralidade de interações socioeconômicas que estão sendo observadas nelas. Diante de tal assertiva, nos propomos a entender a mobilidade, aqui na sua dimensão cotidiana, como elemento para observar que cidade média está sendo produzida e de que forma ela tem afetado o dia a dia da população, neste caso a periférica. Para isso, nos valeremos de uma metodologia denominada de “percurso urbano” para entender como o “ir e vir” desta população tem sido afetada pelas muitas dinâmicas intraurbanas. De antemão, indicamos observar e perceber que a fragmentação socioespacial tem sido elemento fundante e estruturante dos apontamentos realizados e que é preciso criar políticas públicas que tragam a população citadina para o centro do debate.
II Simpósio de Pós-Graduação do Sul do Brasil (2022)
Felipe César Augusto Silgueiro dos Santos
As cidades médias brasileiras têm sido foco de estudos e investigações pela representatividade que possuem na dinâmica urbana nacional. Deste modo, compreendê-las a partir de processos como o de fragmentação socioespacial se configura como mais uma potencialidade de evidenciar como elas ainda possuem relevância no que se refere ao dinamismo e importância para os estudos urbanos brasileiros. Diante disso, nossa proposta é compreender como as relações de mobilidade cotidiana de citadinas e citadinos residentes em conjuntos habitacionais da faixa 01 do Programa “Minha Casa, Minha Vida” são afetadas e afetados pelo processo mencionado. Mediante uma metodologia conhecida como “percursos urbanos” buscamos trazer problemáticas que possibilitem compreender como a vida urbana dessa população residente na Zona Norte de Ribeirão Preto/SP tem sido afetada por este processo que por nós está presente na dinâmica urbana desta. Construímos tal assertiva ao verificar o percurso urbano acompanhado de uma colaboradora, que dispende tempo e dinheiro para poder realizar suas atividades de trabalho e em um sistema urbano de transporte coletivo ineficiente, que afeta o cotidiano e a vida urbana de citadinas e citadinos da área de pesquisa indicada.
Teses
Andar na cidade: a condição socioespacial da vida urbana em Ribeirão Preto/SP
Felipe César Augusto Silgueiro dos Santos
As cidades médias brasileiras ganharam destaque em pesquisas das últimas décadas dada mudanças decorrentes da expansão territorial de seu tecido urbano, do aumento da população conforme observado em IBGE (2000 e 2010) e da consolidação de seus papéis e funções multi e interescalares. Num movimento dialético destacam-se lógicas e dinâmicas econômicas - comércio e serviços, principalmente, e atividades logísticas e da indústria também. Neste cenário há inserção de políticas como a de habitação e de equipamentos públicos. Destacamos o Programa “Minha Casa, Minha Vida” (PMCMV) e sua produção habitacional na malha urbana de algumas cidades médias, com a presença de quantidade significativa de moradias que permitiu o acesso à casa própria, ao mesmo tempo em que se reproduziu e ampliou a desigualdade socioespacial em cidades médias. Além disso, os padrões de mobilidade urbana cujo projeto insiste em seguir a configuração de cidade centro-periférica, apenas levam-nos a questionar os paradigmas centro-periferia sob a leitura da fragmentação socioespacial. Por isso, esta tese tem por objetivo compreender os percursos urbanos em conjuntos habitacionais do Programa “Minha Casa, Minha Vida” (PMCMV) no que tange a relação com outras áreas da cidade de Ribeirão Preto/SP, tomando, principalmente, os procedimentos metodológicos que, além dos percursos destas e destes citadinos que foram viver em conjuntos habitacionais, principalmente em relação aos percursos casa-trabalho-casa, também se estruturou em leituras, trabalhos de campos e coleta de dados que contribuíram para os apontamentos aqui trazidos. Aferimos que, além de uma nova compreensão da relação centro-centralidade para um processo de fragmentação socioespacial indicamos que os acessos mediante a mobilidade de citadinas e citadinos se transiciona para duas concepções teóricas que explicam o distanciamento da sociedade citadina com o direito à cidade.
Para além da lógica centro-periférica que caracterizou a estruturação dos centros urbanos no Brasil sobretudo a partir de meados do século XX, vimos identificando outras lógicas que complexificam a estruturação dos seus espaços, marcadas pelo aprofundamento das desigualdades socioespaciais. Nesse contexto, buscamos compreender a passagem da lógica socioespacial predominantemente centro-periférica para a lógica socioespacial fragmentária, tendo como dimensão empírica a mobilidade socioespacial dos sujeitos nas cidades de Campo Grande e Dourados no Mato Grosso do Sul. Para tanto, utilizamos diferentes procedimentos metodológicos: revisão bibliográfica, trabalhos de campo, pesquisa documental em acervos históricos, mapeamento, dentre outros. Destacamos que além de uma análise sobre as duas cidades, desenvolvemos uma metodologia sobre a compreensão contemporânea da cidade utilizando recursos audiovisuais por meio de drone e câmera de ação articulados aos percursos acompanhados realizados com os sujeitos com foco na captação do movimento e de seus conteúdos em suas mobilidades socioespaciais.
Dissertações
No Brasil, as maiores e mais complexas cidades, como as metrópoles, e as cidades médias, apresentam um aprofundamento da diferenciação socioespacial que aponta para a constituição da fragmentação socioespacial. Esse processo decorre, dentre outros elementos, de as cidades brasileiras estarem submetidas às lógicas perversas da reprodução ampliada e infinita do capital e aos ditames do neoliberalismo, fazendo com que o espaço urbano, cada vez mais, torne-se mercadoria, alterando, dessa forma, os princípios e os sentidos do direito à cidade. Buscou-se compreender, por meio da análise das práticas espaciais de citadinos de baixo poder aquisitivo e moradores da periferia, como a lógica socioespacial fragmentária estrutura-se e se consolida, em oposição aos pressupostos do direito à cidade.
Transporte público, cidades e justiça espacial: explorações geográficas na região de Chapecó
João Henrique Zoheler Lemos
As condições de oferta, abrangência e qualidade do transporte coletivo de passageiros demarcam uma importante variável para a análise da urbanização contemporânea e as suas especificidades locais e regionais. Sua existência ou ausência repercute em impactos sociais e territoriais que, ao serem problematizados na escala da rede urbana, possibilitam a identificação de contextos espacialmente injustos, que se tornam barreiras para a integração territorial e o desenvolvimento das interações espaciais. Essas considerações compõem as preocupações centrais da pesquisa que resultou nesta dissertação, a qual teve como objetivo central investigar as condições diferenciadas de acessibilidade e mobilidade na Região Geográfica Imediata de Chapecó, em Santa Catarina, considerando-se o transporte rodoviário intermunicipal de passageiros como elemento central de análise. Situada no contexto regional influenciado pela cidade média de Chapecó, importante centro urbano da região Sul do Brasil, a pesquisa explorou as condições de transporte coletivo regular entre essa cidade de papéis regionais importantes e as outras 31 cidades pequenas situadas no seu entorno imediato. Partiu-se da constatação inicial de que o meio de transporte analisado não tem uma oferta e distribuição em situações justas no recorte territorial proposto, situação que resulta na relativa inacessibilidade entre as cidades ali situadas. O quadro teórico mobilizado possibilitou que o processo de formação dos serviços de transporte de passageiros fosse compreendido, sobretudo, à luz da formação socioespacial brasileira e suas particularidades regionais. Com base em uma metodologia simultaneamente qualitativa e quantitativa, a pesquisa foi construída a partir da revisão bibliográfica teórica e temática sobre o tema central e os assuntos correlatos, a realização de trabalhos de campo no plano empírico delimitado, a sistematização e análise de dados quantitativos sobre o transporte intermunicipal de passageiros operado em Santa Catarina e, por fim, a elaboração de mapas temáticos para a representação das informações obtidas. A pesquisa atestou que o transporte rodoviário de passageiros é central para a estruturação da acessibilidade na escala urbano-regional, especialmente diante das condições geo-históricas do território brasileiro. Das principais conclusões obtidas, destaca-se, primeiramente, que a justiça espacial na escala urbano-regional possibilita um importante debate para as realidades não metropolitanas brasileiras, pois incorpora a preocupação de se aventar uma cidadania de feições regionais, que sirva de caminho teórico para os estudos geográficos. Num segundo momento, especificamente acerca do objeto central da pesquisa, concluiu-se que o transporte rodoviário de passageiros catarinense, atividade responsável pela oferta de viagens entre as cidades na região de Chapecó, é operado em condições precárias, não recebe a adequada atenção por parte do órgão público responsável pela fiscalização, sofre com usos privatistas por parte de grandes agentes econômicos e, por fim, demanda uma ampla reestruturação do seu marco regulatório. É evocado o papel do Estado enquanto ente planejador central, tendo na sua atuação um papel indispensável para a qualificação das atividades e serviços públicos que concretizam a integração territorial em várias escalas, como a efetivada pelo transporte público operado no modal rodoviário.
TCCs
Pedro Henrique Flausino de Oliveira
Dois dos requisitos para haver um contundente desenvolvimento socioeconômico de uma região são: mobilidade e acessibilidade urbana. As temáticas de mobilidade e acessibilidade urbana vão além do interesse de alguns grupos, ao contrário, essas questões influenciam na qualidade de vida e na garantia ou não do direito à cidade a todos os habitantes. Neste sentido, este trabalho busca debater questões pertinentes aos âmbitos da Geografia Urbana, do planejamento urbano, caracteristicamente sobre mobilidade e acessibilidade de espaços públicos situados em perímetro urbano. Deste modo, a pesquisa parte da caracterização da cidade de Ourinhos, um centro urbano de porte médio do estado de São Paulo, como também buscou-se analisar a acessibilidade e mobilidade de espaços públicos do município referido a partir de entrevistas semiestruturadas feitas com os citadinos nas praças Mello Peixoto e Praça dos Burgueses. Entre os resultados da pesquisa constam: contribuir para o debate do tema e para iniciativas de planejamento urbano, considerando o escopo dos levantamentos bibliográficos e documentais.